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A n a i s d o I HM T
Simarro, recentemente aposentado da Direção das Doen-
ças Transmissíveis da OMS, narrou a sua experiência dos
últimos anos na organização, e os principais pontos mar-
cantes da luta contra a THA: os acordos com a indústria
farmacêutica para assegurar a produção dos medicamentos
específicos desta enfermidade, uma nova política de aber-
tura da OMS para as ligações com outras instituições e or-
ganizações governamentais e não-governamentais para os
diferentes projetos, sobretudo os aplicados no terreno, O
extraordinário projeto que foi o Atlas of Human African
Trypanosomiasis, com o mapeamento, supervisão e atuali-
zação permanente dos índices de transmissão nos diferentes
focos de cada país onde a doença é endémica, e as medidas
de avaliação, através de estudos clínicos multicêntricos, da
eficácia da combinação nifurtimox+eflornitina (NECT),
durante 7 dias, para tratamento dos casos de THA por
T.b.
gambiense
na fase neurológica e a aplicação de métodos in-
tegrados de controlo da mosca tsé-tsé, são exemplos des-
ta colaboração. A garantia de produção e disponibilidade
dos medicamentos, os apoios das diferentes organizações,
quer na investigação, quer no terreno, os bons resultados
do controlo da doença nos diferentes países, espelhados e
sempre atualizados no Atlas of Human African Trypanoso-
miasis, e a eficácia do NECT foram aportes de uma enorme
importância para ser atingido este estado atual do controlo
da doença, em que é lógico e pertinente que se faça a per-
gunta: para quando a sua eliminação?
A eliminação é o objetivo primeiro, neste momento, para
quem trabalha na Luta e Controlo da Doença do Sono. Os
bons resultados atuais das medidas de prevenção, diagnóstico
e tratamento dos casos parecem ser a base científica para o
estabelecimento de metas para a eliminação. No entanto, em
alguns países endémicos, a deteção passiva de casos pode não
ser suficiente para a deteção de todos os indivíduos infetados.
Em regiões mais remotas, com difíceis acessos aos cuidados
de saúde, não existirão portadores da infeção, que estarão a
funcionar como reservatório da doença, permitindo o reacen-
dimento (já observado no passado) de focos tidos como ex-
tintos? Sem deteção ativa, como se identificam estas pessoas,
e qual o seu papel do ponto de vista epidemiológico? Como
deve ser prosseguido o investimento em medidas de vigilância
inovadoras, adequadas e custo-eficientes neste novo contexto?
Doença do sono: rumo à eliminação, ou apenas adorme-
cida?
Centro de Diagnóstico eTratamento de Doença do Sono, N'dalatando, Angola em 2010
Centro de Diagnóstico eTratamento de Doença do Sono, Uíge,
Angola em 2010