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S19

A n a i s d o I HM T

Nós encorajamos o uso do RFI em qualquer esfera de

colaboração em ciência, e almejamos “afinar” os tópicos

e indicadores, caso seja necessário, para os tornar mais

apropriados.

Será que o RFI pode reduzir o lado

negativo da fuga de cérebros?

A teoria na qual o RFI assenta é que:

A investigação e inovação são essenciais para o desen-

volvimento de países de baixo e médio rendimento –

para a saúde, equidade e desenvolvimento económico

sustentável. O futuro de qualquer país – independente-

mente de quão distante possa parecer agora – é através

do aumento do seu capital humano, transformando-o

numa economia baseada no conhecimento. Isto não

pode ocorrer sem investimento consistente, duradouro

e substantivo em todos os países e regiões em investiga-

ção, ciência e inovação.

A investigação não acontece por acaso – requer siste-

mas de inovação fortes, multifacetados, resilientes e

recetivos. Isto inclui capacidade de investigação mas

também de gestão de investigação, comunicação de

ciência e financiamento, incluindo o financiamento de

start-ups, educação relevante para a investigação e um

setor privado vibrante para lidar com design focado no

utilizador e a habilidade de expandir as intervenções

desenvolvidas.

As parcerias de investigação são o único veículo para

atingir todos estes objetivos. Fazê-lo sozinho não é pro-

vavelmente uma opção nem sequer para os maiores paí-

ses – certamente não é uma opção para todos os outros

países e para as suas instituições e corporações, o que

exige que as parcerias sejam “equitativas”. É exatamen-

te isto que o RFI visa promover e alcançar.

De volta à questão colocada – se o RFI tiver sucesso

em gerar mais equidade e eficácia em parcerias de in-

vestigação entre países de baixo e médio rendimento,

então isto irá refletir-se em ambientes de investigação

melhores, mais estáveis e mais competitivos em países

de baixo rendimento. Isto significa na prática Universi-

dades, agências de investigação nacionais, organizações

não-lucrativas de investigação e corporações centradas

na investigação mais capazes – o que reduz a fuga de

cérebros e porventura leva a um ganho de cérebros em

áreas específicas de excelência que podem ser desen-

volvidas.

À guisa de conclusão: O RFI no IHMT

A implementação da Iniciativa para a Equidade na In-

vestigação pode gerar vários benefícios. Do ponto de

vista interno, promove o alinhamento com os valores

organizacionais; promove a eficácia da investigação e

melhora a qualidade, relação custo-benefício e impacto

das parcerias. Já no que diz respeito ao ponto de vista

externo, o RFI cria clareza e transparência para par-

ceiros e stakeholders; gera equidade logo a partir do

início; atrai os parceiros com os quais queremos traba-

lhar; é uma demonstração de cidadania corporativa /

organizacional responsável em I&D e realça a inovação

organizacional. No que concerne à perspetiva global, o

RFI constrói uma base de dados/evidência global sobre

colaboração na investigação; encoraja o uso e desenvol-

vimento de standards, benchmarks e melhores práticas

e contribui para a capacidade de investigação global ne-

cessária para a saúde, equidade e desenvolvimento sus-

tentável.

O IHMT decidiu aderir ao RFI em 2017, e durante os

próximos meses o nosso relatório interno irá ser pro-

duzido. Os motivos para a implementação do RFI no

IHMT prendem-se, por um lado, com a tentativa de

gerar uma discussão interna sobre os tópicos da equi-

dade, colaboração, impacto e desigualdades Norte/

Sul; por outro lado, pretende-se também avançar com

a implementação de standards de boas práticas relativos

aos três domínios do RFI – equidade de oportunidade,

processo equitativo e partilha equitativa de benefícios,

custos e resultados.

Dado o passado colonial de Portugal, a nossa abor-

dagem é eminentemente pós-colonial/intercultural,

o que faz com que a implementação do RFI também

vise responder às nossas preocupações epistemológicas

e políticas com as colaborações Norte/Sul no âmbito

da investigação em saúde para o desenvolvimento e da

C&T em geral. Muitos dos projetos levados a cabo pelo

IHMT são realizados em colaboração com instituições

da CPLP (25% em 2016), pelo que ambicionamos di-

vulgar e promover esta iniciativa com os nossos parcei-

ros para que estes também tenham acesso às melhoras

práticas que regem os processos associados às colabora-

ções de investigação, tanto a priori como a montante e

a jusante.

A estratégia do GHMT (o centro de I&D do IHMT)

para 2018-2022 no que diz respeito à gestão de conhe-

cimento assenta em publicitar os resultados e impactos

científicos do GHMT e dos seus investigadores através

dos Anais do IHMT, congressos, seminários, e a realiza-

ção de relatórios de elevada qualidade. Esta estratégia é

suportada pela mobilização de parcerias de excelência,

pelo que o RFI terá um papel fundamental na promoção

desta agenda.

A colaboração em saúde na CPLP é um processo dinâ-

mico, consolidado por dispositivos como a PECS-CPLP,

o RINSP – CPLP, a RESP – CPLP e a RETS-CPLP. O

IHMT tem, ao longo da sua história, participado ativa-