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A n a i s d o I HM T

de projetos, palestras ministradas por convidados inter-

nos e externos ao INI, eventos, entre outras. É um espaço

onde são discutidos novos direcionamentos e estratégias

de promoção de saúde com o envolvimento e a partici-

pação direta das pessoas. Isto vem facilitando o planeja-

mento e a organização de novas atividades de divulgação

científica.

A partir de uma palestra sobre epidemiologia, ministra-

da pela coordenadora do laboratório aos pacientes seus

familiares/amigos e colaboradores do INI, o grupo ficou

motivado com a contação de duas histórias [6]:

1)

Acreditava-se que as doenças infeciosas, algumas ve-

zes, eram enviadas pelos deuses como ação benéfica. No

final do século VIII a. C, Ezequias, rei de Judá, atribuiu a

doenças a defesa divina de Jerusalém. O exército assírio

sitiou a cidade e ia invadi-la, mas uma epidemia virulen-

ta acometeu seu acampamento, que não apresentava boas

condições higiénicas, assim favorecendo a contaminação

e disseminação da doença. Em pouco tempo aumentou o

número de cadáveres assírios.

2)

Quando explicada a diferença entre endemia e epide-

mia foram mencionadas as observações feitas por Hipócra-

tes, médico grego considerado o “pai da medicina”, que se

valeu da palavra epidemia para denominar as doenças febris

explosivas numa população.

Epidemos

era um termo em-

pregado pelos gregos em referência aos indivíduos que não

moravam nas cidades, mas que simplesmente permaneciam

em algum lugar e depois partiam.

Endemos

, por sua vez,

era o termo para designar os habitantes. O médico com-

parou as doenças infeciosas de aparecimento súbito e em

larga escala populacional com epidemias porque elas não

eram da região e iam embora.

Periodicamente somos convidados, a apresentar nas reu-

niões mensais da associação os resultados das ações pro-

movidas, compartilhar novas ideias e sugestões a serem

implementadas no projeto. Numa destas vezes em que

participamos, uma das sugestões dos participantes foi a

realização de oficinas sobre literatura brasileira e conta-

ção de histórias das doenças.

Procuramos compartilhar conhecimentos sobre a leish-

maniose e a tuberculose, doenças frequentes no INI agre-

gando-as a atividades lúdicas.

O objetivo do presente manuscrito será descrever a ope-

racionalização e o impacto das oficinas para os participan-

tes destas atividades.

Materiais e métodos

Utilizamos as metodologias participativas, entendidas como

o emprego de métodos e técnicas que possibilitam e faci-

litam aos integrantes de um grupo: vivenciar sentimentos,

percepções sobre determinados fatos ou informações; refle-

tir sobre eles; re-significar seus conhecimentos e valores e

perceber as possibilidades de mudanças [7].

Realizamos duas oficinas em momentos distintos: a “Litera-

tura de Cordel na Saúde e na Ciência” e “Noel Rosa: Música,

Arte eTuberculose” em uma sala de aula daVice-Direção de

Ensino do INI.

Foram convidados para participar das oficinas, independente

do nível de escolaridade, pacientes, seus familiares/amigos

e colaboradores do INI de diversas categorias profissionais

(administrativos, técnicos de laboratório, técnicos de enfer-

magem). Este convite foi realizado por contato telefónico

(móvel ou fixo), diretamente com aqueles que se encontra-

vam aguardando atendimento ou visitando a associação

.

Todos os participantes das oficinas autorizaram, por escrito, a

divulgação de imagem. Este projeto teve a aprovação no Comité

de Ética em Pesquisa do INI (CAAE n

.0040.0.009.000-11)

.

Foram valorizadas as narrativas/narração de histórias de vida

e/ou a experiência nas atividades promotoras da saúde dos

atores sociais envolvidos nas atividades.

As narrativas são uma forma muito comum e natural de

transmitir experiências, e consequentemente, a construção

de novas formas de construção de subjetividades e sociabi-

lidades mais saudáveis. A principal fonte de narrativa

são as

entrevistas, no entanto não são a única fonte de material para

a análise narrativa. As conversas que ocorrem naturalmente

podem ser usadas, bem como grupos focais e todos os tipos

de fontes documentais ou escritas, incluindo as autobiogra-

fias

explícitas.As

pessoas produzem narrativas e histórias na-

turalmente em entrevistas, discussões, grupos focais, rodas

de conversa e em conversas comuns [8].

Resultados e discussão

A oficina “Literatura de Cordel na Saúde e na Ciência” con-

tou com 12 participantes (pacientes, seus familiares/amigos

e colaboradores do INI) e teve como objetivo divulgar, dis-

cutir e entender a literatura de Cordel por meio de uma roda

de conversa, resgatando e valorizando a cultura brasileira,

como uma estratégia de promoção da saúde.

Inicialmente organizamos a contação da história do Cordel

(origem, características), da leishmaniose (a história, epide-

miologia, transmissão, prevenção, tratamento e controle),

seguida da leitura do cordel “O Bê-A-Bá da Leishmaniose”

produzido pelo Centro de Pesquisa Gonçalo Muniz/Fiocruz

em Salvador.

A Literatura de Cordel, uma poesia popular impressa e di-

vulgada em folhetos ilustrados, tem sua origem nas canti-

gas dos trovadores medievais, que comentavam as notícias

da época usando versos. Por volta do século XVI, ela era

praticada na península Ibérica por meio dos trovadores, que

recitavam louvações e galanteios para agradar aos poderosos.