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desafios para o desenvolvimento sustentavel neste seculo”, devido a estreita ligação

entre a saúde e o desenvolvimento humano.

São elas atualmente responsáveis por mais de 60% das mortes em todo o mundo e

esta taxa tende a aumentar na medida em que o desenvolvimento económico

avança, e é principalmente imputável ao envelhecimento da população.

Para que se possam planear políticas públicas eficazes para a prevenção e controle

das DCNT’s, e fundamental que as decisoes politicas sejam norteadas por

conhecimentos com base em evidência, advindo da análise das informações

produzidas por dados confiáveis.

Numa perspectiva de escassez de recursos, é importante o aproveitamento de

instrumentos que, através de uma metodologia rígida, produza dados fiáveis – uma

vez que estes levantamentos têm elevados custos financeiros e devem ser

maximizadas as suas potencialidades –, propondo-se então a utilização dos

Inquéritos Nacionais de Saúde (IqNS´s) exatamente por possuírem estas

características.

Neste panorama, o objetivo do presente estudo é comparar os dados

autoreportados pela população portuguesa acerca das suas características

demográficas, de saúde e sobre a utilização de serviços de saúde, com outras

fontes de dados, promovendo uma reflexão sobre a pertinência e validade dos

IqNS´s na produção de conhecimento de base para o planeamento de politicas

publicas no ambito das DCNT’s.

A metodologia utilizada para esta comparação é a de estudos exploratórios sobre

dados secundários, numa abordagem descritiva de tendência temporal, analisando

dados demográficos como idade, sexo e escolaridade, bem como a prevalência de

Diabetes Melittus (DM), hipertensão arterial (HTA) e utilização de serviços de saúde

relativos à população portuguesa residente no continente.

Apesar das dificuldades em padronizar as informações dos estudos de maneira a

serem comparáveis com os IqNS´s, os resultados apontaram consistência na

tendência temporal dos valores autoreportados nos inquéritos relativos às variáveis

estudadas, com censos demográficos, estudos de prevalência de DM e HTA e

médias de utilização de consultas médicas.

No entanto, os resultados demonstraram que estas doenças são subdiagnosticadas

(no caso dos diabéticos, mais de 90%, e no caso dos hipertensos, mais de 75% dos

doentes que foram diagnosticados nos estudos, desconheciam o facto), advindo do

desconhecimento o relato negativo quanto a existência das doenças nos IqNS´s.

A introdução do exame físico no processo de inquirição possibilitaria aos

pesquisadores buscar toda a informação necessária para estudos epidemiológicos

dentro dos IqNS´s, poupando recursos do Estado e das instituições com outros

levantamentos.

Assim, as previsões sobre o avanço das doenças e sobre os impactos

socioeconómicos, bem como o planeamento de políticas de saúde, não seriam só

promotoras de ganhos de vida, mas de ganhos de qualidade de vida numa

população que já vivencia o envelhecimento.