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difusão do conhecimento (“Collective intelligence”,
2016; Nakayama, Ito, Hara, & Nishio, 2008; WikiEdu,
2016).
Na busca dessa maior interação e aludindo ao “ano da
ciência”, a Fundação de Amparo à Pesquisas do Esta-
do de São Paulo (FAPESP), no Brasil, tem promovido
eventos nesta área. Neste pensamento, pesquisadores
identificaram que havia uma lacuna de 30 anos entre a
ciência refletida nas fontes
Wikipédia
em português e
os desenvolvimentos de ponta sendo feito nesse campo
noutros idiomas (WikiEdu, 2016). A iniciativa brasileira
adicionou milhares de palavras sobre temas relaciona-
dos com propriedades matemáticas da dinâmica neurais
à
Wikipédia
em português. Por exemplo, expandiram o
artigo em português sobre a doença de Alzheimer e te-
mas mais complexos como a lesão do plexo braquial.
Também criaram a introdução a modelos biológicos de
neurónios, e criaram um vídeo que explica “Spike sor-
ting” – uma maneira de rastrear e medir as propriedades
elétricas das células – que aparece em ambas as edições
(em português e inglês) da
Wikipédia
.
Em seu modelo, especialistas e pesquisadores trabalham
para explicar conceitos para voluntários do Grupo de
Usuários Wikimedia no Brasil. Eles vão escrever artigos
com base no envolvimento de especialistas. Muitos dos
autores são pesquisadores de pós-doutoramento (Chia-
vegatto Filho, 2015;WikiEdu, 2016).
Uma outra Instituição brasileira que criou, e incentiva, a
política de ciência aberta ao conhecimento e a informa-
ção científica é a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
(Pinheiro, 2014). Essa política visa contribuir para for-
talecer os mecanismos de preservação da memória ins-
titucional e aumentar o acesso e o impacto da produção
intelectual da Fiocruz, constituindo-se num importante
instrumento que promoverá, de forma organizada e reu-
nida, a disseminação, acessibilidade e, consequentemen-
te, visibilidade do conhecimento gerado na Instituição.
O seu Repositório Institucional (Arca) é o principal ins-
trumento de realização dessa política, atendendo ao ob-
jetivo de: reunir, hospedar, preservar, tornar disponível
e dar visibilidade à produção científica da instituição.
Dessa forma, é obrigatório o depósito no Repositório
Institucional Arca das dissertações e teses defendidas
nos Programas de Pós-graduação da Fiocruz e dos arti-
gos produzidos no âmbito da Fiocruz publicados em pe-
riódicos científicos. Além de texto, o repositório pode
conter imagem e áudio. O repositório Arca deverá ter
capacidade de integração com sistemas nacionais e in-
ternacionais que possibilite automaticamente a inclusão
e coleta da produção intelectual pertinente, observando
em especial os protocolos e padrões definidos no mode-
lo
Open Archives Iniciative
(OAI).
A União Europeia está a dar um salto nas questões de
abertura de conhecimento. Acabou de ser publicado um
estudo, na forma de livro, intitulado
Open innovation,
open science, open to the world
. Este estudo foi encomenda-
do ao Comissário Europeu para a Investigação, Inovação
e Ciência pelo próprio presidente da União Europeia. A
publicação apresenta a abertura do conhecimento como
um processo natural advindo do uso das potencialida-
des das novas tecnologias da informação. Aponta que
estimular a abertura do conhecimento é o caminho para
melhor aproveitamento dos recursos públicos investidos
em ciência e inovação, entre diversas outras vantagens,
como as vantagens educacionais. Acrescentam-se, ainda,
princípios para a abertura do conhecimento através de
inovação aberta, ciência aberta, ciência cidadã, citando
indiretamente a
Wikipédia
(EU Bookshop, 2016).
A publicação sugere a utilização de um conceito chama-
do “Global Research Area”. Neste conceito “pesquisado-
res e inovadores podem trabalhar com colegas interna-
cionais onde pesquisadores, conhecimento científico e
tecnologia circulam tão livremente quando possível”.
Para o Brasil, as tecnologias desejadas para ensino de
ciências e engenharias são aquelas que tem as proprie-
dades das “Global Research Area”, ou seja, “o conheci-
mento científico e tecnologia circulam tão livremente
quando possível”.
Cabe destacar, o evento que teve lugar a 23 de junho,
realizado pela Universidade NOVA de Lisboa, nesta ver-
tente, o seminário sobre
Big Data
, Desenvolvimento Sus-
tentável e a Ciência Aberta, promovido pelo Instituto de
Higiene e Medicina Tropical (IHMT) e o
Institut Français
,
em parceria com a FIOCRUZ, no Brasil, e a Agência Na-
cional de Inovação de Lisboa. O seminário contou com
57 participantes, que assistiram às sessões presencial-
mente e através de
streaming
. Em debate estiveram dois
grandes temas: a aplicação de
big data
em investigação
e na utilização de ciência aberta para a transferência de
tecnologia. No contexto do primeiro tema, foi analisado
o uso de
big data
e de informação aberta em saúde. No
segundo, promoveu-se a discussão sobre a inovação para
a inclusão social e contextos de baixa-renda, assim como
a análise automatizada de patentes.
Considerações finais
• O século 21 trouxe novos desafios e oportunidades
devido ao crescente volume de dados novos adicionados
diariamente à
web.
No campo da ciência e desenvolvi-
mento tecnológico não é diferente, principalmente na
área da Saúde. Desta forma, é iminente o desenvolvi-
mento de novas metodologias para identificação, ex-
tração e tratamentos de dados para obter a informação
essencial. Portanto, “minerar” o “
Big Data
” em saúde é
premente e emergente, pois proporciona agilidade nos
processos para tomadas de decisão. Uma das alternativas
Big Data
e ciência aberta