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A n a i s d o I HM T
nistração sublingual que permitirá evitar em parte o efeito
nocivo, reduzir a sua concentração e melhorar a biodispo-
nibilidade.
Marta Nascimento (IHMT) descreveu a otimização de uma
técnica de amplificação isotérmica associada a sondas mole-
culares para a identificação das espécies de
Borrelia burdorferi
s.l. mais prevalentes em Portugal.Tendo em conta que cada
espécie de borrelia está associada a diferentes quadros clíni-
cos, é importante que os testes de diagnóstico as diferencie
de modo a que seja instituído o tratamento adequado. A au-
tora descreveu sucintamente a técnica (LAMP; Loop Media-
ted Isothermal Amplification), tendo como alvo o gene
fla
codificante da proteína flagelar, comum às quatro espécies
de
Borrelia burdorferi
s.l. Esta técnica apresentou uma espe-
cificiade de 100% e uma boa sensibilidade, equivalente a
metodologias como o PCR em tempo real e o nested-PCR,
tendo a vantagem de ser um método molecular mais rápido,
mais barato e sem necessidade de equipamento sofisticado,
podendo por isso ser utilizada em laboratórios com poucos
recursos.
A encerrar esta mesa redonda,Ana Maria Fonseca (CRESIB,
Barcelona, Espanha) apresentou o desenvolvimento de um
teste serológico específico de gravidez como uma forma de
medir a transmissão de malária. A infeção com
P. falcipa-
rum
durante a gravidez está associada a uma forte resposta
imunitária com produção de anticorpos específicos contra
a proteína membranar dos eritrócitos VAR2CSA, sugerindo
que a deteção destes anticorpos pode eventualmente consti-
tuir uma forma simples e eficaz de monitorização de infeção
malárica. Neste trabalho, Ana Fonseca e colaboradores fize-
ram um rastreio de péptidos derivados deVAR2CSA contra
os quais uma resposta imunitária seria rapidamente gerada e
detetada durante a gravidez. O grande objetivo deste traba-
lho consiste em explorar o valor da serologia de VAR2CSA
na detecção de alterações recentes na exposição a
P. falcipa-
rum,
de mulheres grávidas que recebem tratamentos inter-
mitentes com diferentes anti-maláricos, e criar posterior-
mente um teste serológico gravidez-específico que poderá
ser utilizado na vigilância da doença.
As "filarioses" foram também tema da mesa redonda, coor-
denada pela Professora Silvana Belo (IHMT) e moderada
pelo Investigador Abraham Rocha (Oswaldo Cruz, Recife,
Brasil) com o objetivo de abordar os desafios para a elimi-
nação destas doenças até 2020. A sessão iniciou-se com a
apresentação de A. Rocha intitulada
"Filariose Linfática
Controlo com vista a eliminação até 2020, um desa-
fio para as áreas endêmicas no Brasil."
O palestrante
introduziu o tema e enfatizou que o objetivo do programa no
Brasil é controlar a doença com vista à eliminação até 2020.
Fez a apresentação de como funciona o serviço de controlo
na área endémica de Pernambuco e reforçou que a filariose
tem grande impacto social na região. Um dos problemas le-
vantados foi a não procura de atendimento médico por parte
dos doentes em decorrência do longo período de latência da
infeção e as dificuldades no diagnóstico (a parasitemia ocor-
re à noite). O serviço segue as orientações da OMS e utili-
za a ecografia para detetar a presença do parasita
in vivo
. A.
Rocha efetuou uma revisão acerca da filariose e da situação
epidemiológica no Brasil, afirmando que o único inquérito
promovido para conhecer a realidade no Brasil foi realiza-
do na década de 50. Falou também sobre as experiências de
cooperação com o Haiti, o país com maior número de casos
da doença nas Américas. A OMS recomenda o tratamento
em massa de forma regular com o objetivo de reduzir o so-
frimento das pessoas e afirma que esta estratégia tem obti-
do bons resultados ao longo do tempo. Comenta acerca da
experiência do serviço em Pernambuco no tratamento das
sequelas da doença com fisioterapia. O palestrante finalizou
expondo novas modalidades de diagnóstico e que o apoio, a
integração com a comunidade e a manutenção das atividades
de controlo são essenciais para que se alcance os objetivos de
eliminação da doença.
Olga Ameal (Investigadora, Min. Saúde, Moçambique) pro-
feriu a segunda apresentação desta sessão subordinada ao
tema
"Filariose Linfática e Helmintoses negligen-
ciadas em Moçambique – estratégias sinérgicas de
controlo".
Moçambique apresenta no seu território di-
versas doenças consideradas negligenciadas como a filariose
e outras helmintoses transmitidas pelo solo e pela água. O
tratamento em massa proposto pela OMS, carece todavia
da monitorização dos casos com o objetivo do mapeamento
da distribuição e avaliação dos resultados.A filariose linfática
afeta cerca de 13 % da população deste país e depende da
manutenção do tratamento em massa. Em algumas localida-
des há 100 % de prevalência de shistossomose.A palestrante
e coordenadora do Programa de Controlo das Doenças Tro-
picais Negligenciadas do Ministério da Saúde de Moçambi-
que, aprofundou as estratégias de controlo sinérgico e afir-
mou que o objetivo do programa a curto prazo é reduzir a
prevalência das helmintoses para menos de 20 % a 10 % da
shistossomose. Na avaliação das medidas de controlo há ne-
cessidade de estudar as diferentes comunidades e comentou
igualmente a dificuldade associada ao diagnóstico da filario-
se. O uso de teste rápido para filariose também foi abordado,
em que o grande avanço reside na possibilidade de realizar
a deteção durante o dia. O. Ameal finalizou a palestra re-
forçando a necessidade de integração das ações de controlo
das helmintoses e outras doenças negligenciadas, inclusive as
doenças transmitidas por vetores.
FIlomeno Fortes (Professor do IHMT e MSA), coordenador
do Programa de Controlo das Doenças Tropicais Negligen-
ciadas do Ministério da Saúde deAngola integrou esta sessão
com a palestra
"Controlo Integrado da luta anti-ve-
torial: malária, filariose linfática e oncocercose".
Iniciou com a apresentação da situação epidemiológica des-
tas doenças em Angola. Reforçou a importância dos veto-
res na ocorrência das doenças de grande impacto na região.
Cita também as dificuldades no tratamento da filariose em