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Cuidados Intensivos (SCI) do Hospital Américo Boavida (HAB) em Luanda
durante o período de 2 anos. A amostra por conveniência, incluiu doentes com
10 ou mais anos de idade, com diagnóstico de malária grave de acordo com os
critérios da Organização Mundial de Saúde confirmado por gota espessa e/ou
teste rápido (TRD) e a presença de mais do que uma disfunção orgânica. A
espécie infetante foi confirmada pela técnica de reação em cadeia da
polimerase (P
C
R). Os doentes foram caraterizados segundo o sexo, idade,
naturalidade e residência e existência ou não de co-morbilidade. A gravidade e
o prognóstico da doença foram avaliados segundo o SOFA
score
médio (média
dos piores valores laboratoriais e fisiológicos obtidos diariamente nos três
primeiros dias de internamento). O SOFA médio foi comparado com o
SOFA
max
e
delta
SOFA (diferença entre o valor máximo e mínimo do SOFA
dos três primeiros dias de internamento). Para o estudo da imunidade
específica foram doseados os anticorpos anti
-P. falciparum
(IgG, IgM e
subclasses de IgG) no soro dos doentes em estudo, utilizando a técnica de
imunoensaio enzimático (ELISA).
Todos os resultados obtidos foram relacionados com a parasitémia periférica,
gravidade da doença e prognóstico utilizando o programa estatístico IBM SPSS
versão 21. A infeção por
P. falciparum
foi confirmada por P
C
R em todos os
doentes em estudo e registou-se coinfeção com
P. malariae
em quatro dos
doentes
.
Os doentes do presente estudo eram maioritariamente autotones e
residentes, predominando o sexo masculino e com média de idade de 21 anos.
A pontuação do SOFA médio foi de 8,92 ±3,81. A mortalidade observada
(16,8%) foi muito inferior à esperada pelo SOFA médio, principalmente nos
doentes com pontuações mais elevadas. O
delta
SOFA manteve baixa
capacidade de discriminação para a mortalidade observada nos doentes
estudados com malária grave. Apesar da gravidade do quadro clínico, mais de
metade dos doentes mostrou baixa parasitémia periférica (≤ 2%) à admissão e
não se encontrou correlação entre a parasitémia e a mortalidade. Os valores
dos anticorpos IgG e IgM anti-
P. falciparum
estiveram elevados em todos os
doentes em estudo, mas não se encontrou associação estatisticamente
significativa com a parasitémia nem com a mortalidade.
MORENO, Marta Sofia Mano (2016) Adesão à terapêutica Anti-
retroviral em Maputo: o contributo de uma abordagem
bottom-up.
Dissertação de Doutoramento no ramo de Saúde Internacional,
especialidade de Políticas de Saúde e Desenvolvimento. IHMT.
Lisboa
A Adesão à Terapêutica Anti-retroviral (TARV) pertence ao grupo das maiores
preocupações de saúde pública na área do VIH. O único factor de possibilidade
de controlo de sucesso da TARV por parte do paciente VIH+ é o
comportamento de adesão ao tratamento. As características do próprio
paciente, o enquadramento sócio-cultural do VIH na comunidade e no país, a
qualidade da relação com os profissionais de saúde e as próprias dificuldades
com o tratamento, são factores amplamente estudados nas últimas décadas, e
que medeiam o sucesso da adesão à TARV. A partir de uma abordagem
bottom-up
, desenvolveu-se um estudo exploratório com o objectivo de explorar
o modo como pacientes TARV em Maputo experienciam estes factores e o
impacto dessa experiência na adesão à TARV. A investigação contou com a