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comunidades e na identificação de potenciais
participantes. Após os participantes responderem
ao questionário, foi-lhes pedido que identificassem
e recrutassem potenciais participantes das suas
redes sociais relacionais. Este processo foi repetido
sucessivamente, levando a que a amostra crescesse
à medida que novos indivíduos eram indicados aos
investigadores. Os critérios de inclusão no estudo
foram: 1) ser imigrante, definido como qualquer
pessoa que não nasceu em Portugal e que imigrou
com fins de instalação no país (IOM, 2004); 2) ter
18 anos ou mais.
Os questionários foram aplicados por
entrevistadores treinados devidamente para o efeito
e oriundos das comunidades em estudo. O
questionário incluiu questões sobre características
sociodemográficas, motivos de procura de serviços
de saúde e perceção de dificuldades na utilização
dos serviços pelas populações imigrantes.
O consentimento informado e voluntário foi
obtido,
garantindo-se
o
anonimato
dos
participantes e a confidencialidade dos dados.
Estudo com profissionais de saúde
Realizou-se um estudo transversal com
profissionais dos cuidados de saúde primários da
Região de Lisboa e Vale do Tejo. Para seleção dos
participantes, desenvolveu-se um processo de
amostragem por
clusters
a dois níveis: do total de
centros de saúde da ARS LVT, foram amostrados
40 centros; em seguida, de cada um destes centros
de saúde foram amostrados 10 profissionais. Dos
400 profissionais de saúde selecionados
aleatoriamente, 320 (80%) aceitaramparticipar. Do
total da amostra, 84,1% são do sexo feminino,
35,9% são administrativos, 35,6% são enfermeiros
e 28,4% são médicos.
A recolha de dados foi realizada através da
aplicação de um inquérito por questionário de
autopreenchimento. O instrumento de recolha de
dados incluiu questões relativas à caracterização
sociodemográfica dos participantes, relacionadas
com as perceções sobre os motivos de procura de
serviços de saúde pelos imigrantes e sobre as
dificuldades dos imigrantes nessa utilização.
A participação no estudo foi voluntária, anónima
e confidencial, tendo sido obtido consentimento
informado de todos os participantes.
Análise de dados
Foi efetuada uma análise estatística descritiva,
com
cálculo
de
frequências
absolutas,
percentagens, média e desvio-padrão. Os dados
recolhidos foram tratados e analisados com recurso
ao programa
Statistical Package for Social
Sciences
(SPSS), versão 19.0.
RESULTADOS
1.
Caracterização dos imigrantes e dos
profissionais de saúde
Nos imigrantes estudados, a quantidade de
homens e mulheres é praticamente igual, o que não
se verifica no grupo dos profissionais de saúde
(Tabela 1). Nestes, existe um claro predomínio do
sexo feminino, mais evidente nos administrativos
do que nos médicos e enfermeiros.
Nos imigrantes, verifica-se uma distribuição
quase idêntica pelos três níveis de escolaridade
considerados. Todos os médicos e enfermeiros,
como seria expectável, têm escolaridade superior.
Nos administrativos, o nível de escolaridade mais
frequente é o secundário.
A média de idades dos imigrantes é de 35,7 anos
(dp = 11,7 anos). Nos médicos e enfermeiros a
média de idades situa-se nos 45,8 anos (dp = 10,4
anos) e, nos administrativos, nos 47,4 anos (dp =
10,6 anos).