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tratados empiricamente através de uma abordagem sindromática por vezes sem

recurso a análises laboratoriais que confirmem a infeção e, além disso, existem os

casos assintomáticos que contribuem para a contínua propagação da infeção por

N.

gonorrhoeae

. A gonorreia é tratável e curável mas não está disponível uma vacina.

Consequentemente, o controlo desta doença depende da identificação e tratamento

de indivíduos infetados e dos seus contactos na rede de transmissão. Por outro

lado, quando é efetuada cultura os resultados apresentam ocasionalmente falsos

negativos, devido às características exigentes de crescimento da

N. gonorrhoeae

in

vitro

ou à automedicação prévia do doente.

Objetivos:

Avaliar a ocorrência de infeções por

Neisseria gonorrhoeae

entre

utentes de uma consulta de venereologia, nos primeiros seis meses de 2011.

Métodos:

Estudo transversal. Amostragem consecutiva, cálculo do número de

amostras pela fórmula de

Wald

para um nível de confiança de 95% e um erro de

previsão de 3,3%. Foram analisadas 145 amostras de urina utilizando técnicas de

amplificação de ácidos nucleicos com alvos diferentes. A identificação de

Neisseria

gonorrhoeae

foi efetuada pela deteção de uma sequência do pseudogene

porA

de

N. gonorrhoeae

por técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo

real e pela deteção de uma sequência do gene

ccpB

de

N. gonorrhoeae

por técnica

de PCR. Critérios de exclusão: recusa em participar ou apresentar problemas para o

entendimento do consentimento livre e informado.

Resultados:

Foi detetada

Neisseria gonorrhoeae

em 8 doentes – 5,5 % de

prevalência global. A prevalência entre indivíduos com infeção sexualmente

transmissível prévia (n = 35) foi significativamente mais elevada (p = 0,032). Neste

grupo detetou-se

N. gonorrhoeae

em 4 doentes (11,43 %). Em doentes com queixas

de exsudado uretral (n = 29), foi detetada

N. gonorrhoeae

em seis (20,69 %),

demonstrando que a prevalência entre os indivíduos com este sintoma é, também,

significativamente mais elevada (p = 0,001). A coinfecção com

Clamydia trachomatis

foi observada em 1,4 % dos casos (2/145). A percentagem de casos assintomáticos

foi de 12,5 % (1/8). As técnicas de PCR utilizadas neste estudo demonstraram-se

igualmente especificas para a deteção de

N. gonorrhoeae

e ambas mais sensíveis

relativamente à cultura. Neste estudo as estirpes isoladas em cultura apresentaram

resistência a penicilina em 25 % dos casos, 37,5 % a tetraciclinas e 12,5 % eram

produtoras de β-lactamases.

Conclusões:

A prevalência determinada neste estudo encontra-se superior ao

esperado. Os resultados deste estudo indicam a existência de um importante

problema de saúde pública e a necessidade de considerar a implementação de

rastreios em grupos específicos de população. Este estudo confirma que as técnicas

de PCR com os alvos

porA

e

ccpB

são satisfatórias para a deteção de

Neisseria

gonorrhoeae

em amostras de urina. Apesar da percentagem de estirpes resistentes

a tetraciclinas e penicilina ser elevada não foram demonstradas resistências a

fluoroquinolonas ou cefalosporinas nas estirpes estudadas.