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S77

Suplemento dos Anais do IHMT

atividade, uma profissão, uma filosofia, uma disciplina

ou um movimento. Todavia, deve-se considerar que não

há consenso sobre o que seja Saúde Global, nem uma

única definição, e seu campo de ação tem limites impre-

cisos (Fortes & Ribeiro, 2014), contudo é indiscutível

que vivemos a Saúde em tempos de globalização (Ko-

plan et al., 2009).

O fenómeno da globalização traz novas dimensões espa-

ciais, temporais e cognitivas. Modifica a nossa perceção

das distâncias e barreiras das fronteiras aos contactos

globais; modifica a nossa perceção de tempo, conectan-

do a vida cotidiana com acontecimentos que ocorrem

noutras partes do planeta, modificando a nossa perceção

cognitiva de como nos vemos e entendemos e ao mundo

que nos cerca, permitindo o engajamento com o “outro”

no mundo (Bozorgmehr, 2010).

Assim, é mister buscarmos identificar, extrair e tratar

o

Big Data

da Saúde existente neste mundo globalizado,

a fim de focarmos a informação essencial para os toma-

dores de decisão do presente século. Portanto, o início

do século 21, mostra que não é trivial a existência de

ferramentas que possam gerenciar e "tratar" a grande

quantidade de dados científicos e tecnológicos da área

da saúde, como no século anterior, os métodos tradi-

cionais funcionavam devido a quantidade muito menor.

Com o pensamento de Ciência Aberta, este volume a

ser "tratado" é compartilhado livremente e favorece no

avanço da ciência mais rápida na resolução de problemas

não triviais.

A expressão ciência aberta (

open science

), faz referência

a um modelo de prática científica que, em consonância

com o desenvolvimento da cultura digital, visa a dispo-

nibilização das informações em rede de forma oposta à

pesquisa fechada dos laboratórios. Atualmente a expres-

são também se refere a geração de materiais de pesquisa

que são compartilhados abertamente, sem a necessidade

de patentes.

A Comunidade Europeia tem mostrado maturidade nes-

ta área com a promoção da Ciência Aberta. Pode citar-se

como exemplo a Resolução do Conselho de Ministros

de Portugal:

Tornar a ciência mais aberta e acessível a todos repre-

senta um desafio coletivo, político, cultural, económico

e social. A promoção e a defesa de uma prática genera-

lizada de Ciência Aberta significam a assunção de uma

política científica comprometida com um paradigma de

partilha do conhecimento, de aproximação da ciência

à sociedade, envolvendo as suas diversas componentes

na formulação de agendas de investigação, em proces-

sos colaborativos e participativos de investigação, na

procura de respostas conjuntas aos desafios e problemas

que se lhe colocam. A criação de condições e mecanis-

mos efetivos de acesso e de partilha do conhecimento

democratiza-o e contribui para a igualdade na forma-

ção e na capacitação científica, possibilitando a trans-

ferência de conhecimento e estimulando a apropriação

social da ciência. A implementação da Ciência Aberta

envolve a incorporação de metodologias, ferramentas

e práticas de natureza colaborativa e requer o com-

promisso dos diversos agentes implicados na produção,

divulgação e utilização do conhecimento. Reforça -se

deste modo a transparência, a integridade e a repro-

dutibilidade da ciência, potenciando ainda a prática

mais eficiente e sustentável da atividade científica, de-

signadamente ao nível das suas lógicas de publicação,

disseminação e comunicação. Ciência aberta significa

mais que a partilha seletiva de dados e publicações, re-

presenta a abertura do processo científico enquanto um

todo, reforçando o conceito de responsabilidade social

científica (Resolução Conselho de Ministros, 2016).

Desta forma, as organizações que lidam com investiga-

ção em saúde devem procurar manusear melhor a gestão

do conhecimento do

Big Data

em Saúde, cada vez mais

numa ciência aberta, a retratar uma inteligência colabo-

rativa e construtiva para a sociedade.

A evolução da

Web, Big Data

,

Inteligência Colaborativa

e a Saúde global

As últimas décadas foram marcadas pelo advento da

Web

2.0, onde a

internet

deixou de ser uma plataforma pura-

mente estática e passou a desempenhar um papel dinâ-

mico e interativo (O’Reilly, 2007b), permitindo que os

usuários troquem uma grande quantidade de informa-

ção instantaneamente. Até ao final de 2016, a quantida-

de de informação criada e replicada a partir de sensores

de todos os tipos, postagens em redes sociais,

upload

de

fotos e vídeos, registros de transações comerciais, sinais

de GPS, rastros de navegação, entre outros, alcançará a

ordem de

zettabytes

- 1 bilhão de

Gigabytes

(“Big data”,

15:19:59; Cattell, Chilukuri, & Levy, [s.d.]).

O infográfico dinâmico

The Internet in Real Time

mostra

que cerca de 1 milhão de

Gigabytes

de dados são gerados

a cada 1 minuto na

internet

, totalizando um lucro de 142

mil dólares por minuto aos gigantes deste meio, como a

Apple, Google, Microsoft, Facebook, Netflix, Pandora, Linkedin

,

etc. Nesse contexto, de grande quantidade de dados ge-

rados a todo instante, surge o termo

Big Data

.

A

web

tem evoluído desde a versão 1.0 até a versão 4.0.

Cabe destacar que os termos

internet

e

web

são facilmen-

te confundidos e geralmente são tratados como sinóni-

1 - WikipediaMiner é um conjunto de ferramentas de mineração de dados para a

extração de dados semânticos codificados dentro daWikipedia.

http://wikipedia-miner.cms.waikato.ac.nz/