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região da Grande Lisboa e da CPLP, em particular através da: a)

identificação rápida da infeção por

Mycobacterium tuberculosis

e

outras micobactérias; b) determinação rápida do perfil de resis-

tências aos tuberculostáticos de

M. tuberculosis

; c) entrega destes

resultados ao clínico em tempo útil (20 dias no máximo) para

que fossem tomadas as medidas adequadas de tratamento, con-

trolo e prevenção. A vertente da investigação aplicada passou a

ter como objetivos a implementação, no terreno nacional e na

CPLP, de novas tecnologias de diagnóstico micobacteriologico,

o desenvolvimento de novos antibacilares com a participação de

relevantes grupos de investigação química e biológica europeus

e internacionais e a definição do perfil imunológico e resposta

celular dos indivíduos infetados com

M. tuberculosis

quando evo-

luem para doença ativa, com a participação de relevantes grupos

de investigação e empresas de biotecnologia europeias e norte-

-americanas [12 -14].

Em Novembro de 2001 foi aprovado, no âmbito do progra-

ma de Apoio à Investigação Médica com Aplicação Prática do

Concurso para Financiamento de Projetos de Saúde da Funda-

ção Calouste Gulbenkian (FCG), o projeto “Grupo deTrabalho

para aTuberculose na Grande Lisboa -TBTask Force of Greater

Lisbon”– Ref. SDH.IC.I.01.17, que envolveu os Laboratórios

de doze Hospitais da Região da Grande Lisboa, trabalhando

sob a organização do Laboratório de Micobactérias do IHMT.

Este projeto teve como coordenador geral o Professor Leonard

Amaral e como coordenador executivo o Dr. Miguel Viveiros

(Figura 1, Foto 1). Iniciou-se então a parte laboratorial do pro-

jeto, denominado “Fast-Track Program”, integrando a partici-

pação dos Laboratórios de Patologia Clínica do Hospital Egas

Moniz, Hospital S. Francisco Xavier, Hospital Fernando da Fon-

seca Amadora-Sintra, Hospital Condes de Castro-Guimarães

Cascais, Hospital de S. Bernardo Setúbal, Hospital do Barrei-

ro, Hospital de Santa Maria, Hospital Pulido Valente, Hospital

Garcia da Orta, Hospital Curry Cabral e Hospitais de Santa

Marta e Desterro. Este programa pretendeu criar a primeira

rede integrada de laboratórios de micobacteriologia em Por-

tugal, criando as condições para que fosse possível entregar ao

clínico o resultado completo do diagnóstico micobacteriológico

em 10 a 12 dias (max. 20 dias). Este programa contou com a

consultoria de vários especialistas em doenças infecciosas e na

área laboratorial, nacionais e estrangeiros, como o Prof. Doutor

Hugo David, o Prof. Doutor FranciscoAntunes, o Prof. Doutor

Fernando Ventura, o Prof. Doutor Jaime Pina e o Prof. Dou-

tor Max Salfinger (Director of Tuberculosis for theWadsworth

Centre of the NewYork Department of Health) [14-16] (Figura

1, Foto 2). Em Outubro de 2002 a FCG financia a expansão do

projeto “Grupo deTrabalho para aTuberculose na Grande Lis-

boa” à pesquisa de marcadores imunológicos de infeção por

M.

tuberculosis

através do recurso à citometria de fluxo, com a apro-

vação do projeto “Pesquisa de novos marcadores de imunidade

celular para a deteção precoce da infeção por

M.tuberculosis

. Em

Junho de 2003 estes projetos recebem o 2º Prémio de Investi-

gação em Doenças Infecciosas da Fundação Glaxo-Smithkline -

Sociedade Portuguesa de Doenças Infecciosas, atribuído ao tra-

balho “A Implementação do Programa “TB-FAST-TRACK” de

Combate àTuberculose Multiresistente na Grande Lisboa”. Em

Julho de 2004 a FCG financia o projeto “Diagnóstico Rápido da

Tuberculose Multiresistente na Grande Lisboa”, com o qual se

pretende aplicar as novas tecnologias de biologia molecular, em

particular a tecnologia Inno-Lipa Rif.TB (Innogenetics, Belgica)

para a deteção precoce da tuberculose multiresistente nos hos-

pitais participantes no Grupo deTrabalho para aTuberculose na

Grande Lisboa [14-16]. Em 2003 junta-se ao grupo de trabalho

da Unidade de Ensino e Investigação em Micobactérias a Drª

Isabel Couto, que veio consolidar a dinâmica da deteção mo-

lecular precoce de micobactérias no IHMT, em particular das

micobactérias atípicas ou não-tuberculosas [17].

Numa primeira linha de abordagem, foi possível, no âmbito do

Grupo deTrabalho para aTuberculose da Grande Lisboa (2002 a

2007),melhorar e capacitar os laboratórios hospitalares da Gran-

de Lisboa na deteção e caracterização molecular de estirpes de

M. tuberculosis

multiresistentes (MDR-TB) e extensivamente re-

sistentes (XDR-TB), que persistem como uma das mais impor-

tantes ameaças à saúde humana a nível mundial. Declarada pela

Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma emergência

global, a tuberculose multiresistente é hoje um desafio ao suces-

so dos programas de luta contra a tuberculose implementados

por todo o mundo. Portugal tem uma das mais elevadas taxas

de novos casos de TB da Europa Ocidental, possuindo ainda a

mais elevada frequência de MDR-TB.Ainda mais preocupante é

o facto de 24% de todos os casos de MDR-TB reportados para

2005-2006 serem de estirpes extensivamente resistentes aos an-

tibacilares (XDR-TB), uma taxa que em 2007 ascendeu a 48%

de todos os casos de MDR-TB detectados [18,19].

Graças aos esforços desenvolvidos durante o projeto “Grupo de

Trabalho para a Tuberculose na Grande Lisboa - TBTask Force

of Greater Lisbon”, a maioria dos laboratórios hospitalares da

Grande Lisboa passou a operar em interligação, usando as mes-

mas tecnologias e critérios propostos e estabelecidos no grupo

de trabalho, definindo linhas orientadoras comuns no processa-

mento de amostras, isolamento de

M. tuberculosis

, identificação

molecular e testes de sensibilidade aos antibióticos. Emparalelo,

iniciou-se a aplicação de técnicas de amplificação e hibridação

de ácidos nucleicos diretamente aos produtos respiratórios dos

doentes bacilíferos, em paralelo com a baciloscopia. Além da

deteção precoce de DNA de

M. tuberculosis

diretamente a partir

da amostra do doente bacilífero, esta abordagem permite a de-

teção de mutações que conferem resistência aos antibacilares e

que podem ser usadas como marcadores preditivos de multirre-

sistência [14,15,19].A importância deste algoritmo de trabalho

e a sua mais-valia para a melhoria no tratamento destes doentes

foi reconhecido no Encontro sobre Tuberculose, realizado no

âmbito da Presidência Portuguesa da EU, em Lisboa em Julho

de 2007. Neste encontro reconheceu-se o papel fundamental

do laboratório de Micobacteriologia no suporte aos programas

nacionais de controlo da tuberculose e que a função central e

muitas vezes negligenciada destas estruturas deve ser reforçada

através de uma melhoria dos meios de diagnóstico micobacte-

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