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antimalárico de diferente classe, o que indicia a existência de um fenótipo de
tolerância cruzada entre compostos de classes diferentes.
Apesar de não ter sido detectada uma associação estatisticamente significativa
entre a resposta dos isolados às artemisininas e os genes analisados, esta
componente do trabalho permitiu que se avaliasse a estrutura populacional do
parasita
P. falciparum
em termos de fenótipo bem como do perfil de genes
apontados como moduladores das respostas a estes fármacos antes da
aplicação em larga escala dos mesmos. Estes dados constituem assim uma
ferramenta singular de fármaco-vigilância, dado poderem ser utilizados em
futuros ensaios como termo de comparação que permite avaliar a evolução das
populações parasitárias em termos fenotípicos e genotípicos.
A selecção
in vitro
de clones resistentes à artemisinina partindo de progenitores
sensíveis,
P. falciparum
Dd2, permitiu obter uma população de parasitas com
susceptibilidade 100 vezes reduzida em relação ao seu progenitor, a qual se
designou Dd2-ARTmut. No entanto, a resistência obtida demonstrou ser
instável, tendo desaparecido na ausência de pressão de fármaco, dando
origem a uma estirpe que se passou a denominar Dd2-ARTmutREV. A
comparação entre os clones Dd2-ARTmut e o progenitor sensível Dd2 em
relação a potenciais genes moduladores da susceptibilidade às artemisininas,
revelou ter ocorrido amplificação do gene
pfmdr1
, bem como um aumento da
sua expressão. Curiosamente, a amplificação do gene
pfmdr1
foi mantida após
a reversão da resistência, na estirpe Dd2-ARTmutREV, levantando novas
questões sobre o efeito causal desta amplificação na modulação das respostas
àartemisinina e seus derivados.
LOPES, Luís da Silva (2008) Efeito da refeição sanguínea
anticorpos e infecções mistas no desenvolvimento esporogónico
de Plasmodium spp, Dissertação de Doutoramento no ramo de
Ciências Biomédicas, especialidade de Parasitologia. IHMT. Lisboa
Resumo :
A transmissão de
Plasmodium
ao mosquito e o seu desenvolvimento
esporogónico são alvos importantes para o desenvolvimento de métodos de
controlo de transmissão. Nesta fase do ciclo de vida, o parasita enfrenta
condições muito adversas derivadas do mosquito e da própria refeição
sanguínea. É nesta altura que se observam as maiores reduções do número de
parasitas e como tal a manipulação artificial destas condições poderia levar a
uma redução significativa da transmissão.
Vários factores da refeição sanguínea tais como anticorpos, fármacos,
refeições múltiplas ou presença de várias estirpes ou espécies de parasitas,
podem diminuir ou pelo contrário potenciar a transmissão. Além disso, o
ambiente no intestino médio é adverso devido à digestão da refeição
sanguínea e a uma resposta imunológica eficaz produzida pelo mosquito contra
o parasita. Várias linhas experimentais foram seguidas no sentido de contribuir
para o entendimento da forma como alguns destes factores afectam o
desenvolvimento do parasita.
Estudou-se o efeito de uma segunda alimentação sanguínea e de soro de
Rattus rattus
e de
Mus musculus
(BALB/c) contendo anticorpos anti-
esporozoíto de
Plasmodium yoelii yoelii
, na taxa e na intensidade de infecção
em mosquitos
Anopheles stephensi
. Foram ainda avaliadas alterações na
expressão de genes do parasita e do mosquito, pelo método de DDRT-PCR e