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mecanismo de prevenção e controlo. Os fármacos de primeira linha para o

tratamento da leishmaniose visceral continuam a ser os antimoniais

pentavalentes e a anfotericina B (AMB). A AMB lipossómica está a ser cada

vez mais utilizada como 1ª linha. O conhecimento do(s) mecanismo(s)

utilizados pelos parasitas, responsáveis pela resistência, é fundamental de

modo a permitir o desenvolvimento de novos fármacos anti-

Leishmania

que

possam substituir e/ou complementar os fármacos existentes, de uma forma

eficaz assim como contribuir para o desenvolvimento de metodologias para

avaliar e monitorizar a resistência.

Espera-se do modelo animal a reprodução da infecção na Natureza. Os

modelos canino e murino têm ajudado na compreensão dos mecanismos

responsáveis pela patogénese e pela resposta imunitária à infecção por

Leishmania

.

Sendo o cão o principal hospedeiro da infecção por

L. infantum

e o principal

reservatório doméstico da leishmaniose visceral humana, procedeu-se à

caracterização da evolução da infecção experimental em canídeos de raça

Beagle através da análise clínica, hematológica, histopatológica, parasitária,

assim com através da resposta imunitária desenvolvida. As alterações

hematológicas observadas foram as associadas à leishmaniose visceral:

anemia, leucopenia, trombocitopenia com aumento das proteínas totais e da

fracção gama-globulina, e diminuição da albumina. Histologicamente observou-

se nos órgãos viscerais uma reacção inflamatória crónica, acompanhada por

vezes da formação de granulomas ricos em macrófagos. Apesar de todos os

animais terem ficado infectados (confirmado pela presença do parasita nos

vários tecidos e órgãos recolhidos na necrópsia), os únicos sinais clínicos

observados transitoriamente foram adenopatia e alopécia. As técnicas

moleculares foram significativamente mais eficazes na detecção do parasita do

que os métodos parasitológicos convencionais. As amostras não invasivas

(sangue periférico e conjuntiva) mostraram ser significativamente menos

eficazes na detecção de leishmanias. No nosso modelo experimental não se

observou a supressão da resposta celular ao antigénio parasitário e confirmou-

se que, apesar de não protectora, a resposta humoral específica é pronunciada

e precoce. A bipolarização da resposta imunitária Th1 ou Th2, amplamente

descrita nas infecções experimentais por

L. major

no modelo murino, não foram

observadas neste estudo. O facto dos animais não evidenciarem doença

apesar do elevado parasitismo nos órgãos viscerais poderá estar relacionado

com a expressão simultânea de citocinas de ambos os tipos Th1 e Treg, no

baço, fígado, gânglio, medula óssea e sangue periférico.

Neste estudo também se caracterizou o efeito da saliva do vector

Phlebotomus

perniciosus

na infecção experimental de murganhos BALB/c com estirpes de

L.

infantum

selvagem e tratada com AMB, inoculadas por via intradérmica. A

visceralização da infecção ocorreu após a utilização da via de administração do

inóculo que mais se assemelha ao que ocorre na Natureza. Apesar da

disseminação dos parasitas nos animais co-inoculados com extracto de uma

glândula salivar ter sido anterior à do grupo inoculado apenas com parasitas,

não se detectaram diferenças significativas na carga parasitária, entre os três

grupos, ao longo do período de observação pelo que, embora a saliva do

vector esteja descrita como responsável pela exacerbação da infecção, tal não

foi observado no nosso estudo. O aumento de expressão de citocinas esteve

relacionado com o aumento do parasitismo mas, tal como no modelo canino,

não se observou bipolarização da resposta imunitária. Os animais dos três

grupos infectados parecem ter desenvolvido nos diferentes órgãos uma

resposta mista dos tipos Th1 e Th2/Treg. Contudo, verificou-se a