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partilhados, os países em desenvolvimento começam a ver a sua realidade alterada.
Esta é, simultaneamente, uma realidade dos países desenvolvidos.
A transição nutricional surge e com ela as alterações dos comportamentos e
atitudes alimentares da população. Como consequência directa, mas não imediata
de todo este processo, emergem as doenças crónicas, associadas a uma
modificação do perfil de saúde das pessoas – excesso de peso e obesidade na
população adulta, e também nas crianças e adolescentes. Este processo revela-nos
um variado espectro de padrões socioeconómicos e demográficos que produzem
rápidas mudanças na dieta, no comportamento alimentar e na actividade física nas
mais variadas regiões do globo.
Estas alterações têm consequências e impactos positivos e negativos não só a nível
dos próprios países, mas também, a nível do estado de saúde das populações.
Cabo Verde surge neste contexto por ser um país do continente africano que se
distingue de todos os outros PALOP’s pelos sinais mais fortes de transição
nutricional e em saúde que tem vindo a revelar; pela transição epidemiológica que
tem vindo a passar; pelo forte histórico que têm com os processos de emigração,
nomeadamente para países como os Estados Unidos da América (USA) e Portugal;
e por ser um ponto estratégico politicamente estável com fortes e variadas relações
externas. A Ilha do Fogo emerge em todo o arquipélago como a ilha mais rural de
todas mas também como a mais jovem. Se no meio urbano o processo de transição
nutricional é já visível em outros países, como será em Cabo Verde, mas num meio
urbano menor?
Este estudo teve como objectivos determinar o estado nutricional das crianças com
idades entre os 6 e os 14 anos, que frequentam o EBI nas zonas Urbanas de São
Filipe, Cova Figueira e Mosteiros, da Ilha do Fogo em Cabo Verde; e compreender
as percepções das alterações dos comportamentos e dos hábitos alimentares dos
encarregados de educação de crianças e adolescentes escolares destas mesmas
crianças e adolescentes.
Foram utilizadas duas componentes metodológicas distintas, mas que se
complementam: uma quantitativa – através da qual se realizou a avaliação dos
parâmetros antropométricos de 300 crianças e adolescentes, e foi aplicado um
recordatório sobre a sua ingestão alimentar nas últimas 24h; e uma outra qualitativa,
onde foram feitas entrevistas semi-estruturadas a 13 encarregados de educação
dessas mesmas crianças e adolescentes, para recolher as suas percepções de
como é que o desenvolvimento e a urbanização estão a influenciar os hábitos
alimentares nos seus agregados familiares.
Os resultados obtidos mostram que não há consenso nas respostas dadas pelos
encarregados de educação. O grupo de entrevistados divide-se em dois subgrupos
os que por um lado defendem de uma forma bastante forte os hábitos e os
comportamentos tradicionais, e os que já aceitam e vivem com as alterações
resultantes da influência dos processos de globalização e urbanização. Apesar de
estar ainda numa fase muito inicial da sua transição em saúde, e de ser um meio
pequeno e mais rural, a ilha do Fogo em Cabo Verde apresenta já alguns indícios
de que o processo está já instalado e que agora é uma questão de tempo até que