119
restantes parasitas de origem humana e nos de todos os outros animais
impediu a identificação dos seus alelos. Os dois alelos identificados nos oito
isolados de
C. parvum
humanos – ML2-176 e ML2-191 – não foram
encontrados em nenhum dos parasitas de gado doméstico ou de ruminantes
silváticos. Em virtude da impossibilidade de identificar o alelo de todos os
parasitas da espécie
C. parvum
em estudo, a caracterização do
locus
ML2
mostrou ser de pouca utilidade para o nosso trabalho. A caracterização do
gene GP60, permitiu identificar nove famílias de subtipos, quatro em
C. parvum
e cinco em
C. hominis
. Entre os parasitas da espécie
C. parvum
, os de origem
humana apresentaram maior variabilidade de subtipos do que os de gado
bovino e de ruminantes silváticos. A maioria dos isolados de gado bovino
(61/72), um de gado ovino, um de gamos da Tapada de Mafra e todos os dos
Bovídeos do Jardim Zoológico (n = 9) apresentaram o mesmo subtipo –
IIaA15G2R1 –, o qual foi, também, encontrado em nove isolados humanos. O
segundo subtipo de
C. parvum
mais frequente em isolados bovinos –
IIaA16G2R1 – não foi encontrado em isolados humanos. Os dois subtipos
menos frequentes em gado bovino e ovino – IIdA17G1 e IIdA21G1 – foram,
também, identificados em isolados humanos. Em alguns parasitas humanos de
C. parvum
foram, ainda, encontrados quatro subtipos, pertencentes a três
famílias, não identificados nos isolados de gado doméstico ou de ruminantes
silváticos – IIbA14, IIcA5G3, IIdA19G1 e IIdA22G1. O facto de, em Portugal,
isolados de
C. parvum
com o mesmo subtipo terem sido encontrados em
infecções, não só humanas, como, também, de gado doméstico e de
ruminantes silváticos indica que a sua transmissão ao Homem pode ocorrer
pela via zoonótica e, também, pela antroponótica. Ainda, a identificação, em
isolados de
C. parvum
humanos, de famílias/subtipos não encontrados nos
animais, coloca a hipótese destes parasitas serem transmitidos ao Homem,
unicamente, pela via antroponótica. Em suma, os resultados obtidos no
presente trabalho sugerem que, em Portugal, a transmissão de
C. parvum
ao
Homem envolve dois grupos de parasitas, um constituído por aqueles que são
transmitidos, quer pela via zoonótica, quer pela antroponótica e, outro,
composto pelos que são veiculados, exclusivamente, pela via antroponótica.
LEIRIÃO, Patrícia Rodrigues (2006) Plasmodium-Hepatocyte
interactions: implications for protection against Malária,
Dissertação de Doutoramento no ramo de Ciências Biomédicas,
especialidade de Parasitologia. IHMT. Lisboa.
A malária é uma das doenças infecciosas mais importantes a nível mundial,
sendo anualmente responsável por mais de 1 milhão de mortes. O agente
causador da doença é o parasita intracelular, denominado
Plasmodium
, que
possui um ciclo de vida bastante complexo. A infecção tem início com a
inoculação de esporozoítos através da picada de um mosquito fêmea
Anopheles
, o vector de transmissão da doença. Uma vez na corrente
sanguínea, o esporozoíto migra até ao fígado onde infecta a célula hospedeira,
o hepatócito. No fígado, o parasita replica-se e desenvolve-se até atingir o seu
próximo estado de maturação – o merozoíto.
Dada esta complexidade, é natural que o
Plasmodium
provoque no hospedeiro
uma variedade de mecanismos distintos, especialmente ao nível imunitário. Por
isso, a resposta imune desenvolvida pelo hospedeiro, contra o parasita, é