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A n a i s d o I HM T
Cordel: “INI É SAÚDE” – Grupo: Sempre Amigos
Saúde não é doença
Saúde é bem estar
Saúde é saber viver
Gostar, sonhar e amar
Fiocruz é um lugar
Que devemos procurar
Onde encontramos pessoas
Que vêm sempre abraçar
Chegando na Fiocruz
Procurando nos tratar
Encontramos um pessoal
Que souberam nos amar.
Os versos produzidos por este grupo enfatizam o bom aco-
lhimento do local onde os pacientes se tratam e a valoriza-
ção dos profissionais que lhes prestam assistência, ou seja, o
atendimento humanizado.
Por humanização compreendemos a valorização dos diferen-
tes sujeitos implicados no processo de produção de saúde.
Os valores que norteiam essa política são a autonomia e o
protagonismo dos sujeitos, a corresponsabilidade entre eles,
os vínculos solidários e a participação coletiva nas práticas
de saúde [13].
O acolhimento é capaz de promover o vínculo entre profis-
sionais e usuários, possibilitando o estímulo ao autocuidado,
melhor compreensão da doença e corresponsabilização pelo
tratamento. Auxilia na universalização do acesso, fortalece
o trabalho multiprofissional e intersetorial, qualifica a assis-
tência, humaniza as práticas e estimula ações de combate ao
preconceito [14].
A operacionalização desta oficina foi tão bem aceite pelos
participantes que realizámos um evento no dia 22 de agosto,
data de comemoração do Folclore Brasileiro para divulgar
o trabalho realizado. Uma exposição sobre a Literatura de
Cordel foi organizada com o material desenvolvido pelos
participantes na oficina, além de um acervo disponibilizado
pela Academia Brasileira de Literatura de Cordel contendo
folhetos de cordel, com histórias de cientistas como Oswal-
do Cruz, Carlos Chagas, Evandro Chagas, temas relaciona-
dos à ciência, e matrizes de xilogravuras. A exposição ficou
localizada em frente ao Pavilhão Gaspar Vianna (prédio do
hospital), local de grande circulação de usuários internos e
externos.
Destacamos nos versos produzidos palavras que expressaram
o impacto que a participação nas atividades do projeto vem
produzindo no grupo: bem-estar, valorização da natureza,
oportunidade em participar de ações de promoção da saúde,
poluição, saúde, amor e vida.
Proporcionar à população reflexões sobre os determinantes
sociais da saúde, como o acesso ao conhecimento científico e
cultural deve ser ampliado a outras clientelas assistidas pelo
Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro e escolas da rede
pública de ensino, pois sabemos que dentre os diversos en-
tendimentos de tecnologias em saúde destaca-se a educação
e informação, intermediando a atenção e os cuidados com a
saúde [4;10].
Noel Rosa:
música, arte e tuberculose
Dando continuidade as oficinas de literatura, desta vez foi
escolhido o compositor, cantor e violonista brasileiro Noel
Rosa, um dos mais importantes artistas da história da músi-
ca popular brasileira (MPB) que contraiu tuberculose, vindo
a falecer em 1937 desta doença. Em pouco tempo de vida
compôs mais de 200 músicas, entre sambas, marchinhas e
canções.
A MPB constitui uma das mais importantes manifestações
artístico-culturais do país: suas canções (verso e música)
apreendem uma diversidade de aspetos da vida cotidiana,
além de, a seu modo, captarem as transformações nas re-
lações económicas, sociais, políticas e ideológicas. Como
registros de acontecimentos históricos e sociais, a música
popular brasileira constitui uma importante fonte docu-
mental para a produção de conhecimento científico [15].
A valorização e incorporação da MPB, especialmente do
samba, na construção de conhecimentos científicos é uma
forma alternativa de entender questões relacionadas a Saú-
de Coletiva/Saúde Pública e estudar questões da determi-
nação social e histórica do processo saúde-doença [16].
Noel de Medeiros Rosa
faleceu em 04 de maio de 1937,
aos 26 anos de idade, vítima de tuberculose.
Foi sambista,
cantor, compositor, bandolinista, violonista brasileiro e um
dos maiores e mais importantes artistas da música no Brasil.
Noel Rosa passava noites pelos cabarés do bairro da Lapa, no
Rio de Janeiro, cantando, ingerindo bebidas alcoólicas e fu-
mando. Acometido de tuberculose, foi para Belo Horizonte
para tratamento de saúde. Na volta para o Rio de Janeiro,
achando-se curado, volta à vida boémia e acaba morrendo
desta doença.
A
oficina foi realizada em março quando é comemorado
mundialmente o Combate àTuberculose.
Para a realização desta atividade convidámos 20 pessoas (pa-
cientes/seus familiares e amigos e trabalhadores do INI).
Foi realizada a apresentação sobre a vida e a obra de Noel
Rosa; sua história de vida, amores e polémicas, desde o seu
nascimento até à morte, ocasionada pela tuberculose, e a his-
tória da MPB e do samba: desde o surgimento, a evolução
durante os séculos até aos dias atuais.
A segunda etapa da atividade foi uma explanação sobre a tu-
berculose, desde o descobrimento do Brasil, passando pela
época de Noel Rosa até aos dias atuais: a história, epidemiolo-
gia, formas de transmissão, prevenção, tratamento e cura.
Ao final da apresentação, solicitámos aos convidados que for-