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A n a i s d o I HM T

de novos antimaláricos bloqueadores de bombas de efluxo

transportadores ABC. Uma biblioteca de novas auronas foi

sintetizada e avaliada no IHMT para a atividade antimalári-

ca, onde se identificaram auronas com atividade na ordem

dos μM e com baixa citotoxicidade para células de mamí-

feros [99].

A abordagem de “recuperar antimaláricos clássicos” resul-

tou recentemente no desenho de compostos análogos

de acridinas com elevada atividade contra as formas

eritrocitárias de

P. falciparum

e dois dos derivados mais ati-

vos também apresentaram atividade

in vitro

contra as for-

mas hepáticas

P. berghei

superior à da PMQ (100).

A destoxificação dos grupos heme é um dos alvos mais

atraentes para o desenho de antimaláricos, vários quimio-

tipos de antimaláricos, tais como 4­aminoquinolinas (por

exemplo, CQ), xantonas, acridinas e indoloquinolinas

atuam aumentando a toxicidade do heme livre através da

inibição da polimerização da hemozoína [101]. A fusão das

estruturas de indol [3,2­b] quinolinas e acridonas permitiu

obter uma quindolona. Os derivados foram testados

in vi-

tro

contra as formas eritrocitárias de

P. falciparum

, tendo o

derivado mais ativo demonstrado ser 100 vezes mais ativo

contra o parasita do que contra células de hepatoma huma-

no (101). Com base nestes resultados, novas quindolonas

para atuar como ligandos da hemozoína foram sintetizadas

e testadas. O derivado mais ativo e seletivo contra

P. falcipa-

rum

mostrou um IC50 de 25 nM e foi 212 vezes mais tóxico

para o parasita do que para as células de hepatoma humano

[85]. Este constitui o primeiro relato de ligandos da hemo-

zoína com atividade antimalárica. Com base no conceito

de moléculas híbridas com um duplo modo de ação, uma

série de compostos híbridos que combinam trioxanos ou

tetraoxanos (endoperoxidos) e 8­aminoquinolinas, foram

sintetizados e avaliados revelando elevada atividade antima-

lárica contra formas eritrocitárias e hepáticas do parasita

comparáveis aos homólogos com base de trioxano repre-

sentativos [102]. Além disso, bloquearam eficientemente o

desenvolvimento do ciclo esporogónico no mosquito vetor

[102]. Estes resultados indicam que os híbridos peróxido­

8­aminoquinolina são um ponto de partida excelente para

o desenvolvimento de um antimalárico que atue quer nas

formas sanguíneas, quer nos gametócitos impedindo a

transmissão, com elevado potencial para ser utilizado em

campanhas de eliminação da malária.

Interação vetor­parasita

Outra área em que IHMT tem estado na vanguarda da

investigação é o estudo das interações do vetor com o pa-

rasita. Historicamente, o controlo de doenças transmiti-

das por vetores foi conseguido principalmente através de

controlo de vetores, em vez do controlo direto da doen-

ça nos humanos, mas só muito recentemente na história

resistência aosACTs foi identificado – na hélice 13 da proteí-

na kelch (k13).A descoberta de K13 cria uma oportunidade

de ouro para a monitorização da resistência a estes antimalá-

ricos. No IHMT um trabalho que compara as sequências de

K13 em isolados de Angola e Moçambique colhidos antes e

depois da introdução dos ACTs nos respetivos países, per-

mitiu identificar uma mutação (R471R) em K13 anterior-

mente identificada na República Democrática do Congo e

no Gabão e duas novas mutações não descritas, R575R

em Angola e V494I em Moçambique [33].AV494I situa­se

no a.a. adjacente aY493H associado à resistência no sudeste

asiático.

A busca de novos compostos

antimaláricos

Os antimaláricos mais importantes atualmente disponí-

veis para o tratamento da malária, o quinino e a ART (ou

seus derivados) foram originalmente isolados a partir de

extratos de plantas respetivamente

Cinchona officinalis

e

Artemisia annua

. Tendo em conta o papel crucial que os

compostos derivados de plantas têm desempenhado na

descoberta e desenvolvimento de medicamentos (não só

em malária), o isolamento de novos compostos bioativos

a partir de plantas medicinais parece ser uma abordagem

muito promissora. O IHMT tem estado na linha da fren-

te no estudo de plantas medicinais como recurso para o

controlo da malária.

Um estudo fitoquímico realizado pelo IHMT com

plantas utilizadas na medicina tradicional em STP iden-

tificou quatro plantas com potencial,

Struchium spargano-

phorum

,

Tithonia diversifolia

,

Pycnanthus angolensis

e

Morin-

da lucida

[96]. Em Moçambique e África do Sul, um vege-

tal utilizado como alimento,

Momordica balsamina

, também

tem sido amplamente utilizado na medicina tradicional,

especialmente para o tratamento da febre e malária. A ati-

vidade antimalárica de extratos e frações desta planta

foram sucessivamente avaliados até à identificação do

triacetilbalsaminol como composto mais ativo contra for-

mas eritrocitárias de

P. falciparum

(IC50 de 0.4μM em 3D7

e 0,2 μM em Dd2) e com atividade contra formas hepáticas

de

P. berghei

superior à PMQ [97].

Resultados mais promissores foram obtidos a partir de

Am-

pelozyziphus amazonicus

Ducke (Rhamnaceae), chamado lo-

calmente “cerveja do índio”, utilizado na região amazónica

para prevenir a malária. O trabalho produziu evidências só-

lidas da atividade antimalárica dos extratos contra formas

hepáticas de

P. berghei

[35]. Também com resultados pro-

missores, no IHMT foram testados análogos de xantonas,

cloro­9H­xantonas, também extraídas de plantas, contra as

formas eritrocitárias de

P. falciparum

[98].

Outro produto natural, as auronas (isómeros estruturais

de flavonas) foram exploradas como base para o desenho