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Artigo Original
As leishmanioses causadas pelo parasita protozoário
Leishma-
nia infantum
são zoonoses em que o cão é o principal reser-
vatório da leishmaniose humana e também o principal hos-
pedeiro do parasita. Estas parasitoses constituem um grave
problema veterinário e de saúde pública, em particular nos
países da bacia mediterrânica [Campino & Maia, 2013]. Os
parasitas são naturalmente transmitidos aos hospedeiros ver-
tebrados por insectos flebotomíneos, sendo
Phlebotomus
per-
niciosus
e
P.ariasi
as espécies comprovadamente vectoras de
L.
infantum
em Portugal [Pires, 2000]. Na década de oitenta foi
comprovada outra via de transmissão de grande importância
epidemiológica - a via mecânica artificial através da partilha
de seringas e agulhas infetadas na comunidade de consumi-
dores de drogas por via endovenosa.
De facto, nas últimas décadas, o número de casos de leish-
maniose visceral (LV) em crianças tem diminuído tendo-se
verificado por outro lado, o aumento da doença em adultos
Fig. 1
– Estudo genético de 136 estirpes de
Leishmania infantum
isoladas em Portugal. NeighborNet construída com software SplitsTree utilizando a matriz
de distâncias genéticas entre os indivíduos com base na proporção de alelos comuns. Fonte: Cortes et al, 2014
principalmente associada a casos de infeção por VIH/sida.
Apesar da forma clínica de leishmaniose cutânea não ser tão
conhecida em Portugal, provavelmente, devido à evolução
benigna das lesões alguns casos não serão diagnosticados, e
ao facto de não constituírem doença de notificação obriga-
tória, esta forma clínica da leishmaniose deverá deixar de
ser encarada como muito rara. Estima-se que sejam diag-
nosticados anualmente cerca de dez novos casos [Campino
&Abranches 2002].
Embora, a propagação destes parasitas seja predominan-
temente clonal, foi demonstrado existir entre eles grande
diversidade genética causada pela recombinação de genes.
Tem sido dado grande relevância, à identificação dos parasi-
tas através de diferentes marcadores moleculares e também
a estudos de epidemiologia molecular, que têm mostrado a
variabilidade genética nas populações parasitárias portugue-
sas, mesmo em estirpes do mesmo zimodeme (Fig. 1). Em