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A n a i s d o I HM T

Introdução

Os mosquitos são o maior grupo de insetos responsável, a

nível mundial, pela transmissão de doenças como a malária

e arboviroses, nomeadamente a febre-amarela, dengue e di-

versas encefalites, e outras parasitoses tais como a maioria

das filarioses [1;2].

A malária, sendo uma das mais antigas doenças infeciosas co-

nhecidas nas sociedades africanas, continua a causar morbili-

dade e mortalidade elevadas, com a consequente sobrecarga

económica nas regiões particularmente mais afetadas. De

acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde

(OMS), em 2010 foram notificados cerca de 216 milhões de

casos de malária a nível mundial[3]. Mais de 80% dos casos

e 91 % das mortes foram registadas no continente africano,

tendo um custo anual superior a 12 mil milhões de dólares e

causando um elevado atraso no crescimento económico em

cerca de 1,3 por cento por ano [4; 5; 6; 7]. Assim, a malária

continua a ser um dos maiores problemas de saúde pública,

principalmente em regiões tropicais e subtropicais.

A malária não constitui um problema prioritário de Saúde

Pública em CaboVerde mas, dada a vulnerabilidade e a rece-

tividade do país, é necessária uma vigilância epidemiológica

permanente, orientada para a prevenção, deteção precoce e

contenção de epidemias, tratamento correto dos casos e mo-

nitorização da eficácia do tratamento, bem como o controlo

e vigilância entomológica [8].

Anopheles arabiensis

, única espécie de

Anopheles

vetor de ma-

lária presente no arquipélago de Cabo Verde [9; 10], foi

descrita como um mosquito antropofílico, de tendência

exofágica e exofílica, com uma área de distribuição entre

a costa e 500 metros de altitude [11]. As larvas desta espé-

cie encontram-se presentes, ao longo do ano, em tanques e

poços agrícolas, levadas, tanques doméstico mal cobertos,

poças temporárias  e charcos, constituindo os primeiros bi-

ótopos larvares permanentes. No entanto, tem como locais

de criação as poças nas margens das ribeiras, pegadas de ani-

mais e charcos temporários expostos ao sol formados du-

rante a época das chuvas pelo que, durante este período, há

tendência para uma proliferação significativa do vetor, que é

também facilitada pelo aumento de temperatura.

A dengue é uma doença infeciosa febril aguda causada por

um vírus da família Flaviviridae, género

Flavivirus

, que in-

clui quatro tipos imunológicos DENV-1, DENV-2, DENV-3

e DENV-4, e tem como principais vetores duas espécies de

mosquito, nomeadamente,

Aedes aegypti

(Linnaeus, 1762) e

Aedes albopictus

, (Skuse, 1894), [12;13].

No arquipélago africano de CaboVerde, a primeira epidemia

de dengue, com 21.000 casos em 2009, demonstrou que o ví-

rus da dengue está-se expandindo em novos territórios [14].

Dado que ainda não existe uma vacina ou tratamento espe-

cífico eficaz para maior parte das arboviroses e parasitoses,

os programas de controlo vetorial constituem uma das prin-

cipais estratégias de prevenção e combate às doenças como

dengue e malária. Tendo surgido resistência aos inseticidas,

para todas as classes dos mesmos, incluindo microbianos e

reguladores de crescimento [15], os produtos de origem ve-

getal ressurgem como uma promissora fonte de compostos

biologicamente ativos no controlo de vetores de agentes pa-

togénicos.

Os extratos de plantas são fontes de substâncias bioativas

potencialmente úteis na luta química contra os insetos, atu-

ando como ovicidas, larvicidas e/ou adulticidas. Desde a

Idade Média que os óleos essenciais têm sido amplamente

utilizados como bactericidas, fungicidas, anti-virais, anti-

-parasitários e inseticidas, tendo hoje em dia importância

nas indústrias farmacêutica, sanitária, cosmética, agrícola e

alimentar [16].

Com este trabalho pretendeu-se: i) estudar a composição

química dos extratos de

Sambucus nigra

, L.

Melia azedarach,

L.

Azadirachta indica

A. Juss

e óleos essenciais (OE’s) de

Mentha

pulegium,

L

.

e

Foeniculum vulgare

, Mill das ilhas de CaboVerde

e de Portugal (Figura 1); ii) Avaliar o efeito inseticida destes

produtos em insetos (imaturos e adultos) de

Anopheles ara-

biensis

e de

Aedes aegypti

, vetores, respetivamente, de malária

e dengue em CaboVerde.

Materiais e métodos

O material vegetal utilizado para todas as fases experimen-

tais foi proveniente de regiões do Norte e Sul de Portugal

e do Arquipélago de Cabo Verde (ilhas de Santiago e Santo

Antão), sendo todas as amostras recolhidas na mesma fase

de desenvolvimento da planta.

S. nigra

foi a única espécie es-

tudada apenas de Portugal por não existir em CaboVerde.

Sob a orientação científica da Doutora Maria Cândida

Liberato, Investigadora jubilada do Instituto de Investigação

Fig. 1 -

Plantas em estudo

Figura1- Plantas em estudo.

Tabela 1 - Atividade larvicida dos óleos essenciais de

F. vulgare

e

M. pulegium

no 3º estádio das

larvas de

Ae. aegypti

, 24 horas após o contato.

Efeito larvicida do óleo essencial

Mentha pulegium

L.

Foeniculum vulgare

Mill

Sambucus nigra

L.

Azadirachta indica

A. Juss

Melia azedarach

L

.