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A n a i s d o I HM T

- 1985:Adesão de Portugal à Comunidade Europeia

- 1992: Centro de Malária e Outras Doenças Tropicais

(CMDT)

até 2015

- 1994: Unidade de Parasitologia e Microbiologia Médica

(UPMM)

até 2015

- 1996: Fundação da CPLP

- 1998: Reforma Institucional do IHMT

- 2002: IV Congresso Europeu de MedicinaTropical; criação

da ADMT

- 2009: Novo regulamento interno do IHMT

- 2010: Reforma institucional

- 2011:WHO Collaborating Centre, "Policy and planning of

the workforce in health"

- 2012: I Congresso Luso-Brasileiro da História da Medicina

Tropical

- 2013: II Conferência Nacional de MedicinaTropical

- 2015: Centre for Global Health and Tropical Medicine

(GHMT)

- 2015: III Conferência Nacional de MedicinaTropical

2.

Contextos Coloniais:

doença do sono e malária (1952-1975)

Por altura do 50º aniversário do IMT em 1952, ano em que

organizou a I Conferência Nacional de Medicina Tropical

em Portugal, o Instituto tinha passado por uma fase de mu-

dança e expansão desde o início dos anos 40, quando Fraga

de Azevedo assumiu a direção. Em 1943 o Instituto voltou

a editar a sua própria revista científica, rebatizada

Anais do

Instituto de Medicina Tropical,

além de ter iniciado uma nova

etapa de internacionalização. Enquanto reforçava o seu papel

no que diz respeito à prevenção e controlo de doenças en-

démicas nas colónias portuguesas na África e Ásia de então,

os investigadores do Instituto ganharam maior visibilidade

internacional, apresentando os resultados da sua investigação

em encontro científicos em universidades estrangeiras e em

fóruns internacionais como a OMS (Azevedo, 1958: 130-6).

No ano de 1952 em que foi fundada a Sociedade Médica de

Medicina Tropical, como secção da Sociedade das Ciências

Médicas de Lisboa, o IMT organizou a I Conferência Na-

cional de Medicina Tropical. Este encontro foi um espelho

dessas mudanças, refletindo-se nas mais de setenta comuni-

cações apresentadas por investigadores vindos de vários paí-

ses e continentes sobre a higiene tropical, aspetos clínicos

da medicina tropical, microbiologia, parasitologia, serviços

de saúde coloniais e o estado de saúde de populações locais

(IMT, 1952a). Se bem que a maior parte dos participan-

tes viessem de Portugal e das suas colónias, outros foram

oriundos do Brasil, Bélgica, Estado Unidos, Egipto, França

e Reino Unido (Amaral, 2013: 5). A maior parte das con-

tribuições focou as doenças causadas por vetores, como a

doença do sono e a malária e, em menor grau, as patologias

infetocontagiosas, não esquecendo as helmintíases, outros

protozoários, tuberculose e a lepra, além de questões de saú-

de pública, como a nutrição e a mortalidade infantil (IMT,

1952b; Caldeira, Francês, Silva & Sousa, 2012).

Estes tópicos refletiam a experiência acumulada do Institu-

to e de outras instituições semelhantes no mundo durante a

primeira metade do século XX. Mas enquanto os simpósios

ilustraram a grande ênfase sobre a doença do sono e a malá-

ria, as comunicações também sublinharam a importância de

outros temas já referidos, seguindo as mudanças ocorridas

desde a II Guerra Mundial e a criação da OMS. As aborda-

gens clínicas centraram-se nas doenças parasitárias como

bilharziose, boubas, úlceras, filaríase, ancilostomíase, es-

quistossomose e doenças sexualmente transmissíveis (DST).

Nas sessões sobre a organização dos serviços de saúde do

ultramar, a investigação científica e a etnografia da saúde nas

sociedades Africanas também foram abordadas, tal como a

internacionalização da saúde, a saúde pública e programas

de controlo de doenças tropicais, um assunto que deixava

antever futuras desenvolvimentos no Instituto nesta área de

estudo.

2.1. A Doença do Sono, a Malária

e as missões de combate

Desde a primeira missão a Angola em 1901, o combate à

doença do sono constituiu, durante o seu primeiro meio sé-

culo de atividade, o foco principal da investigação e inter-

venção da EMT/IMT, tal como para a maior parte das suas

congéneres europeias (Shapiro, 1983: 227/8;Amaral, 2008:

312; Afonso e Grácio, 2008: 2-5; Ribeiro, 2012: 151; Cas-

tro, 2013: 9-14). Apesar de algumas missões emblemáticas

como aquela na Ilha do Príncipe e outras de curta duração

terem sido empreendidas durante as primeiras décadas do

século XX, foi a partir de 1945 que a criação de missões de

caráter permanente alterou de forma decisiva o quadro da

sua ação, a começar com a Missão de Combate à Doença

do Sono na Guiné (1945). No espaço de uma década e meia

seguiram-se outras missões permanentes em Moçambique,

nomeadamente a Missão de Combate às Tripanossomía-

ses (1945), a Missão de Prospeção de Endemias em Angola

em 1950, a Missão de Estudo de Endemias em Cabo Verde

em 1955, em Timor em 1957 e finalmente em São Tomé e

Príncipe em 1962

2

. Além das missões permanentes, o Insti-

tuto também enviava pontualmente missões de estudo para

averiguar e investigar surtos no terreno. Outras patologias

como a febre-amarela, tuberculose, varíola, cólera, boubas,

1- A partir de 1971, o Instituto Nacional de Saúde (INSA) - Ricardo Jorge

2- Para Angola, ver

DL.nº

37727 de 30 de janeiro de 1950; Cabo Verde, ver DL

nº.40.077, de 4 de Março de 1955; esta Missão foi substituída pela Missão para a

Erradicação do Paludismo de CaboVerde, ver DL. nº. 45.348 de 12 de Novembro

1963; para a Missão Permanente de Estudo e Combate às Endemias de Timor, ver

DL nº. 41329, de 23 de Outubro de 1957, que foi extinta pelo DL nº. 46.168, de

20 de Janeiro 1965 e transformada na Brigada Itinerante de Estudo e Combate às

Endemias de Timor; a Missão de Estudo e Combate a Endemias em São Tomé e

Príncipe foi criado pelo DL nº. 42.845, de 11 de Fevereiro 1960.