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S74

A Ciência Aberta significa a assunção de uma política

científica comprometida com um paradigma de partilha

do conhecimento, de aproximação da ciência à sociedade,

envolvendo as suas diversas componentes na formulação

de agendas de investigação, em processos colaborativos e

participativos de investigação, na procura de respostas

conjuntas aos desafios e problemas que se lhe colocam.

Resolução do Conselho de Ministros

nº 21/2016.

Princípios orientadores para a implementação de

uma Política Nacional de Ciência Aberta,

Março 2016

A Ciência Aberta visa promover e partilhar o conhecimen-

to entre a comunidade científica, a sociedade e as empresas,

contribuindo para ampliar o reconhecimento e o impacto

social e económico da ciência. Promove o acesso equitativo e

universal ao conhecimento científico, criando mais oportu-

nidades para o desenvolvimento.

Tem como pilares o acesso aberto, a dados de investigação e a

publicações a partir de repositórios e infraestruturas digitais

que permitem a sua disponibilização, partilha e reutilização;

a existência de redes de trabalho colaborativo; a investigação

aberta; a inovação aberta e a valorização e o envolvimento

dos cidadãos em projetos de investigação científica - ciência

cidadã.

Tem como princípios a disponibilização e possibilidade de

reutilização de publicações e dados de investigação; o acesso

público à produção científica; a transparência nas práticas,

metodologia, observação e recolha de dados; a utilização de

ferramentas baseadas na

web

para facilitar a colaboração cien-

tífica e a valorização da propriedade intelectual.

A disponibilização de publicações científicas e dados de in-

vestigação, em acesso aberto, permite transformar o conhe-

cimento em estratégias de atuação conjuntas e estruturadas,

envolvendo vários agentes como cientistas, decisores políti-

cos, a administração pública, o setor económico e empresa-

rial, organizações não-governamentais, associações da socie-

dade civil, entre outros. Contribui para assegurar o acesso

permanente e de forma sustentada a informação fidedigna

sem encargos económicos inflacionados e redundantes, no

respeito dos princípios FAIR (

Findable,Accessible, Interoperable,

Reusable

). Permite aos investigadores aceder à informação

que realmente lhes interessa sem estarem dependentes de

pacotes comerciais, com conteúdos sem aplicação real ao

seu contexto socioeconómico. A partilha destas publicações

e dados faz ainda mais sentido quando resulta de projetos

que beneficiaram de financiamento público.

A Ciência Aberta representa a abertura do processo científi-

co enquanto um todo e o reforço do conceito de responsabi-

lidade social científica. Constitui uma ferramenta chave para

ampliar e democratizar o acesso ao conhecimento.

É uma oportunidade para que investigação feita a uma escala

mais local possa ser disponibilizada à escala global. Facilita o

conhecimento e a aproximação de linhas de investigação com

interesses e problemas idênticos através de redes de trabalho

baseadas em processos e ferramentas colaborativas, amplia a

importância de investigação focada em problemas de caráter

regional.

O Ministério da Ciência,Tecnologia e Ensino Superior (MC-

TES) definiu como prioridade o compromisso da ciência

com os princípios e práticas da Ciência Aberta e está em-

penhado na elaboração e implementação de uma Política

Nacional de Ciência Aberta, assente no enunciado de que

o Conhecimento é de Todos e para Todos, contemplando a

estratégia de valorização da língua Portuguesa e a promoção

do português enquanto língua de ciência.

O depósito de publicações científicas e dados de investigação

em repositórios em acesso aberto, tem permitido valorizar

a produção científica dos investigadores e das instituições de

língua portuguesa dando-lhes mais visibilidade e impacto.

Deve, por isso, constituir-se como uma estratégia das políti-

cas científicas destes países.

No mundo lusófono existem já vários países com repositó-

rios institucionais que agregam resultados de investigação.

Estão, contudo, em diferentes níveis de vitalidade e muito

aquém da relevância científica e potencial que cada país tem

individualmente e sobretudo no seu conjunto.

A implementação de políticas e práticas de Ciência Aberta

coloca, a nível global, desafios e mudanças, nomeadamente

no paradigma de publicação e comunicação científica, nos

modelos de avaliação e financiamento da ciência e uma mu-

dança cultural de todos os envolvidos no ecossistema cien-

tífico.

Coloca, também, desafios muito concretos aos vários países

de língua portuguesa que passam pela promoção dos prin-

cípios da Ciência Aberta e sensibilização de todas as partes

interessadas como os decisores, entidades financiadoras de

ciência, investigadores, editores, estudantes, público em ge-

ral; pela criação de repositórios sustentáveis e colaborativos;

pela implementação de redes de trabalho comuns e colabo-

rativas tendo em vista a consolidação da língua portuguesa

como língua de ciência no mundo.

A CiênciaAberta apresenta várias oportunidades para a ciên-

cia e a inovação contribuindo para quebrar barreiras territo-

riais, institucionais e disciplinares.

A nível social e económico facilita o acesso à informação de

forma ética potenciando a criação de valor e o retorno do

investimento público. Apresenta um enorme potencial a ní-

vel educativo e até mesmo para a governação, melhorando

a transparência e a confiança da sociedade nas instituições

governativas.

A CiênciaAberta permite o acesso universal ao conhecimen-

to científico, contribui para diminuir assimetrias e potencia a

equidade e o desenvolvimento.

Big Data

e ciência aberta