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NDEYANELAO, Elsa Graciana Estanislau (2014) Leptospirose humana

na Província da Huíla: rastreio serológico e molecular de doentes

assistidos no Hospital Central Dr. António Agostinho Neto, Lubango

(Angola), Dissertação em Ciências Biomédicas, IHMT, Lisboa.

A Leptospirose é uma doença infecciosa causada por bactérias patogénicas do

género

Leptospira.

Ocorre sobretudo nos países em desenvolvimento, em regiões

tropicais e subtropicais. Nos últimos anos tem-se tornado um problema emergente

de Saúde Pública, afectando uma grande diversidade de mamíferos (hospedeiros),

incluindo os humanos. Actualmente observa-se um aumento do número de casos

com alterações do padrão epidemiológico, assim como o ressurgimento de surtos

epidémicos devido a alterações climáticas. No entanto, devido aos sintomas

inespecíficos, o diagnóstico clínico é confundível com outras doenças e o

laboratorial é difícil e dispendioso, requerendo recursos e técnicos especializados.

Em Angola (Lubango), o diagnóstico laboratorial não é praticado devido à

indisponibilidade de testes específicos, resultando no desconhecimento da sua

prevalência. Assim, de modo, a determinar a sero-ocorrência da Leptospirose

humana em doentes febris assistidos no Hospital Central do Lubango, contribuindo

para:

i)

a possível inclusão desta doença no diagnóstico diferencial de doentes com

síndromes febris indeterminados; e

ii)

implementar medidas de prevenção e

controlo.

Foram analisadas 300 amostras séricas obtidas em igual número de doentes febris

que recorreram ao referido hospital, no período de Setembro a Dezembro de 2012,

aos quais também se aplicou um inquérito clínico-epidemiológico. Foi realizada uma

avaliação serológica usando a técnica de rastreio (MACROLepto), e a técnica de

referência (Técnica de Aglutinação Microscópica; TAM). Para a análise molecular

usou-se a Reacção em Cadeia de Polimerase (PCR), em soro utilizando

primers

baseados no gene

hap1

(para leptospiras patogénicas). Os produtos amplificados

foram sequenciados para determinação de espécies genómicas de

Leptospira.

A amostra populacional foi constituída por indivíduos do género masculino (111;

37%) e (189; 63%) do género feminino. A suspeita clínica de Leptospirose foi

confirmada serologicamente pela TAM em (120+/300; 40%) dos doentes, e a análise

por PCR foi positiva em (30+/193; 16%) das amostras analisadas. A sequenciação

do DNA obtido permitiu identificar três espécies genómicas:

L

.

borgpetersenii, L.

interrogans

e

L. kirschneri.

Os participantes no estudo foram distribuídos por grupos etários, e a média de idade

foi de 30 anos, sendo os grupos (11-20 e 21- 30 anos) os mais representados, e o

género feminino o mais afectado (61%). As principais manifestações clínicas foram

a febre (91%), cefaleias (84%) e mialgias (59%).

Em relação as variáveis de risco de infecção por

Leptospira

spp., verificou-se que a

ausência de saneamento básico, exposição aos lixos, presença de roedores

próximos das populações e o consumo de água não tratada, foram as situações