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colaboração de 602 utentes em TARV na Cidade de Maputo com idades entre
os 21 e os 56 anos. Os resultados obtidos ao longo dos quatro estudos
realizados indicam que mais homens revelaram ter interrompido o tratamento
que as mulheres, e maioritariamente por mal-estar físico ou por indicação
médica. Ao contrário dos homens, as mulheres são quem mais revela ter
dificuldades com os profissionais de saúde, assim como, interromper o
tratamento por faltas às consultas. A adesão à TARV é mais reduzida quando
na presença das seguintes características: género masculino; medos
relacionados com estigma e discriminação, com falhar a toma da TARV ou com
não sentir melhoras com o tratamento; ter tido dificuldades com os profissionais
de saúde, nomeadamente, o paciente sentir que não tem as suas dúvidas
esclarecidas, que o médico só se preocupa com a medicação, que o médico
não o compreende e que não cria espaço para que o paciente aborde outros
aspectos relacionados com a sua saúde. A investigação apela ao
desenvolvimento de intervenções que atendam às diferenças de género,
nomeadamente no relacionamento com os profissionais de saúde, família e
activistas, que possibilitem o desenvolvimento de estratégias de
coping
com a
TARV mais suportadas socialmente. Encoraja-se a continuação do
desenvolvimento de actividades formativas da sociedade em geral, sobre o VIH
e a TARV. A necessidade de diminuição do estigma é uma das maiores
preocupações levantadas por este trabalho.
OLIVEIRA, Miguel André Fouto Pinho de (2016) Avaliação espacial
da influência dos factores socioeconómicos na Mortalidade por
Acidente Vascular Cerebral na População de Portugal Continental.
Dissertação de Doutoramento no ramo de Saúde Internacional,
especialidade Políticas de Saúde e Desenvolvimento. IHMT. Lisboa
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) constitui um problema de Saúde Pública
de grande magnitude, tanto em mortalidade como morbilidade. Em 2010,
representava, globalmente, a segunda maior causa de morte e a terceira causa
de anos de vida perdidos ajustados pela incapacidade. A sua evolução
temporal também traz preocupações, pelo aumento estatisticamente
significativo, entre 1990 e 2010, verificado em indicadores como os anos de
vida potencialmente perdidos e total de sobreviventes a um episódio.
Embora ocorra mais frequentemente em adultos de meia-idade ou em idosos,
entre 1990 e 2010 foi registado um aumento global e significativo na incidência
em pessoas com idades compreendidas entre 20 e 64 anos de idade, para o
qual contribuíram substancialmente países de baixo e médio rendimento.
Esta situação, aliada ao facto, apontado por alguns autores, do risco de AVC
apresentar padrões diversos de distribuição geográfica entre países mas
também entre regiões do mesmo país, levanta interrogações acerca da
importância dos determinantes socioeconómicos para a mortalidade e
morbilidade por esta doença, bem como acerca da variação espacial da
associação entre estes determinantes e o risco de AVC.
Assim, foram aqui operacionalizados dois estudos com o objectivo de avaliar a
variação espacial da associação entre mortalidade por AVC e determinantes
socioeconómicos, tendo como área de estudo o território de Portugal
Continental.