97
A n a i s d o I HM T
habitantes, uma morte civil. Sentem-se apartados do meio e do
convívio dos outros (dos da cidade, dos da sua aldeia), embora
quem pode, possa entrar e sair com
liberdade.Asdeformidades
e limitações físicas são o obstáculo, são o “carcereiro” incorpora-
do nos seus corpos.
A aldeia é a anatomia de um destino na lepra, revestindo-se do
poder simbólico de um porto seguro, de um terminal de anco-
ragem, do corpo mas também da alma. Cada vida que povoa
esta aldeia, é uma biografia que se inscreve na dor, no sofrimen-
to. Cada vida traduz uma história, um itinerário em demanda
da cura, em demanda do apaziguar do sofrimento. E esta aldeia
que acolhe, isola, confina, oblitera a deformidade, é todo um
universo de cosmovisões padronizadas pela bitola da lepra que,
à força da lesão, se inscreve nos corpos e se entranha na alma.
2 - A toponímia atual é a seguinte: Cumura Um ou Cumura Padres, onde nasceu a
Missão Católica; Cumura Dois ou Cumura Pepel, tabanca habitada pelo grupo dos
pepéis e onde residem antigos doentes.
Lista de entrevistas:
E.1 - Cubambono Djata, ex-doente, morador
da Aldeia.
E.2 – Domingos, ex-doente, morador da Al-
deia.
E.3 - Frei Ernesto, frade franciscano.
E.4 – Caro, enfermeiro do Hospital do Mal de
Hansen de Cumura.
E.5 – Jorge, enfermeiro do Hospital do Mal de
Hansen de Cumura.
E.6 - Martinho Nhanca, médico leprologista do
Hospital do Mal de Hansen de Cumura.
Bibliografia
1. Béniac, Françoise. O medo da Lepra. In
:
Le Goff, J. (Org.) (1997). As doenças
têm História. Lisboa,Terramar: 127-145.
2. Eduardo Costa
cit.
por Carvalho, Augusto da Silva (1932). História da lepra em
Portugal
.
Porto, Oficinas Gráficas da Sociedade de Papelaria; 146-147.
3. Gandra, Maria Julieta; Patuleia, Maria Cecília Souto (1946). O problema social
da lepra na Guiné. In: Congresso comemorativo do quinto centenário do descobri-
mento da Guiné. Lisboa: Sociedade de Geografia.Vol. II: 453.
4. Marques da Silva, António. Combate à lepra em Portugal.
Tese (de Doutora-
mento) (1959). Porto, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto: 64-65.
5. Silva, Manuel Santos (19667).A luta anti-lepra em Portugal. Rovisco Pais: Revis-
ta Portuguesa da Doença de Hansen. 6 (22): 8-36.
6.Tavares, Carlos Barral Moniz (1946). Breves Considerações sobre a Protecção aos
Indígenas da Colónia da Guiné.
In: Congresso comemorativo do quinto centenário
do descobrimento da Guiné. Lisboa: Sociedade de Geografia.Vol. II; 235.
7. Marques da Silva, António. Combate à lepra em Portugal.
Tese (de Doutora-
mento) (1959). Porto, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto: 69-70.
8. Crespo
,
Jorge (1992).A História do Corpo. Lisboa, Edições Difel.
9.Tavares, Carlos Barral Moniz (1946). Breves Considerações sobre a Protecção aos
Indígenas da Colónia da Guiné.
In: Congresso comemorativo do quinto centenário
do descobrimento da Guiné. Lisboa: Sociedade de Geografia.Vol. II; 219.
10. Leite,Augusto Salazar (1952). Missão de Lepra à Guiné. Boletim Geral do Ul-
tramar
.
Abril.Vol. XXVII (322): 113.
11. Leite, Augusto Salazar; Luz, João Bastos da; Nogueira, José Pinto (1952). Re-
latório da Missão de Combate à Lepra na Província Ultramarina da Guiné: da 5ª
cadeira do IMT. Lisboa: IMT.
12. Leite, Augusto Salazar; Luz, João Bastos da; Nogueira, José Pinto (1952). Re-
latório da Missão de Combate à Lepra na Província Ultramarina da Guiné: da 5ª
cadeira do IMT. Lisboa: IMT: 113-114.
13.Tavares, Carlos Barral Moniz (1946). Breves Considerações sobre a Protecção
aos Indígenas da Colónia da Guiné.
In: Congresso comemorativo do quinto cente-
nário do descobrimento da Guiné. Lisboa: Sociedade de Geografia.Vol. II; 219.
14. Blanco, Francisco Nunes (1946). A lepra na Guiné. In:
Congresso comemo-
rativo do quinto centenário do descobrimento da Guiné . Lisboa: Sociedade de
Geografia.Vol. II: 456.
15. Relatórios da Prefeitura Apostólica (Arquivo da Missão Católica de Cumura/
Guiné-Bissau).Anos
de 1947
: p.14 ;
1950
: p.13
;1952
: p
.
10.
16. Billman, Herbert Raymond (1951). Primeiro relatório anual dos trabalhos da
Missão Evangélica no tratamento da lepra na Província da Guiné Portuguesa. Bole-
tim Cultural da Guiné
Portuguesa.VI(23): 697-702.
17. Boletim Oficial da Guiné (1951). Portaria n.º308, 24 maio: 255.
18. Carta do Prefeito Apostólico á Província de Santo António deVeneza (Arquivo
da Missão Católica de Cumura/Guiné-Bissau). 25 de janeiro. 1954.
19. Ferrazzetta, Settimio (1970). Relatório da Missão de São Francisco de Assis de
Cumura (Arquivo da Missão Católica de Cumura/Guiné-Bissau). 27 jan.
20. Longo, Fabio (2006). Os Frades Menores de Veneza na Guiné-Bissau: 50 anos
de história para recordar, 1955-2005. Pavona: Centro Missionário Francescano.
21.Arquivo do Hospital de Mal de Hansen, Cumura/ Guiné-Bissau.
22. Boletim Oficial da Guiné (1953). Portaria de 21 fev.: 108.
23. Centro de Informação e Turismo. Guiné – Anuário Turístico 1963-1964.
Lis-
boa, Neogravura Lda.: 19.
24. Pinto, Augusto Reimão; Costa, Fernando Coutinho da. La Lutte Contre la
lèpre en Guinée Portugaise (1959). Boletim Cultural da Guiné Portuguesa. Vol.
XIV(56): 631.
25. Boletim Oficial da Guiné (1969). Portaria n.º20, 20 maio: 263.
26. Postos Sanitários e Escolares e grandes realizações sociais abrangidas nos novos
subsídios (1973).
Voz da Guiné
. 20 jan.:11.
27.A Missão de São Francisco de Cumura. Missões Franciscanas. Jun. 1973: 8.
28.Afonso Lopes
cit.
por Rema, Henrique Pinto. História das Missões Católicas da
Guiné (1982). Braga: Editorial Franciscana: 958.
29. Fonte dos Dados: Relatório da
Missão de São Francisco de Assis de Cumura
(Arquivo
da Missão Católica de Cumura/Guiné-Bissau). 31 dez. 1978.
30. Ferrazzetta, Settimio (1970). Relatório da Missão de São Francisco de Assis
de Cumura (Arquivo da Missão Católica de Cumura/Guiné-Bissau). 27 jan.: 9.
31. Auge, Marc. Ordre biologique, ordre social: la maladie forme élémentaire de
l’événement. In:Augè, M.; Herzlich, C. (Eds.) (1984) Le sens du mal.Anthropolo-
gie, histoire, sociologie de la maladie. Paris, Éditions des Archives Contemporaines
- Ordres Sociaux : 35-91.
32. Douglas, Mary (1991). Pureza e Perigo. Lisboa, Edições 70: 47.
33. Canguilhem, George (2002). O normal e o Patológico. Rio de Janeiro, Ed.
Forense Universitária: 113.