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A n a i s d o I HM T
Nós encorajamos o uso do RFI em qualquer esfera de
colaboração em ciência, e almejamos “afinar” os tópicos
e indicadores, caso seja necessário, para os tornar mais
apropriados.
Será que o RFI pode reduzir o lado
negativo da fuga de cérebros?
A teoria na qual o RFI assenta é que:
A investigação e inovação são essenciais para o desen-
volvimento de países de baixo e médio rendimento –
para a saúde, equidade e desenvolvimento económico
sustentável. O futuro de qualquer país – independente-
mente de quão distante possa parecer agora – é através
do aumento do seu capital humano, transformando-o
numa economia baseada no conhecimento. Isto não
pode ocorrer sem investimento consistente, duradouro
e substantivo em todos os países e regiões em investiga-
ção, ciência e inovação.
A investigação não acontece por acaso – requer siste-
mas de inovação fortes, multifacetados, resilientes e
recetivos. Isto inclui capacidade de investigação mas
também de gestão de investigação, comunicação de
ciência e financiamento, incluindo o financiamento de
start-ups, educação relevante para a investigação e um
setor privado vibrante para lidar com design focado no
utilizador e a habilidade de expandir as intervenções
desenvolvidas.
As parcerias de investigação são o único veículo para
atingir todos estes objetivos. Fazê-lo sozinho não é pro-
vavelmente uma opção nem sequer para os maiores paí-
ses – certamente não é uma opção para todos os outros
países e para as suas instituições e corporações, o que
exige que as parcerias sejam “equitativas”. É exatamen-
te isto que o RFI visa promover e alcançar.
De volta à questão colocada – se o RFI tiver sucesso
em gerar mais equidade e eficácia em parcerias de in-
vestigação entre países de baixo e médio rendimento,
então isto irá refletir-se em ambientes de investigação
melhores, mais estáveis e mais competitivos em países
de baixo rendimento. Isto significa na prática Universi-
dades, agências de investigação nacionais, organizações
não-lucrativas de investigação e corporações centradas
na investigação mais capazes – o que reduz a fuga de
cérebros e porventura leva a um ganho de cérebros em
áreas específicas de excelência que podem ser desen-
volvidas.
À guisa de conclusão: O RFI no IHMT
A implementação da Iniciativa para a Equidade na In-
vestigação pode gerar vários benefícios. Do ponto de
vista interno, promove o alinhamento com os valores
organizacionais; promove a eficácia da investigação e
melhora a qualidade, relação custo-benefício e impacto
das parcerias. Já no que diz respeito ao ponto de vista
externo, o RFI cria clareza e transparência para par-
ceiros e stakeholders; gera equidade logo a partir do
início; atrai os parceiros com os quais queremos traba-
lhar; é uma demonstração de cidadania corporativa /
organizacional responsável em I&D e realça a inovação
organizacional. No que concerne à perspetiva global, o
RFI constrói uma base de dados/evidência global sobre
colaboração na investigação; encoraja o uso e desenvol-
vimento de standards, benchmarks e melhores práticas
e contribui para a capacidade de investigação global ne-
cessária para a saúde, equidade e desenvolvimento sus-
tentável.
O IHMT decidiu aderir ao RFI em 2017, e durante os
próximos meses o nosso relatório interno irá ser pro-
duzido. Os motivos para a implementação do RFI no
IHMT prendem-se, por um lado, com a tentativa de
gerar uma discussão interna sobre os tópicos da equi-
dade, colaboração, impacto e desigualdades Norte/
Sul; por outro lado, pretende-se também avançar com
a implementação de standards de boas práticas relativos
aos três domínios do RFI – equidade de oportunidade,
processo equitativo e partilha equitativa de benefícios,
custos e resultados.
Dado o passado colonial de Portugal, a nossa abor-
dagem é eminentemente pós-colonial/intercultural,
o que faz com que a implementação do RFI também
vise responder às nossas preocupações epistemológicas
e políticas com as colaborações Norte/Sul no âmbito
da investigação em saúde para o desenvolvimento e da
C&T em geral. Muitos dos projetos levados a cabo pelo
IHMT são realizados em colaboração com instituições
da CPLP (25% em 2016), pelo que ambicionamos di-
vulgar e promover esta iniciativa com os nossos parcei-
ros para que estes também tenham acesso às melhoras
práticas que regem os processos associados às colabora-
ções de investigação, tanto a priori como a montante e
a jusante.
A estratégia do GHMT (o centro de I&D do IHMT)
para 2018-2022 no que diz respeito à gestão de conhe-
cimento assenta em publicitar os resultados e impactos
científicos do GHMT e dos seus investigadores através
dos Anais do IHMT, congressos, seminários, e a realiza-
ção de relatórios de elevada qualidade. Esta estratégia é
suportada pela mobilização de parcerias de excelência,
pelo que o RFI terá um papel fundamental na promoção
desta agenda.
A colaboração em saúde na CPLP é um processo dinâ-
mico, consolidado por dispositivos como a PECS-CPLP,
o RINSP – CPLP, a RESP – CPLP e a RETS-CPLP. O
IHMT tem, ao longo da sua história, participado ativa-