S105
Suplemento dos Anais do IHMT
Figura 2.
“Philonium…” de Valesco de Taranta. Data: 1526 Dimensões: Encadernação – A.18,5cm x L.13,5cm x E. (lombada) 5cm.
Folha de rosto – A.18cm X L.12,5cm. Museu (N.º Inventário): IHMT.0000511. Único exemplar conhecido em Portugal da edição de
1526. Foi impresso em Leão, na oficina de Jacob Myt (1508 – 1539) e contém uma introdução de João deTornamira (c.1329 – c.1396).
dos seus utilizadores expostos a mudanças conjunturais ex-
ternas de que a constante evolução tecnológica é exemplo a
par da necessidade de gerir cada vez maiores quantidades de
informação e de dados científicos que é necessário preservar
e reutilizar.A evolução a que assistimos nas bibliotecas sobre-
tudo as universitárias, por estarem talvez mais sujeitas aos es-
tímulos da investigação e da ciência criados pelas necessidades
prementes dos seus utilizadores, é por isso mais marcante e
sofreram mudanças profundas ao longo das épocas, desde as
primeiras bibliotecas da antiguidade, ditas minerais, devido
aos seus acervos serem constituídos por placas de argila
1
, à
evolução para um tipo de organização sistemática da biblioteca
de Assurbanipal (em Nínive), constituída por um acervo de
cerca de 30.000 exemplares em várias áreas do conhecimento
humano), passando pelas bibliotecas egípcias constituídas por
suportes vegetais (documentos em suporte de papiro), à céle-
bre biblioteca de Alexandria já no período helenístico (séc. III
a.C.), também organizada em rolos de papiro e passando ain-
da pelas bibliotecas em pergaminho (de matéria animal). Uma
maior liberalização do acesso aos documentos, sucede com a
fundação das universidades nos séculos XII e XIII e sobretudo
após 1455, com a invenção da imprensa por Gutenberg. O
principal objetivo que estava subjacente a esta liberalização era
apoiar o ensino e a investigação ao serviço de um bem comum
maior – o desenvolvimento da Ciência.
Bibliotecas universitárias:
as tendências no século XXI
A introdução do processo de Bolonha no ensino superior tor-
nou o ensino-aprendizagem mais colaborativo e dinâmico, pri-
vilegiando o reforço das atividades de investigação científica na
comunidade académica e veio valorizar a literacia da informação
como ferramenta de apoio à investigação. Por outro lado, a glo-
balização da informação e a mobilidade de alunos e investigado-
res criou a necessidade da portabilidade do acesso à informação
a qualquer hora e em qualquer lugar por parte dos utilizado-
res. A penetração da
internet
, das tecnologias móveis e das fer-
ramentas sociais no quotidiano dos indivíduos transformou-os
em produtores de informação e conteúdos, numa sociedade da
informação onde a mobilidade e a comunicação a qualquer hora
e em qualquer lugar são fatores dominantes, proporcionando às
Bibliotecas uma interven-
ção no desenvolvimento
de novos ambientes digi-
tais e serviços baseados
nas novas tecnologias,
gerindo vastos conteúdos
informacionais (
Big Data
2
)
e recorrendo à ordem
relacional da
web
semân-
tica e das ontologias para
uma melhor gestão dos
documentos digitais.
As novas tendências evidenciadas nas práticas das bibliotecas aca-
démicas a partir da conjuntura acima descrita, foram expressas
pelaACRL -American College & Research Libraries[1, 2, 3]:
No sentido de criar valor e competências:
•
Saber comunicar o seu valor dentro da comunidade acadé-
mica demonstrando os benefícios que toda a universidade usu-
fruirá se souber utilizar de forma intensiva os seus serviços.
•
Reforçar as competências das equipas e sua valorização e
formação profissional.
•
Criar serviços de valor acrescentado para os utilizadores e
proceder à elaboração de estudos dos comportamentos e neces-
sidades dos utilizadores de modo a ser possível conhecer cada
vez melhor, os clientes das bibliotecas.
•
Criar redes de entreajuda, e serviços comuns, com as res-
tantes estruturas da universidade
•
Proceder à avaliação qualitativa e quantitativa das coleções
tendo em consideração o âmbito institucional e as necessidades
dos utilizadores, bem como avaliar conteúdos de acesso aber-
to e sua integração com as coleções tradicionalmente assinadas
pela biblioteca, e a reavaliação dos modelos de pagamento
pay-
-per-view
.
No âmbito da investigação e literacia:
•
Aceitar o desafio trazido pelo novo modelo de ensino-
-aprendizagem do ensino superior aliado a métodos de ensino
não formal, de aprendizagem ao longo da vida e em processos
de eLearning, bLearning e mobile Learning.
•
Apoiar a edição científica institucional (repositórios de aces-
so aberto divulgação de normas técnicas e direitos de autor).
•
Apoio à investigação (literacia da informação, bibliome-
tria, altmetria, repositórios e estudos de humanidades digitais).
A Altmetria é uma das tendências que é sublinhada em 2016
como complemento aos dados bibliométricos tradicionais dado
subjacente a esta liberalização era apoiar o ensino e a investigação ao serviço de um bem
comum maior – o desenvolvimento da Ciência.
2.
“Philonium…” de Valesco de Taranta. Data: 1526 Dimensões: Encadernação – A.18,5cm x L.13,5cm x E.
1 -As Bibliotecas minerais apareceram na região da mesopotâmia cerca de 5.000 a.C.
2 - O Gartner Group define
Big Data
como “high-volume, high-velocity and/or
high-variety information assets that demand cost-effective, innovative forms of in-
formation processing that enable enhanced insight, decision making, and process
automation” In:
http://www.gartner.com/it-glossary/big-data/.
Segundo a Forrester, o mercado de
Big Data
crescerá 12.8% nos próximos cinco
anos, a um ritmo três vezes superior ao mercado global de IT, prevendo-se que
nos próximos cinco anos a indústria farmacêutica, de transportes e de produção
primária, terão a maior taxa de adoção de tecnologia de
Big Data
. In: http://
www.itchannel.pt/news/negocios/big-data-crescera-tres-vezes-mais-do-que-o--mercado-de-it