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S76

Introdução

Com a entrada do século 21, o mundo vivencia uma era

totalmente conectada à

internet

. Cerca de 40% da po-

pulação está conectada à

internet

(“Big data”, 15:19:59;

McKinsey Global Institute, 2011). Nesse sentido,

O’Reilly (2007), sugeriu o termo

Big Data

– um gi-

gantesco banco de dados atualizado em tempo real,

que atinge facilmente milhares de

terabytes

de armaze-

namento em diversos formatos. Os sistemas tradicio-

nais de gerenciamento de banco de dados relacional não

podem lidar com essas grandes massas de dados (J. L.

Magalhães & Quoniam, 2013; Quoniam, L, Lucien, A,

2010). O

Big Data

direciona uma nova geração de me-

todologias desenvolvidas para extrair valor económico

e estratégico de um grande e variado volume de dados

(estruturados e não estruturados), permitindo alta ve-

locidade de captura e análise (“Gray, J. and Chambers,

L. and Bounegru, L., The Data Journalism Handbook,

O’Reilly Media, 2012 - InfoVis:Wiki”, [s.d.]; O’Reilly,

2007a).

A análise de

Big Data

já é utilizada com sucesso em vá-

rios países, como os Estados Unidos, que incorporaram

o conceito em quase todos os seus setores produtivos.

Em 2014, o governo americano apresentou o relatório

“Big data: Seizing opportunities. Preserving values”,

com o objetivo de consultar os principais

stakeholders

americanos como a

Apple, IBM, Google, Bank of America

,

entre outros, sobre questões acerca de oportunidades e

valores no uso do

Big Data

e, assim, avaliar como este irá

alterar as relações entre governo, cidadãos, empresas e

os consumidores (TheWhite House, 2016).

O

Big Data

refere-se à terceira geração da era da infor-

mação (Magalhaes, JL & Quoniam, L, 2015; Raghupathi

& Raghupathi, 2014). Inicialmente, este volume expo-

nencial de dados abordava os critérios dos 3Vs: Volume,

Variedade e Velocidade (Laney, 2001), mais adiante, fo-

ram acrescentados mais 2 Vs: os atributos de Veracida-

de e Valor. Alguns autores ainda atribuem os últimos 3

Vs, como Veracidade, Versatilidade e Viabilidade, onde a

combinação de todos os “Vs” geram o “V” de Valor (Alei-

xo & Duarte, 2015)

O volume é uma referência à quantidade de informações

que são disponibilizadas diariamente na

web

, enquanto as

diferentes fontes caracterizam o termo variedade. Já a

veracidade e a velocidade estão relacionadas com o tra-

tamento desses dados para que sejam proveitosos, com

processamento em tempo real e fidedignos, respectiva-

mente (Breternitiz & Silva, 2013). O valor é o atribu-

to em que o bom tratamento de

Big Data

poderá gerar

acesso à informação essencial e economia aos cofres da

organização em questão.

Segundo Minelli

et al

(2013), o

Big Data

divide-se em

tempestade perfeita de dados, tempestade perfeita de

convergência e tempestade perfeita de computação, e

esta última é resultante de 4 fenómenos: lei de

Moore

,

computação móvel, redes sociais e computação em nu-

vem (

cloud

computing). Este acervo de dados deve ser

tratado para apresentar informação pesquisada de for-

ma seletiva e objetiva para aumentar a inteligência dos

negócios, além de permitir uma melhoria no processo

de tomada de decisão (Minelli, M., Chambers, M., &

Dhiraj, A., 2013).

A velocidade e o volume de disposição de dados no

mundo virtual têm mostrado a grandiosidade do

Big

Data

, bem como a capacidade de utilizar os resultados

dessas informações para a área da inteligência competi-

tiva. Ou seja, produzir mais em menos tempo, superar o

concorrente e economizar tempo. O resultado dos tra-

tamentos de dados tem se mostrado um diferencial para

as tomadas de decisões.

Segundo Wikipediaminer

1

apud

Magalhães

et al

(2013),

do volume diário de dados adicionados à

web

, 47% são

relacionados com Saúde e, destes, 43% referenciam-se à

saúde pública (Magalhães, 2014). Portanto, é

mister

pen-

sar em novas ferramentas para identificação, extração e

análise de dados do

Big Data

relativos à saúde no âmbito

global e glocal (regional). Segundo Humbert (2005), o

termo “glocal” está correlacionado na atitude de pensar

nos problemas de forma global e agir de forma a atuar

localmente, pois ações “glocais” poderão ter um impac-

to global. Este pensamento, reflete a globalização, onde

a tecnologia trouxe menos adaptação tecnológica a um

contexto único e a participação de empresas situadas em

locais menos privilegiados (Humbert, M., 2003).

O relatório “The real-world use of big data” realiza-

do pela IBM, em colaboração com a Universidade de

Oxford, revelou que a análise de

Big Data

permite que

as organizações sejam até 23 vezes mais propensas a su-

perarem os seus concorrentes de mercado do que aque-

las que não analisam. No entanto, alguns setores pro-

dutivos são mais adaptáveis às estratégias de

Big Data

do que outros, como os setores de saúde, financeiro,

de telecomunicações, governamental e o energético.

A saúde é considerada, maioritariamente, como um bem

público global: que não seja excludente, isso é, que nin-

guém ou nenhuma coletividade seja excluída da sua pos-

se ou de seu consumo; e de que os seus benefícios sejam

disponíveis a todos. Há, também, o aparente consenso

de que a saúde não seja concorrencial, e que não haja

rivalidade, isso é, a saúde de uma pessoa não pode se dar

a expensas da exclusão de outras pessoas (Buse & Wa-

xman, 2001; Haines et al., 2009; Hartz, 2012; Vance,

Howe, & Dellavalle, 2009).

O processo da globalização é o motor da evolução do

termo “Saúde Global”, que carrega desafios e oportuni-

dades no campo da saúde. Saúde Global pode ser com-

preendida ao mesmo tempo como uma condição, uma

Big Data

e ciência aberta