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etiológicos de diarreia aguda em crianças, assim

como as características dos vírus circulantes.

Entre agosto de 2011 e junho de 2012, numa

parceria com o Instituto Marquês de Valle Flôr e

financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian,

foram colhidas, em São Tomé e Príncipe, 244

amostras fecais de crianças, menores de 5 anos,

com diarreia aguda. A aplicação de um teste rápido

(

CerTest Biotec

, Espanha) revelou 36% (n=88) de

prevalência de infeção por RV. Através de um

ensaio de RT-PCR

hemi-nested multiplex

(Iturriza-

Gómara

et al

., 2004), foi determinado o genótipo

de VP7 e VP4 para 71 das 84 amostras comARN

viral, tendo-se identificado oito combinações G/P

diferentes, sendo a mais prevalente a G8P[6]

(58%). A presença de produtos de amplificação

correspondentes a mais de um genótipo, para VP4

ou VP7, observada em 19% dos casos, sugere

existência de infeções mistas ou de mutações que

permitam emparelhamento inespecífico de

primers

. Relativamente à epidemiologia da infeção

por RV emSão Tomé e Príncipe, os dados até agora

obtidos permitem-nos observar: i) elevada

prevalência de infeção; ii) predominância dos

genótipos

G8

(64%)

e

P[6]

(68%),

maioritariamente na combinação G8P[6], já

descrita para o continente africano, mas com

prevalências muito mais baixas (Bányai

et al

.,

2012; Todd

et al

., 2010); iii) existência de estirpes

de RV não genotipadas ou com genotipagem

incompleta (total de 16%), podendo representar

novos RV humanos, por exemplo, devido a

transmissões

zoonóticas,

comparável

ao

anteriormente encontrado noutros países africanos

(Todd

et al

., 2010; Bányai

et al

., 2012); iv)

circulação de apenas uma das cinco estirpes

globalmente mais prevalentes, G1P[8], a qual está

presente em ambas as vacinas disponíveis, e que

representa 8,3% das estirpes estudadas; v) apenas

13% dos indivíduos estão infetados por vírus com

genótipos cobertos pelas vacinas disponíveis

atualmente, pelo que a sua implementação

permitirá testar outros mecanismos de resposta

imunitária protetora para além da produção de

anticorpos neutralizantes específicos dos serotipos

G e P.

Angola é um dos países que receberá apoio da

Global Alliance for Vaccines and Immunisation

para

a

vacinação

contra

RV

(

http://www.gavialliance.org/support/nvs/rotaviru

s/). No sentido de estabelecer o padrão

epidemiológico dos RV em Angola antes da

implementação da vacina, em junho de 2012, com

colaboração do Instituto Nacional de Saúde Pública

de Angola, foram colhidas 255 amostras fecais de

crianças, da província do Huambo, com diarreia

aguda. A prevalência da infeção por RV encontrada

foi de 40%, encontrando-se a decorrer a

caracterização genética das estirpes virais.

Os dados obtidos nestes projetos permitirão

avaliar o peso relativo da infeção por RV nos casos

de diarreia aguda infantil, poderão contribuir para

uma escolha mais informada da vacina a introduzir

e servirão como linha de base a estudos de

vigilância epidemiológica a realizar no contexto da

vacinação.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Fundação Calouste

Gulbenkian e ao Instituto Marquês Valle de Flôr

pelo apoio financeiro e logístico (respetivamente),

que têm tornado possível a realização do trabalho

apresentado.