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jirovecii

identificados no período de 2001–2004 (260 isolados) e entre 1995–

2000 (30 isolados), foram submetidos ao estudo de caracterização genética,

nos três

loci

em estudo.

Inicialmente, com o intuito de melhorar a técnica de amplificação do gene da

DHPS de

P. jirovecii

, procedeu-se á filtração das amostras de secreções

pulmonares, para remoção de DNA do hospedeiro contaminante, e foi

elaborado um novo protocolo de amplificação. Apesar, de se ter verificado que

o processo de microfiltração não promovia uma melhor amplificação de DNA

específico de

Pneumocystis

, o protocolo de PCR “nested” desenhado

contribuiu para a maior amplificação do gene da DHPS de

P. jirovecii

(

P

<0,001).

A caracterização genética da DHPS e da DHFR, permitiu identificar o genótipo

selvagem em 84,5% e 68,9%, respectivamente, dos isolados estudados. Em

15,5% dos isolados, observou-se a presença de genótipos mutantes nos

codões 55 e 57 do gene da DHPS. Em relação ao gene da DHFR, 31,1% dos

isolados apresentaram polimorfismos. No total, foram identificados nove locais

de substituição: quatro substituições sinónimas, nas posições nucleotídicas

201, 272, 312 e 381; cinco substituições nucleotídicas não sinónimas nas

posições 38, 68, 92, 154 e 200 que resultaram na alteração nos codões 13, 23,

31, 52 e 67, respectivamente. No estudo efectuado, verificou-se que as

mutações do gene da DHPS, foram mais frequentes entre os isolados obtidos

em 1995-2000 do que entre os isolados recolhidos entre 2001 e 2004

(

P

=0,056). Relativamente ao gene da DHFR e, em contraste com a maioria dos

estudos publicados, observou-se uma elevada diversidade genética entre os

isolados estudados.

Também, nas regiões ITS de

P. jirovecii

, foi observada uma elevada

variabilidade entre os isolados estudados. No presente trabalho, 30 genótipos

diferentes foram identificados, o que evidencia o elevado grau de diversidade

genética destas regiões e a sua utilidade no estudo da transmissão e da

epidemiologia da PPc. No estudo efectuado, os genótipos mais frequentes

foram o Eg, o Cg e o Gg. Verificou-se que o genótipo Ne foi significativamente

mais frequente entre 1995–2000 (

P

= 0,026) enquanto que o genótipo Eg foi

mais frequente entre 2001–2004 (

P

=0,011).

Considerando a combinação dos genótipos identificados nestas três regiões

genómicas, foram observados 50 haplótipos distintos em 100 isolados de

P.

jirovecii

. A elevada diversidade intra-específica observada neste estudo

multilocus demonstra o potencial que esta abordagem pode ter na

diferenciação de tipos

P. jirovecii

distintos e a sua utilidade no estudo da

transmissão e da epidemiologia da PPc. No estudo efectuado, polimorfismos

nos genes da DHPS e da DHFR, presumidamente associados à exposição ao

cotrimoxazol, foram detectados em doentes não expostos a este fármaco. Esta

observação pode sugerir que estas sequências polimórficas possam ser

adquiridos acidentalmente, por transmissão pessoa-a-pessoa ou através de

uma fonte ambiental, e não somente por pressão selectiva do cotrimoxazol.

Também, a identificação de genótipos idênticos, nas três regiões genómicas

em estudo, em diferentes populações de doentes sugere a ocorrência de

transmissão pessoa-a-pessoa. No geral, o presente trabalho contribuiu para a

clarificação do papel das mutações nos genes da DHPS e da DHFR no

possível desenvolvimento de resistência ao cotrimoxazol em

P. jirovecii

assim

como para a melhor compreensão da transmissão e da epidemiologia da PPc.