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realização de exames auxiliares de diagnóstico, opinião de especialista,

intervenção técnica ou hospitalização, entre outros.

Desde o fim da década de oitenta que não é fácil localizar evidência empírica

sobre o que estão a fazer este tipo de hospitais e se alguma vez fizeram o que

normativamente está designado como o que seria o seu papel e função.

Finalidade e objectivos

Esta tese tem como finalidade melhorar a compreensão do contributo dos

hospitais de primeira referência para o desenvolvimento do sistema de saúde

moçambicano e para a fundamentação da organização do sistema de saúde

com base no distrito de saúde/sistema local de saúde.

A tese foi desenhada para atingir os seguintes objectivos: 1. Descrever

empiricamente o perfil do hospital de primeira referência Moçambicano e sua

evolução desde a independência; 2. Descrever empiricamente o perfil do

distrito de saúde Moçambicano; 3. Descrever o papel e a função esperada do

hospital de primeira referência na estratégia de saúde de Moçambique e sua

evolução desde a independência; 4. Identificar a diferença entre a função

planeada e a função observada nos hospitais em estudo, nomeadamente no

que concerne ao seu papel no distrito de saúde moçambicano; 5. Caracterizar

a evolução dos hospitais de primeira referência na África subsaariana.

Métodos

Para alcançar a finalidade e objectivo enunciados desenhou-se um estudo

explicativo sequencial em que há quatro sub-estudos: • Hospitais de primeira

referência na África subsaariana: revisão sistemática de literatura; • O hospital

de primeira referência no sistema de saúde moçambicano: revisão de literatura;

• Hospitais de primeira referência em Moçambique: estudo descritivo

transversal; • A evolução dos hospitais de primeira referência em Moçambique

desde a independência: entrevistas a políticos responsáveis.

Resultados

O distrito de saúde em Moçambique caracterizou-se, em 2001, por escassez

de oferta de cuidados hospitalares, heterogeneidade de modelos

organizacionais, de referenciação de doentes, de formas de organizar o

financiamento, do quadro de recursos humanos e da distribuição de

medicamentos.

Em 2001, os 31 hospitais de primeira referencia (HPR), em Moçambique,

serviam, 250.000 habitantes, tinham cerca de uma centena de camas, um

médico, um técnico de cirurgia, bloco operatório, enfermarias de medicina,

pediatria, cirurgia e obstetrícia/ginecologia, e escassa capacidade de realização

de exames de imagem e de laboratório. Realizavam a sua missão num

contexto de escassez de recursos. A comparação dos dados de Moçambique

com os disponíveis a nível africano revela, para Moçambique, menos recursos

e mais população sob responsabilidade. O papel e funções definidoras do

HPR, no distrito de saúde em Moçambique são: i) a prestação de cuidados de

saúde (Cirurgia de urgência; Valências de medicina, cirurgia, pediatria e

obstetrícia-ginecologia; exames complementares de diagnóstico e serviços de

apoio: exames de imagem, laboratório, transfusão de sangue; actividades

preventivas, não sendo esta função consensual); ii) Supervisão; iii) Formação e

iv) Referência.

Os HPR são o nível mais negligenciado dos cuidados de saúde em

Moçambique. Apesar da contínua presença de objectivos de desenvolvimento

dos HPR nos documentos de planeamento, os HPR, basicamente, reabilitados,

são praticamente os mesmos desde a independência. Já em relação à sua

actividade, ao número de profissionais e à sua qualificação (número de

médicos e técnicos de cirurgia), parece ter havido uma evolução favorável.