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aos diversos compostos, sendo este caso mais relevante em bactérias Gram-
negativas, dada a sua estrutura membranar; e iv) extrusão do antibiótico da
célula por activação de sistemas de efluxo. Estes últimos sistemas encontram-
se normalmente associados a uma sobre-expressão de transportadores
proteicos, designados bombas de efluxo, que reconhecem e expelem
eficientemente uma vasta gama de compostos estruturalmente distintos. Estes
transportadores, que se encontram envolvidos na extrusão de substratos
tóxicos, encontram-se quer em baterias Gram positivas, quer em bactérias
Gram negativas, bem como em células eucariotas. Estes sistemas podem ser
específicos para um substrato ou podem transportar uma série de compostos
estruturalmente distintos, incluindo antibióticos de classes diferentes. Os
sistemas de efluxo descritos até à presente data podem ser classificados em
cinco famílias distintas, nomeadamente: (1) “Major Facilitator Superfamily”
(MFS); (2) “Small Multi-drug Resistance (SMR) family”; (3) “Multidrug And Toxic
compound Extrusion (MATE) family” (21); (4) “Resistance-Nodulation-Division
(RND) superfamily”; and (5) “Adenosine Triphosphate (ATP)-Binding Cassette
(ABC) superfamily”. Estes sistemas utilizam a força motriz de protões, como
fonte de energia, com a excepção da família ABC, que utiliza a hidrólise do
ATP para fazer a extrusão dos substratos. Um dos mais recentes desafios
nesta área tem sido o desenvolvimento de novos compostos que inibam estes
sistemas de efluxo e consequentemente possam potenciar a actividade de
antibióticos que sejam coadministrados na terapêutica, podendo desta forma
dar uma nova utilidade clínica aos antibióticos já existentes. Infelizmente e
apesar de vários inibidores de bombas de efluxo (aqui designados como EPIs –
“efflux pump inhibitors”) terem sido sintetizados, até à presente data, nenhum
destes inibidores resultou num composto com utilidade clínica, que pudesse ser
aplicado no tratamento de infecções provocadas por bactérias multiresistentes.
No entanto, a procura continua e de entre os vários tipos de EPIs
caracterizados, podemos encontrar uma grande e variada gama de compostos,
como: análogos peptídicos; as fenotiazinas; um grupo de produtos naturais
produzidos por Streptomyces spp, (“benastatins”); compostos derivados ou
homólogos da tetraciclina; compostos isolados de extractos de plantas; a
quinolina e alguns dos seus derivados; arilpiperidinas and arilpiperazinas; EPIs
produzidos por microrganismos e um grupo distinto de compostos, os
desacopladores de energia. Se estes EPIs puderem ser utilizados como “helper
compounds”, em combinação com os antibióticos aos quais o microrganismo é
resistente, então o tratamento destas infecções poderá ser bem sucedido.
Esta nova abordagem pode permitir a re-utilização de vários antibióticos que
são substratos de bombas de efluxo, bem como permitir o controlo do
aparecimento e disseminação de estirpes que apresentam uma multi-
resistência mediada por sistemas de efluxo. No entanto, ainda pouco se sabe
acerca dos mecanismos e função destes sistemas.
Desta forma, torna-se necessário desenvolver novos métodos que permitam
caracterizar esta resistência, mediada pelos sistemas de efluxo. Nos últimos
anos, uma série de métodos têm sido desenvolvidos com este intuito e podem
contribuir para a rápida identificação de estirpes multi-resistentes. De entre a
metodologia usualmente utilizada, o método que tem recebido particular
destaque, tem sido o que se baseia no efluxo do brometo de etídeo. O brometo
de etídeo é um conhecido substrato de bombas de efluxo e dadas as suas
propriedades fluorescentes, permite a monitorização em tempo real dos
sistemas de efluxo que se encontram activados numa dada estirpe bacteriana.
A criação e o desenvolvimento deste e de outros métodos, torna-se portanto
uma importante ferramenta para estudar e caracterizar grandes colecções de