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A n a i s d o I HM T
The Rockefeller Foundation’s anti-typhus project
in Spain: a lesson in failure
O projeto anti-tifo da Fundação Rockefeller em Espanha: uma lição de insucesso
Darwin H. Stapleton
Executive Director Emeritus, Rockefeller Archive Center;
Principal, History &Archives Consulting
stapled@rockefeller.eduResumo
O tifo situava-se entre as principais doenças de interesse para a
Fundação Rockefeller entre 1920 e 1930, aguçado no final da década
de 1930 pela expectativa de uma outra guerra na Europa: o seu
staff
previa que a difusão de epidemias de tifo como resultado de um
número elevado de refugiados e da repetição da guerra de trincheiras
da Iª Guerra Mundial. A Fundação aumentou o seu investimento na
investigação em
Rickettsia
, decidiu testar vacinas anti-tifo existentes e
estudou a transmissão da doença pelo piolho.
Logo após a Guerra Civil Espanhola, um surto de tifo em Espanha,
despertou o interesse da Fundação como uma oportunidade para
estudar as vacinas e a transmissão da doença. A Fundação enviou para
Espanha um jovem investigador e várias cobaias para serem infetadas
com os piolhos, transportadores de tifo. Os jornais americanos
cobriram a história do transporte das cobaias através de voos Pan-
americanos para Lisboa (para entrega em Espanha), e o seu retorno
aos Estados Unidos, para estudar a epidemia de tifo, que era galopante
na Espanha.
Os resultados obtidos em Espanha deram à Fundação clara evidência
de que as vacinas anti-tifo existentes não eram muito eficazes e
impulsionou o uso de inseticidas para o controlo do tifo. Foi um passo
importante para a colaboração da Fundação com os planos militares
dos Estados Unidos para a invasão do Norte da África e conduziu
diretamente à aceitação do DDT (pela Fundação), como estratégia
anti-tifo. Em última análise, a Fundação utilizou a sua experiência
com o DDT num ataque global à malária - uma das histórias mais
importantes da medicina tropical do século XX.
Palavras Chave:
Fundação Rockefeller, epidemia de tifo, Espanha, vacinas anti-tifo e DDT,
IIª Guerra Mundial.
Abstract
Among the major diseases of interest to the Rockefeller Foundation in
the 1920s and 1930s was typhus. The Foundation's anti-typhus focus
was sharpened at the end of the 1930s by the expectation of another
European war: its public health staff anticipated that enormous num-
bers of refugees and the repetition of World War I’s trench warfare
would lead to typhus epidemics. The Foundation increased its invest-
ment in
Rickettsia
research, decided to test existing anti-typhus vacci-
nes, and studied the insect transmission of typhus.
An outbreak of typhus in Spain right after the Spanish Civil War cau-
ght the interest of the Foundation as an opportunity to both study the
vaccines and to study the transmission of the disease. The Foundation
sent a young researcher there to study the disease and also shipped se-
veral guinea pigs to Spain to be infected with the typhus-carrying lice.
American newspapers covered the story of the transport of the Guinea
pigs via Pan-American’s flights to Lisbon (and delivery to Spain), and
their return to the United States to study the strain of typhus that was
rampant in Spain.
The work in Spain gave the foundation clear evidence that the exis-
ting anti-typhus vaccines were not very effective and provided impetus
for the Foundation’s future focus on insecticidal approaches to typhus
control. It was an important step toward the Foundation’s collabora-
tion with the United States’ military’s plans for the invasion of North
Africa and led directly into the Foundation’s later acceptance of DDT
as an effective anti-typhus strategy. Ultimately the Foundation turned
its experience with DDT into a global attack on malaria – one of the
most important stories in 20th century tropical medicine.
KeyWords:
Rockefeller Foundation, typhus epidemics, Spain, vaccines and DDT,
WorldWar II.
An Inst Hig MedTrop 2016; 15:99-104
Políticas e redes internacionais de saúde
pública no século XX