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da vantagem de serem direccionados apenas contra um epi-

topo, a tecnologia de obtenção de anticorpos monoclonais

apresenta também o benefício de controlo de quantidade.

O uso de soro no presente estudo se por um lado aumentou

o número de anticorpos disponíveis na refeição, por outro

limitou o controlo da quantidade de anticorpos específicos

ingeridos pelos exemplares.

Em relação aos níveis de infecção por

Babesia bigemina

exis-

te uma aparente redução nos níveis de infecção das carraças

alimentadas com sangue infectado suplementado de soro

anti-CRT quer quando comparado com o grupo alimentado

apenas com sangue infectado (

±

65%) quer com o grupo ali-

mentado com suplemento de soro controlo (

±

37%) (Tabela

2). No entanto estas diferenças não são estatisticamente sig-

nificativas (teste

t

-student P >0,05).

De igual forma a quantidade de anticorpos parece não ter

sido suficiente para influenciar significativamente os níveis

de infecção. No entanto a sugestão de que a infecção é re-

duzida aquando a ingestão de anticorpos anti-CRT está pre-

sente, incentivando a investigação do papel desta proteína no

processo de infecção.

Relativamente á expressão do gene CRT verifica-se que exis-

te uma diferença significativa na expressão deste gene entre

o grupo alimentado com sangue infectado e o grupo alimen-

tado com sangue saudável (teste

t

–student, P > 0.05) tal

como verificado anteriormente [18] havendo um aumento

de expressão na população alimentada com sangue infectado.

Verifica-se ainda que no caso de alimentação com soro anti-

-CRT e sangue não infectado em comparação com alimen-

tação de soro controlo existe uma diferença quase significa-

tiva (P=0.06) sendo significativa quando comparado com o

grupo alimentado apenas com sangue (P< 0.01) sugerindo

um efeito da ingestão de anticorpos anti-CRT na expressão

do gene havendo um decréscimo de expressão nos grupos

alimentados com anticorpos anti-CRT. No caso dos grupos

experimentais alimentados com sangue infectado não foram

verificadas diferenças significativas entre grupos. Compa-

rando o grupo alimentado apenas com sangue infectado e

o grupo alimentado com soro-anti-CRT verifica-se uma di-

ferença nos níveis de CRT quase significativa (P=0.06) ha-

vendo neste caso um aumento de expressão no grupo com

suplemento de soro anti-CRT. São necessários mais estudos

para comprovar o envolvimento desta proteína no processo

de infecção.

Conclusões Gerais

O objectivo central do presente foi comprovar o método de

alimentação artificial de carraças como um método efecti-

vo na escolha de antigénios passíveis de integrar um estudo

de vacinação animal. A alimentação artificial de fêmeas

R.

microplus

foi estabelecida com sucesso tendo havido um in-

cremento de peso muito significativo em todos os grupos

experimentais. A proteína recombinante calreticulina foi

expressa com êxito no sistema de expressão

E. coli

no entan-

to devido a ser um proteína muito conservada a imunização

de murganhos resultou numa baixa resposta imunitária por

parte dos murganhos levando a que não fossem conseguidos

títulos altos de anticorpo anti CRT. Assim a alimentação ar-

tificial de carraças com soro anti-CRT não teve os resultados

esperados visto que não foram observadas reduções signifi-

cativas quer no incremento de peso, quer no peso da progé-

nie (ovos). O mesmo sucedeu nos níveis de infecção por B.

bigemina

nos grupos alimentados com sangue infectado que,

apesar de aparentemente decrescerem no grupo alimentado

com soro anti-CRT, não são estatisticamente significativos.

Com estes resultados pode concluir-se que apesar da técnica

de alimentação artificial de carraças ser uma ferramenta útil

na selecção de antigénios eficazes contra carraças, a calreti-

culina não parece ser um bom candidato desenvolvimento de

vacinas recombinantes. São necessários mais estudos focados

em epitopos específicos desta proteína que possam superar a

alta conservação da proteína na resposta imunitária do verte-

brado.Anticorpos monoclonais poderão também ser a chave

para a obtenção de resultados mais encorajadores uma vez

que além de serem direccionados/específica de um epitopo

a quantidade de anticorpos pode ser controlada.

Agradecimentos

Este trabalho foi financiado pela Fundação para a Ci-

ência e Tecnologia (FCT), Portugal, projecto PTDC/

CVT/112050/2009. A Sandra Antunes foi também fi-

nanciada pela FCT com a bolsa de doutoramento SFRH/

BD/48251/2008. Octávio Merino é financiado pelo Post-

-graduate training network for capacity building to control

ticks and tick-borne diseases integrado no programa FP7-

PEOPLE – ITN (EU Grant No. 238511).

Artigo Original