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LOBO, Elsa da Conceição (2015) Contribuição para o estudo da

resposta terapêutica

in vivo

às combinações baseadas em

derivados da Artemisinina no tratamento da Malária em Maputo.

Dissertação de Doutoramento no ramo de Ciências Biomédicas,

especialidade de Parasitologia. IHMT. Lisboa.

Com o objetivo de reduzir a emergência e propagação de parasitas resistentes

aos antimaláricos, a OMS recomenda o uso de terapia combinada à base de

artemisinina (ACT) como tratamento de primeira linha para a malária não

complicada por

P. falciparum.

A resistência aos ACTs foi recentemente

relatada no Sudeste Asiático. Historicamente, a região oriental da Africa sub-

Sahariana tem sido um dos principais focos de disseminação da resistência

aos antimaláricos. Em Moçambique, um país da Africa do Leste, a malária é

um grande desafio para a saúde pública, responsável por 56% dos

internamentos pediátricos e 26% das mortes intrahospitalares. O tratamento

com artesunato e sulfadoxina+pyrimethamina foi implementado em 2004. Esta

combinação foi substituída por artesunato+amodiaquina (ASAQ) ou

arteméter+lumefantrina (AL) em 2009. Em Moçambique, a resposta terapêutica

aos ACTs é pouco estudada, existindo poucos dados sistematizados relativos

aos aspetos clínicos e gravidade da doença nos pacientes hospitalizados. Os

polimorfismos no gene

pfmdr1

têm sido associados a alterações na

susceptibilidade aos antimaláricos, incluindo os ACTs. Em 2014, foi proposto

um marcador molecular correlacionando mutações no gene

pfK13

ao fenótipo

de susceptibilidade aos ACTs. Os nossos objetivos foram: contribuir para

delinear o perfil da resposta terapêutica da malária

falciparum

não complicada

(MnC) em pacientes tratados com ACTs em Maputo; contribuir para melhor

compreensão do quadro clínico e evolução da malária grave (MG); descrever a

frequência de marcadores moleculares de resistência aos antimaláricos usados

em Maputo. Foram incluídos 412 pacientes com MnC (2010-2012); 284 foram

tratados com AL (106 no Centro de Saúde1º de Maio e 168 no Centro de

Saúde de Boane); os restantes 138 foram tratados com ASAQ em Boane. Dois

pacientes (tratados com ASAQ) regressaram no D7 com sintomas e

parasitémia. Os restantes tiveram resposta adequada até ao D14. Para estudo

clínico e evolução da malária grave, foram seleccionados pacientes na

enfermaria pediátrica do Hospital Central de Maputo, de Fevereiro a Março de

2012. Dos 129 incluídos, 30 apresentaram malária cerebral (MC) com

scores

de Glasgow entre 4-9. Cinco destes resultaram em óbito nas primeiras 24h

após admissão. Os pacientes portadores do genótipo

RNAse3

GG

apresentaram

score

de Glasgow inferior à admissão, embora sem diferença

significativa. Para analisar a tendência temporal da frequência de marcadores

moleculares de resistência aos antimaláricos em Maputo, foi incluído um grupo

de amostras de ADN de um estudo anterior realizado entre 2003 e 2005. Em

relação aos SNPs

pfmdr1

86Y, Y184, 1246Y: a frequência dos alelos N86 e

D1246 aumentou significativamente de 2003-2005 para 2010-2012; o aumento

da frequência do 184F não foi significativo; exceto para NFD e NYD, a

frequência de haplótipos triplos diminuiu em 2010-2012. Das 99 amostras

analisadas somente 3 possuíam duas cópias

pfmdr1

. Em 100 amostras, não

foram identificadas mutações

pfK13

relacionadas com a resistência aos ACTs

no Sudeste Asiático. Em 2 amostras coletadas após introdução dos ACTs foi