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Científica Tropical (IICT), foram identificadas as espécies

vegetais e herborizaram-se exemplares representativos, re-

ferenciando-se o coletor, número, local e data de colheita,

tendo sido depositados no Herbário do IICT em Lisboa, as-

segurando deste modo a sua conservação, validando os

espécimes e a origem geográfica das plantas em estudo.

As folhas de

M. pulegium

(poejo) de CaboVerde e Portugal

e a parte aérea de

F. vulgare

(funcho) de Cabo Verde de-

pois de secas à temperatura ambiente e no escuro, foram

submetidas a processos de extração dos óleos essenciais

(OEs), por hidrodestilação, utilizando um aparelho de

Clevenger modificado. Pelo facto do funcho ter um bai-

xo rendimento optou-se por utilizar o óleo essencial co-

mercial de

F. vulgare

de Portugal, adquirido na Terra Pura,

Segredo da Planta.A obtenção dos extratos de folhas de

S.

nigra

,

M. azedarach

e

A. indica

foi feita com solventes de di-

ferentes polaridades (hexano, acetato de etilo e etanol).A

preparação dos extratos desenvolveu-se em 4 fases: seca-

gem, extração, filtração e evaporação. Todos os trabalhos

de secagem, produção de óleos e extratos vegetais de-

correram no laboratório de Ecofisiologia e Biotecnologia

(URGENP) do INIAV, em Oeiras.

As colónias de

An. arabiensis

, estirpe Dongola (ovos ce-

didos pela Agência Atómica Europeia), originária do

Sudão e de

Ae. aegypti

originária de Cabo Verde, foram

implementadas e mantidas ao longo de várias gerações

em condições otimizadas de temperatura, humidade rela-

tiva e fotoperíodo nos insectários da Unidade de Ensino

e Investigação de Parasitologia Médica do IHMT em

Lisboa.

Os bioensaios de atividade larvicida foram efetuados

de acordo com os testes padronizados da Organização

Mundial da Saúde [17; 18; 19].

As condições ambientais durante a fase de criação e bio-

ensaios de sensibilidade foram constantes, de 26±2ºC de

temperatura, 80±10% de humidade relativa e um foto-

período de 12 horas de escuro/luz, estando os adultos de

Ae. aegypti

acondicionados em câmara de segurança.

Para a preparação dos ensaios com OE’s foi necessária a

adição do tensioativo Tween® 20, de modo a obter uma

emulsão otimizada do produto em água. Para tal foi pre-

viamente testada uma gama de concentrações deste ten-

sioativo de modo a eliminar qualquer efeito tóxico even-

tual do mesmo sobre as larvas.

Os óleos essenciais cujas propriedades larvicidas foram

avaliadas, foram em seguida analisados por espectrosco-

pia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN de

13

C),

de modo a identificar os seus constituintes maioritários.

Os extratos vegetais de acetato de etilo

S. nigra

por te-

rem revelado atividade larvicida, foram analisados por

cromatografias de TLC (cromatografia de camada fina) e

fraccionados por cromatografia de coluna (CC) para pos-

teriormente serem analisados por Cromatografia Líquida

de Alta Resolução (HPLC), de modo a caraterizar o perfil

químico da planta, dados não apresentados neste artigo.

Os resultados dos bioensaios de determinação do nível

de sensibilidade aos extratos, óleos essenciais e seus com-

postos ativos foram analisados estatisticamente com re-

curso aos programas Microsoft Excel ® 2010 e SPSS®

paraWindows, versão 21.

Resultados e discussão

Os óleos essenciais de

F. vulgare

e de

M. pulegium

reve-

laram atividade larvicida, 24h após o início do ensaio.

Atingiu-se, aproximadamente, 100% de mortalidade das

larvas de

Ae. aegypti

com 52,4μl/l do óleo de funcho (

F.

vulgare

) de Portugal comparativamente aos 37,1μl/l do

funcho Cabo-Verde (Tabela 1). Este resultado confirmou

os efeitos larvicidas do óleo essencial de

F. vulgare

referi-

dos por Chung

et al

., 2011, que obtiveram efeito tóxi-

co considerável com esta mesma planta nas larvas do 4º

estádio de

Ae. aegypti

com CL

50

de 41,23ppm e CL

90

de

65,20ppm [20].

As diferenças de atividade observadas com os OEs do

F.

vulgare

de Portugal e CaboVerde devem-se, provavelmen-

te, às caraterísticas edafoclimáticas das duas regiões, o

que confirma a teoria de Sukumar

et al

1991, segundo a

qual a origem geográfica das plantas condiciona a bioati-

vidade das mesmas [21].

Os resultados obtidos comprovam ainda efeito larvicida

de OE de

M. pulegium

de Portugal (CL

99

-189,6µl/l) e de

Cabo-Verde (CL

99

-223,96µl/l), sendo o OE desta planta

menos ativo comparativamente ao do

F. vulgare

.

A análise por

13

C RMN do OE de

M. pulegium

de Portugal

(Tabela 2) mostrou que a pulegona1 (Figura 2) é o seu

principal composto, seguido de mentona, enquanto no

OE de Cabo Verde foram detetados vestígios de pulego-

na sendo este óleo uma mistura complexa de mentona2,

mentol entre outros compostos terpénicos. A pulegona1

foi também o composto maioritário detetado no OE co-

mercial do poejo. Relativamente à constituição do OE de

F. vulgare

de Cabo Verde, o

trans-

anetol3 e o limoneno4

(Figura 2) são os principais constituintes identificados na

análise de RMN de

13

C (Tabela 3). A análise do OE de fun-

Fig. 2 -

Estrutura química dos principais compostos que constituem os OEs

da

M.pulegium e F.vulgare.

Artigo Original