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A n a i s d o I HM T
nacional e global motivou a necessidade de dotar a instituição
com um laboratório apetrechado e técnicos capacitados para o
diagnóstico laboratorial de micobacterioses, capazes de provi-
denciar um diagnóstico rápido, atempado e de qualidade destas
infeções, muitas vezes oportunistas, nos doentes co-infetados
comVIH [2,7].
O processo de criação do Laboratório de Micobactérias do
IHMT/UNL foi iniciado em 1992 sob a Direção da Profª Dou-
tora Wanda Canas-Ferreira, com o apoio técnico e científico
da Drª Emília Prieto e do Dr. João Paulo Carvalho de Sousa,
como complemento das diferentes valências de microbiologia
que existiam no Departamento de Microbiologia do IHMT e
da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lis-
boa, à data uma estrutura comum de ensino da Microbiologia
Médica. Nesta altura, o diagnóstico laboratorial diferenciado
em micobacteriologia e tuberculose era escasso em Portugal,
fruto do desinvestimento nos programas de luta contra a tu-
berculose após 1974, estando centralizado no Laboratório de
Referência Nacional, o Instituto Ricardo Jorge do Porto [2]. Em
Lisboa as necessidades eram inúmeras, sentindo-se a carência
urgente de modernizar e melhorar o diagnóstico laboratorial
das micobacterioses e tuberculose, em particular no respeitante
às micobacterioses do doente VIH e ao aumento preocupante
dos casos de tuberculose resistente aos tuberculostáticos [2,8].
Em 1995, para acolher o retorno a Portugal do Professor Hugo
Lopes Ayres David, antigo diretor do laboratório de Micobac-
teriologia do CDC de Atlanta (EUA) e do Instituto Pasteur de
Paris (França), o Laboratório de Micobactérias do IHMT/UNL
reequipou-se com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian
através do projeto denominado “Estudo da relação tuberculose-
-SIDA e dos problemas de transmissão da tuberculose nas po-
pulações de alto risco, com a introdução, desenvolvimento e
aplicação prática de novos métodos de diagnóstico rápido da
tuberculose” (Projeto Nº 9-1.10.6./94, financiado pela Co-
missão Nacional de Luta Contra a SIDA e cofinanciado pela
Fundação Calouste Gulbenkian, 1995 a 1998). Embora voca-
cionado para a investigação fundamental em micobacteriologia,
o Laboratório de Micobactérias do IHMT/UNL passou então
a prestar apoio laboratorial diferenciado aos Hospitais da Re-
gião da Grande Lisboa no âmbito do diagnóstico laboratorial,
epidemiologia e Saúde Pública da tuberculose, tendo firmado
protocolos com os Serviços de Patologia Clínica do Hospital
Egas Moniz, Hospital de Santa Maria, Hospital São Francisco
Xavier, Hospital dos Capuchos, Hospital de Santa Cruz, Hospi-
tal Distrital de Cascais,Hospital Prisional de Caxias,Hospital de
Setúbal, Hospital Distrital do Barreiro e Instituto Português de
Oncologia, para receção de amostras para isolamento, identifi-
cação e teste de sensibilidade aos antibióticos através de novos
sistemas baseados em biologia molecular e de novos sistemas
automatizados de cultura que foram introduzidos em Portugal,
e aqui avaliados, pela equipa liderada pelo Professor Hugo Lo-
pes Ayres David [9, 10]. Durante este período, importa referir
os importantes reforços técnico-científicos da Dras Laura Brum
Cruz Martins e Filomena Pereira, na coordenação e supervisão
técnica do Laboratório de Micobactérias do IHMT/UNL, em
complementaridade com a Drª Emilia Prieto e um conjunto de
jovens mestres e doutorandos que se foram formando e gra-
duando ao longo do período de instalação e desenvolvimento
do Laboratório, onde se contam Miguel Viveiros, Alexandra
Galamba,Alexandra Fernandes, Diane Ordway, Marta Martins,
Liliana Rodrigues e Diana Machado. Foi de entre o espírito em-
preendedor e de busca pela descoberta científica desta equipa
que várias parcerias técnico-científicas com outros grupos de
trabalho do IHMT/UNL e de outras Universidades, fizeram a
diferença no panorama da luta contra a tuberculose em Portu-
gal. Salienta-se a parceria com os colegas da saúde pública do
IHMT/UNL, Professor Paulo Ferrinho e Drª Maria João Covas,
e da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, Profes-
sor Moniz Pereira e Drª Isabel Portugal, que permitiu descrever
a epidemiologia da transmissão da tuberculose multirresistente
na Região da Grande Lisboa no final dos anos 90 do século XX,
e que foi a base para a descoberta e posterior reconhecimento
pelas autoridades de saúde nacionais do problema que grassava
por Portugal – a tuberculose multiresistente [8, 11].
Em 1999, aquando da saída do Professor Hugo LopesAyres Da-
vid e da Drª Laura Brum para chefiar o Departamento de Doen-
ças Infecciosas do Instituto Ricardo Jorge, inicia-se o processo
de criação da Unidade de Ensino e Investigação (UEI) de Mi-
cobactérias do IHMT, chefiada pelo luso-americano Professor
LeonardAmaral, acompanhado pela montagem e instalação, em
colaboração com o Professor Vasconcelos Costa, do Laborató-
rio de Segurança de Nível III (P3) para aTuberculose do IHMT.
Iniciada a sua construção em Março de 2000, a obra ficaria ter-
minada em Março de 2001, nele passando a realizar-se todas as
operações envolvendo micobactérias. A criação da Unidade de
Ensino e Investigação e respetivo Laboratório de Segurança para
Tuberculose e Micobacteriologia foi oficializada no Conselho
Geral do IHMT/UNL em 2002. O seu planeamento estraté-
gico e operacional tinha em vista a criação de novos programas
de investigação biomédica aplicada à melhoria do diagnóstico
laboratorial da tuberculose e outras doenças infecciosas mico-
bacterianas que pudessem auxiliar a comunidade médica de Lis-
boa e os seus doentes.Assim, o objetivo principal desta Unidade
centrou-se na oferta à comunidade de: a) ensino pós-graduado,
de modo a contribuir para os programas académicos do IHMT
e da UNL. Neles se enquadra a formação pré-graduada e pós-
-graduada emMicrobiologia Médica e ações de formação para a
Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP); b) serviço
à comunidade, de modo a melhorar o diagnóstico laboratorial
da tuberculose; c) investigação aplicada, que contribua para o
melhor conhecimento das doenças infecciosas e em particular
da tuberculose com o objetivo último de promover a melho-
ria dos cuidados de saúde na Grande Lisboa e em Portugal e
partilhar a experiência adquirida com os colegas dos países da
CPLP.
O serviço à comunidade a prestar pela UEI de Micobactérias
foi então definido tendo como objetivos o suprir das necessi-
dades de resposta laboratorial aos doentes com tuberculose da