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Estes resultados evidenciam a importância da caracterização da variação
genética e das relações evolutivas entre os membros do complexo
Cx. pipiens
para entender o seu potencial como vectores de doenças. Também abrem
novas perspectivas para a investigação da ecologia e evolução deste complexo
de espécies com importância médica.
CODICES, Vera Alexandra da Rosa (2012) Infecção por
Cryptosporidium parvum
: resposta imunitária e tecnológica de
anticorpos monoclonais para o diagnóstico, Dissertação de
Doutoramento no ramo de Ciências Biomédicas, especialidade de
Parasitologia. IHMT. Lisboa.
Cryptosporidium parvum
é um protozoário intracelular, de distribuição
ubiquitária, que causa enterite em humanos e animais. A diarreia é autolimitada
em indivíduos imunocompetentes, podendo ser fatal em imunocomprometidos.
Actualmente não existem terapêuticas específicas ou preventivas disponíveis, e
o elevado custo dos actuais métodos de diagnóstico, sustentam a importância
do desenvolvimento de novas abordagens.
Vários estudos salientam a importância das células T CD4+ na resposta
imunitária à infecção por
C. parvum
; outros direccionam a sua atenção para as
células reguladoras (Treg); e outros tentam esclarecer qual o papel das
citocinas específicas produzidas pelas células Th1 e Th2, na regulação da
resposta imune, acompanhada pela produção de imunoglobulinas particulares.
Na área do diagnóstico, vários e diferentes métodos têm sido utilizados,
variando entre a rapidez de execução, especificidade e custo. Várias questões
colocam-se, relacionadas com as características das células envolvidas na
resposta à infecção e com a especificidade/sensibilidade de cada técnica.
Com o objectivo de estudar a resposta imunitária de longo-termo à infecção por
C. parvum
, no modelo animal imunocompetente, murganhos Balb/c foram
inoculados por via oral com oocistos de
C. parvum
, e efectivadas colheitas e
análise de amostras fecais, intestino, sangue e baço, segundo um protocolo
previamente definido. A caracterização das populações celulares do sangue e
baço foi feita por citometria de fluxo e a identificação e quantificação de
imunoglobulinas e citocinas no soro, por tecnologia xMAP® Luminex. A análise
por citometria de fluxo não revelou diferenças estatisticamente significativas
entre os murganhos infectados e os controlos, tendo sido apenas observado
um aumento do número de neutrófilos e eosinófilos circulantes, e a sua
posterior diminuição, no primeiro grupo de murganhos. Associada à elevada
variabilidade observada após a reinfecção, tais variações são sugeridas como
sendo o perfil exibido por estas populações de células no contexto de infecção
por
C. parvum
no organismo imunocompetente, particularmente os eosinófilos,
que apresentam um comportamento idêntico em infecção por outros parasitas.
O aumento da secreção de TNF-α e IFN-γ (citocinas Th1) nos murganhos
infectados, comparativamente com os grupos controlo, para além da secreção
de citocinas Th2, como IL-4, IL-5 e IL-10, após a reinfecção, sugere um
balanço entre as respostas Th1, para controlar o crescimento do parasita, e
Th2, para limitar a patologia.
A IgG1 foi o isotipo predominante ao longo de toda a infecção e reinfecção,
tendo-se observado um pico de IgG2a após a reinfecção, seguido de
diminuição. Esta variação poderá estar relacionada com a função da IgG1 e da