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maioritariamente pela prevenção, como por exemplo, através da aplicação de

profilaxia adequada, de forma a diminuir o contato entre mosquitos infetantes e

hospedeiros vertebrados não infetados. Uma vez que a transmissão é dependente,

não só da presença de um número suficiente de cães microfilarémicos, mas,

também, de mosquitos suscetíveis e de um clima apropriado à incubação extrínseca

do parasita no mosquito vetor, esta prevenção deverá ter em conta o período

durante o qual ocorre transmissão, numa dada região. Este mesmo período é

dependente da(s) espécie(s) de mosquitos vetores, dado que cada uma terá uma

bioecologia e comportamento próprios, que poderão ter reflexos ao nível

epidemiológico da doença, devido, por exemplo, à temperatura à qual ocorre o

desenvolvimento do parasita. Assim, para avaliar o risco de exposição animal e

humana à doença, e, ainda, ajudar a selecionar medidas profiláticas e de controlo

apropriadas, é de extrema relevância saber quais os vetores de dirofilariose canina

numa determinada região. No que respeita aos vetores desta doença em Portugal,

muito poucos estudos têm sido realizados, sendo o objetivo principal deste trabalho

identificar os vetores de dirofilariose canina neste país endémico. Para isso, foram

efetuadas colheitas de mosquitos em 3 distritos com reconhecida endemicidade

para a doença, nomeadamente Coimbra, Santarém e Setúbal, durante dois anos.

Estes mosquitos foram morfologicamente identificados e separados em abdómen e

tórax+cabeça, de forma a permitir a distinção entre mosquitos infetados e mosquitos

potencialmente infetantes, respetivamente. Posteriormente, recorrendo à técnica de

reação em cadeia da polimerase (PCR), utilizando os

primers

específicos DIDR-F1

e DIDR-R1, fez-se a deteção de ADN do parasita no mosquito. Das 9156 fêmeas de

mosquito capturadas, 63,48% pertenciam a

Culex theileri

, 21,19% a

Culex pipiens

s.l., 6,56% a

Aedes caspius

, 4,43% a

Anopheles maculipennis

s.l., 1,58% a

Culex

univittatus

, 0,33% a

Culiseta longiareolata

, 0,25% a

Aedes detritus

s.l., 0,19% a

Culiseta annulata

, 0,04% a

Anopheles claviger

s.l., 0,03% a

Culiseta subochrea

,

0,02% a

Aedes berlandi

, 1,6% a

Culex

sp. e em 0,3% não foi possível identificar se

seriam

Cx. theileri

ou

Cx. univittatus

. De todas as espécies capturadas, apenas em

Cx. theileri

,

An. Maculipennis

s.l.,

Ae. caspius

,

Ae. detritus

s.l. e

Cx. pipiens

s.l. foi

detetado ADN de

D. immitis

, sendo que, à exceção da última espécie referida, em

todas foi encontrado, pelo menos, um indivíduo potencialmente infetante. Assim,

pode concluir-se que os potenciais vetores de dirofilariose canina em Portugal são

mosquitos pertencentes às espécies

Cx. theileri

,

Ae. caspius

,

An. maculipennis

s.l. e

Ae. detritus

s.l., sendo necessários mais estudos para melhor avaliar o papel de

Cx.

pipiens

s.l. na transmissão desta doença.

NASCIMENTO, Jussara Cursino do (2014) Os Inquéritos Nacionais de

Saúde: Pertinência e valiadade na produção do conhecimento de base

para planeamento de políticas de saúde no âmbito das Doenças

Crónicas Não Transmissíveis, Dissertação de Mestrado em Saúde e

Desenvolvimento, IHMT, Lisboa.

Como resultado de uma evolução nos perfis epidemiológicos mundiais, as Doencas

Cronicas Nao Transmissiveis (DCNT’s) apresentam-se como “um dos maiores