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malária têm vindo a ser publicados, embora muitos documentos existam apenas sob

a forma de relatórios técnicos (literatura cinzenta).

O presente estudo analisa a utilização dos resultados da investigação sobre malária

na tomada de decisão dos programas de controlo em Moçambique, no período de

1975 a 2010.

Para a realização desta análise procurou-se fazer um levantamento da produção

científica, através da identificação dos principais documentos formais e informais.

Ao

mesmo

tempo,

tentou-se

compreender

os

mecanismos

de

divulgação/disseminação dos resultados da investigação, as relações entre os

investigadores e os formuladores de políticas/decisores, bem como a origem do

financiamento para a investigação e a relevância das prioridades de pesquisa para

as necessidades de conhecimento do Programa Nacional de Controlo da Malária.

Recorrendo a uma abordagem do tipo qualitativo, o método seguido foi o estudo de

caso, através do qual se pretendeu conhecer em profundidade o fenómeno em

estudo, utilizando como técnica entrevistas semi-estruturadas aos actores-chave,

complementada pela revisão documental.

Embora seja um estudo baseado em dados qualitativos e, portanto, não possa ser

representativo de todos os investigadores e formuladores de políticas/decisores de

Moçambique, alguns aspectos emergiram dos discursos dos entrevistados,

nomeadamente opiniões contraditórias sobre as relações de diálogo e consenso

entre os grupos, sobre a influência das agências doadoras na definição de

prioridades, e sobre a aceitabilidade e reconhecimento da evidência científica

nacional pelos formuladores de políticas/decisores.

Os elementos que favorecem a comunicação entre ambas as partes para a tomada

de decisão incluem a criação de um espaço para o diálogo, a análise crítica do

problema com base em informações científicas relevantes, a análise comparativa e

a identificação de opções alternativas, a análise e construção de opções de

mudança, a melhoria dos mecanismos de transferência, divulgação e disseminação

dos resultados e a transmissão destes resultados através de uma linguagem

perceptível pelo receptor.

O objecto de pesquisa quanto à utilização da evidência pelos decisores é o da

actualização dos protocolos profilácticos e terapêuticos para a malária. Os primeiros

casos de malária resistente foram detectados em 1983 e, apesar de se terem

continuado a realizar estudos que evidenciavam a resistência à cloroquina – único

antimalárico utilizado na 1.ª linha de tratamento –, a substituição por SP

(sulfadoxina+pirimetamina)

+AQ (amodiaquina) só foi introduzida em 2002. No entanto, depois disso, em menos

de cinco anos houve três mudanças nas linhas terapêuticas.

Verificou-se, através da análise dos custos dos medicamentos antimaláricos, que o

factor financeiro pode ter tido influência sobre a dificuldade e os atrasos nas

decisões sobre mudanças das linhas terapêuticas.