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S6

Artigo Original

Editorial

ma a contribuir, não para a solução de problemas pontuais, mas

para uma verdadeira estruturação dos sistemas de saúde dos paí-

ses parceiros através, da construção contínua de instituições es-

truturantes, assim como a formação de recursos humanos, que

assume no PECS uma posição de vulto (Buss, Ferreira, 2010 b).

Criaram-se redes de instituições para reforço dos sistemas de

saúde como a RINSP - Rede de Institutos de Saúde Pública, a

RETS-Rede de Escolas Técnicas de Saúde (Stauffer, 2014) e

a RESP-Rede de Escolas de Saúde Pública (Rosenberg et al,

2016).Alguns projetos não encontraram o seu modelo adequa-

do e não evoluíram (como a rede de Centros de Instalação e

Manutenção de Equipamentos de Saúde). Outros continuam à

procura de um modelo relevante, como a Rede de Educação

Médica (Fresta et al, 2016) e as RIDES - Redes de Investigação

e Desenvolvimento, sobre malária, tuberculose (Kritsky et al,

2016; Viveiros e Simões, 2016) e SIDA. Iniciativas houve que

tiveram atuação brilhante mas efémera, não se tendo mostrado

sustentáveis, como o Centro de Formação Médica Especializada

na Cidade da Praia, Cabo Verde, (Ferrinho et al, 2013; Fresta

et al, 2016). Pensaram-se novas prioridades, como a da regula-

ção de setores de saúde cada vez mais multissetoriais (Simões e

Carneiro, 2012 e 2014; Simões, 2016).As distâncias e as falhas

de financiamento dificultaram as comunicações, daí a impor-

tância das tecnologias de informação e conhecimento (Messina

e Lapão, 2016) que servem para dinamizar outras áreas como

a formação em preservação do património histórico da saúde,

reunindo Brasil, Portugal, Moçambique e CaboVerde. Sente-se

no entanto, que sem uma avaliação formal esta aprendizagem

não seria consolidada; daí o propor-se a institucionalização da

avaliação do PECS (Hartz et al, 2016), reconhecendo que este

défice reflete ainda uma falta de comprometimento com a sus-

tentabilidade das ações de cooperação (Russo et al, 2013).

Por fim, o PECS reflete uma vontade coletiva de operacionalizar

ações conducentes ao reforço de sistemas universais de saúde

e a uma maior equidade entre Estados (Barros, 2014; Barros

et al, Barros e Lapão, 2016), ultrapassa assim o campo estrei-

to da saúde. Ele assume a relevância da intersetorialidade, em

estratégias de políticas externas em que, cada vez mais, a saúde

aparece como um instrumento das políticas de negócios estran-

geiros (Horton, 2007), almejando a ajudar os países a reduzirem

dependências [como por exemplo as evacuações médicas para

Portugal (Guerreiro, 2015)] e vulnerabilidades. Elas se refle-

tem nos movimentos migratórios em condições desumanas e

na falta de capacidade para produção de tecnologias de saúde,

especialmente vacinas,medicamentos e

kits

diagnósticos), numa

convergência entre o altruísmo e o interesse próprio (Yach e

Bettcher, 1998) através de processos de cooperação alicerçados

em postulados de solidariedade, equidade, justiça – “almejando

realinhar os desequilíbrios e poder político, económico, técnico

e científico de modo a encurtar, ao invés de alargar as diferenças

entre as condições de vida e saúde” entre países membros da

CPLP (Santana e Garrafa, 2013).

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