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SEIXAS, Gonçalo Rocha (2012)

Aedes Stegomyia aegypti

(Diptera

Culicidae) da Ilha da Madeira: origem geográfica e resistência aos

insecticidas, Dissertação de Mestrado em Parasitologia Médica, IHMT,

Lisboa.

Resumo

: Aedes (Stegomyia) aegypti

(Linnaeus, 1762) é o principal vector da febre

amarela e da dengue assim como um agente de incomodidade. Esta espécie

invasora está actualmente presente na ilha da Madeira (Portugal). Foi detectada

pela primeira vez em Outubro de 2005, mas a origem geográfica da população de

mosquitos é desconhecida. Apesar das medidas de controlo vectorial

implementadas na região,

Ae. aegypti

continua a expandir-se. Isto pode ser devido à

presença de resistência aos insecticidas aplicados no controlo vectorial desta

espécie. Assim, os objectivos deste estudo foram: (i) avaliar o nível de sensibilidade

da população de

Ae. aegypti

aos insecticidas; (ii) caracterizar possíveis mecanismos

de resistência envolvidos e; (iii) estabelecer a sua origem geográfica através do uso

de marcadores de ADN mitocondrial (COI e ND4).

De acordo com os resultados dos bioensaios da OMS,

Ae. aegypti

da ilha da

Madeira apresenta alta susceptibilidade ao malatião, com taxas de mortalidade das

fêmeas expostas de 99.0%. No entanto, a população mostrou um alto nível de

resistência ao DDT e permetrina, com valores de mortalidade de 29.4% e 33.3%,

respectivamente. Observou-se também uma marcada resistência à deltametrina,

com uma taxa de mortalidade de 65.2%. Os ensaios de garrafa do CDC com alfa-

cipermetrina e ciflutrina mostraram uma alta susceptibilidade de

Ae. aegypti

a estes

insecticidas, com taxas de mortalidade de 100%.

A sequenciação do gene do canal de sódio de

Ae. aegypti

, local alvo dos piretróides

e DDT, revelou a presença de apenas uma mutação associada à resistência,

V1016I (mutação

kdr

). A baixa frequência alélica (6%) desta mutação sugere que

outros mecanismos podem estar presentes na resistência a estes insecticidas.

Ambos os genes COI e ND4 apresentaram níveis baixos de variabilidade genética

consistente com a recente introdução de

Ae. aegypti

na ilha. Observou-se dois

haplótipos mitocondriais. A rede de haplótipos de ambos os genes sugere dois

cenários para o estabelecimento de

Ae. aegypti

na região: i) ocorreram pelo menos

duas introduções independentes correspondendo a cada haplótipo; ii) o

estabelecimento de ambos os haplótipos ocorreu simultaneamente, no mesmo

evento de colonização. Baseado na distribuição geográfica dos haplótipos e da

mutação

kdr

observada na ilha, assim como a população humana migrante da

Madeira, o Brasil e a Venezuela são os locais mais prováveis de origem da

população de

Ae. aegypti

local.

A frequência dos alelos

kdr

e análise filogeográfica suportam a hipótese de que a

resistência a insecticidas detectada na população da ilha da Madeira já existia na

população de

Ae. aegypti

que colonizou a região.