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Com o tempo, tais artistas começaram a registrar suas falas
em folhas soltas, conhecidas em Portugal como “volantes”,
e prendê-las em torno do corpo em barbantes para que as
recitassem e, ao mesmo tempo, garantissem as mãos livres
para os movimentos. O cordel chegou ao Brasil a bordo das
naus portuguesas em meados do século XIX, instalando-se
na Bahia e mais precisamente em Salvador. Dali se irradiou
para os demais estados do Nordeste [9].
O género Cordel pode ser uma boa oportunidade de incen-
tivar as pessoas a fazerem uso de experiências culturais que
emanam desta literatura, com toda sua riqueza expressiva,
utilizando-se de várias linguagens: verbal oral, verbal escrita,
musical, gráfica, etc.
Ao final da leitura do cordel “O Bê-A-Bá da Leishmaniose”
solicitámos aos convidados que formassem grupos para que
compusessem poemas de Cordel e produzissem as xilogravu-
ras dos temas/poemas. Foram formados grupos e produzidos
versos sobre experiências em saúde, orientamos que escolhes-
sem um pseudónimo que melhor representasse o grupo.
Foram produzidos 3 cordéis pelos 3 grupos, cujos temas
versaram as experiências em saúde, e declamados por um
representante de cada grupo. Mantivemos os poemas na ín-
tegra, não fizemos nenhuma alteração quanto a concordância
verbal e/ou nominal.
Cordel: “NATUREZA É SAÚDE” – Grupo: Fiscais da Saúde
Livro pequeno de ideias grandes
Parece fácil mas fácil não é
Escrever quatro versinhos
E expressar o que quer
Participo de um grupo
Que prioriza a saúde
Caminhei pela natureza
De belas praias e beleza
Tivemos uma promoção à saúde
Paisagens de completo bem estar
Lindas praias no Rio
E muitas plantas à beira-mar
Quando pensamos em saúde
Procuramos nosso bem estar
Com passeios em belas trilhas
Onde vimos o céu e o mar
A natureza bem tratada
Fica uma beleza
Com saúde no coração
Deixamos pra trás a tristeza
Este grupo se inspirou numa caminhada ecológica na pis-
ta Claudio Coutinho, na Praia Vermelha, seguido de um
alongamento, conduzido por uma professora de educação fí-
sica convidada. Participaram, aproximadamente, 37 pessoas.
Essa dinâmica, denominado de “Nó humano” proporcionou
uma vivência corporal que partiu da demanda coletiva, pos-
sibilitando maior integração do grupo, além de constituir
uma experiência de percepção corporal e reflexão orientada
para a promoção da saúde, melhoria da qualidade de vida dos
pacientes e contato com a natureza [10].
Cordel:
“O FALCÃO” – Grupo
:
Juntos Nós Fizemos
Peço aqui sua licença
E também sua atenção
Pois agora vou falar
Sobre o animal falcão.
Ave predadora que está em extinção
Tem garras e bico fortes,
Voa alto e ligeiro
E tem acreditação
Mas com todo o nosso progresso
Da área urbana sumiu
Com toda a poluição
O falcão se excluiu
Procurou outros lugares
Mais tranquilos e com árvores
Voando no céu de anil
Nas matas do Brasil.
Este grupo se inspirou em um falcão que sobrevoa o
campus
da Fiocruz, mais precisamente o INI, chamando
a atenção do grupo por ser uma ave de rapina e que não
deveria estar em uma área urbana.
Hoje em dia não é muito difícil ver um falcão voando en-
tre os prédios da cidade ou um gavião perseguindo pássa-
ros nos quintais de casas. As aves de rapina já ocorrem em
praticamente todos os centros urbanos e alguns dos fato-
res responsáveis por isso é o aumento da disponibilidade
de presas (roedores, aves e insetos), locais para ninhos
(cavidades artificiais, forro de casas) e baixo número de
predadores e/ou competidores. Além disso, a perda dos
habitats
naturais também colaborou com a presença de al-
gumas espécies nos centros urbanos [11].
Daí a preocupação do grupo com a conscientização e
responsabilidade de todos proteger o ambiente contra a
degradação a fim de que as gerações futuras não sofram
com a inconsequência deste agravo. Há, portanto, a ne-
cessidade de que sejam formuladas políticas de proteção
e de promoção do ambiente saudável, e, além disso, é
preciso que processos participativos dos cidadãos sejam
incentivados nos trabalhos de sensibilização para as ques-
tões ambientais [12].
Doenças, agentes patogénicos, atores, instituições e visões da medicina tropical