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pacientes com alta filaremia. Refere que os programas de

controlo são fragmentados não havendo integração entre

eles. Uma solução é fortalecer os pontos comuns entre os

diversos programas como medidas de aconselhamento na

comunidade e melhorias nas condições sanitárias. Para con-

cluir, o palestrante fez referência aos resultados obtidos com

o controlo do dengue, das dificuldades de intervenção nas

determinantes sociais de saúde e no planeamento estratégico

para integração das medidas de controlo.

O Professor Luís Madeira de Carvalho (Faculdade Med.

Veterinária, Univ. Lisboa) iniciou a sua apresentação

"Fila-

rioses zoonóticas emergentes"

com referência a aspe-

tos históricos e epidemiologicos destas parasitoses. Assim, e

neste contexto, passados 400 anos, da data da primeira iden-

tificação de

Dirofilaria immitis

no cão, as filarioses animais

continuam a constituir um importante foco de estudo: com

elevada prevalência em termos mundiais, os seus agentes

são transmitidos por insetos hematófagos e algumas espécies

têm reconhecido potencial zoonótico. De entre as espécies

transmissíveis ao Homem a partir dos animais destacam-se

Dirofilaria immitis

,

D. repens

,

Onchocerca lupi

e

Brugia malayi

.

Apesar do melhor conhecimento da sua biologia e epidemio-

logia e do seu tratamento e controlo serem mais seguros e

eficazes, tem vindo a observar-se uma emergência crescente

destas filarioses a nível animal e humano, referiu o Professor.

A endemicidade de algumas filarioses animais em Portugal

e a problemática do seu diagnóstico e terapêutica, mostram

a importância de consciencializar a comunidade médico-ve-

terinária e a população em geral para a necessidade da sua

prevenção adequada.

O Professor Ricardo Parreira (IHMT) organizou a mesa re-

donda "Arboviroses"

,

com moderação do Professor Maurí-

cio Nogueira (Univ. S. José de Rio Preto, Brasil), foram de-

batidos os desafios emergentes no controlo de arboviroses,

estratégias de diagnóstico e controlo vetorial. Os arboviros

compreendem um grupo ecológico de mais de 500 vírus dis-

tintos, dos quais fazem parte, por exemplo, a Dengue e o

Chikungunya. Nas últimas décadas tem-se assistido à disper-

são geográfica de alguns destes vírus, registando-se casos em

novas zonas e o seu reaparecimento em locais onde já haviam

sido extintos. Este facto acentua a necessidade de dar lugar a

discussão sobre manutenção de sistemas de vigilância e im-

plementação de medidas que permitam baixar a transmissão

viral, bem como o desenvolvimento de métodos de diag-

nóstico e rastreio sensíveis, específicos e economicamente

acessíveis, para além de novas vacinas e terapêuticas. Nesta

sessão foi feita uma abordagem multidisciplinar do tema ar-

boviroses em que se apresentaram trabalhos e desafios relati-

vamente a arbovírus, vetores e clínica.

Maurício Nogueira iniciu a sua palestra

"Dengue e outras

arboviroses no Brasil: Desafios emergentes"

apre-

sentando a enorme diversidade de arbovírus circulantes no

Brasil e que se encontram sub-detetados pela dominância e

importância do vírus de dengue no território. Em seguida

falou-se dos arbovírus que circulam em Espanha e o diag-

nóstico dos mesmos na sessão

"Diagnóstico de arbovi-

rus em Espanha"

proferida por Maria Paz Sanchez-Seco

(Institute Carlos III, Madrid, Espanha). Passou-se ao conti-

nente africano, onde um surto de dengue em Moçambique

em 2014, foi tema da apresentação intitulada

"Dengue

em Nampula e Cabo Delgado em 2014 e atividades

em curso em relação ao controlo vetorial"

por Célia

Chirindza (Investigadora, Min. Saúde, Moçambique) e que

incidiu sobre a intervenção das autoridades locais quer em

termos de clínica, diagnóstico e controlo vetorial. Na sessão

"Estudo genético e filogeográfico de populações

do mosquito vetor de dengue (

Aedes aegypti

) em

Cabo Verde"

, Patrícia Salgueiro (Investigadora no IHMT)

fez referência ao surto de dengue ocorrido em Cabo Verde

em 2009, no âmbito de um estudo genético e filogeográfico

do vetor

Aedes aegypti

na região com recomendações para o

controlo vetorial.

O surto de dengue da Madeira em 2012 foi tema de três

apresentações nesta sessão temática. Ricardo Matos (Iberia

Sales Scientific Liaison/Alere) proferiu a palestra

"Testes

rápidos de Dengue"

na qual discutiu o desafio da apli-

cação de um teste rápido para diagnóstico da infeção. Na

apresentação

"Desafio laboratorial no diagnóstico

num surto de Dengue"

ministrada por

Susana Agostinho

(Laboratório Castro Fernandes, Madeira) abordou o desa-

fio laboratorial no diagnóstico, num território a lidar com

um primeiro surto de infeção, e por fim o resultado de um

estudo-piloto com um novo inseticida anti-larvar muito pro-

missor foi apresentado por Bianca Pires (IHMT) na sessão

intitulada

"Estudo piloto de auto-disseminação de

piriproxifeno no Paúl do Mar, Ilha da Madeira"

.

Houve ainda lugar a uma sessão de apresentações livres, mo-

derada pela investigadora Ana Paula Arez (IHMT) e Profes-

sor João Pinto (IHMT).

Na primeira apresentação desta sessão, Tiago Rocha Vaz

(IHMT) falou sobre a análise proteómica na interação entre

P. falciparum

e eritrócitos hospedeiros começando por refe-

rir que sendo a malária, uma causa de elevada mortalidade,

acaba por exercer uma força seletiva importante no genoma

humano, levando à seleção de variantes que exercem efei-

tos protetores. Com base em estudos prévios que mostram

a existência de um efeito protetor em humanos com defi-

ciências em duas enzimas: glucose-6-fosfato desidrogenase

(G6PD) e a cinase piruvato (PK), o palesterante apresen-

tou o objetivo do estudo: "

Como é que as deficiências

nestas enzimas interferem na propagação do para-

sita?"

Através da caracterização do proteoma de eritrócitos

deficientes em G6PD e PK, identificaram-se proteínas de

membrana que estão diferencialmente expressas e que po-

dem estar relacionadas com o efeito protector à infeção.

Bruno Gomes (IHMT) proferiu a palestra sobre

"Estru-

turação intraespecífica em

Anopheles gambiae

e os

impactos epidemiológicos na Guiné -Bissau"

. As es-

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