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A n a i s d o I HM T

portante. Peltzer (1991) considera que o visual é anterior

a qualquer linguagem na história das comunicações e cita

como exemplo as pinturas rupestres feitas nas cavernas pré-

-históricas. Supõe-se, portanto, que as raízes da infografia

estejam na Pré-História, quando o homem das cavernas des-

cobriu o traço e a cor e expressou a sua cultura em suportes

de pedra. Essas primeiras manifestações possuem informa-

ção visual referente à realidade, ao quotidiano do homem e

dos ecossistemas de vida daquele período (CAIRO, 2005).

Alberto Cairo (2005) escreve, contudo, que tais manifes-

tações não devem ser consideradas a primeira tentativa de

comunicação visual, porque, infelizmente, não se sabe exata-

mente o que é que o homem das cavernas tentou comunicar

quando representava na parede, com desenhos estilizados, os

animais que caçava. Não se sabe nem se o homem daquela

época tinha a pretensão de comunicar algo (VALERO SAN-

CHO, 2001). Cairo (2005) defende que, provavelmente, a

primeira tentativa sistemática e comprovada de comunicação

visual aparece na Antiguidade com os mapas primitivos gra-

vados em couro.

Muitas das representações inseridas na história são info-

grafias, como, por exemplo, relatos da realidade vivida ou

anotações médicas e científicas, simplesmente não estão ca-

tegorizadas e analisadas como tal, são peças de informação

que nos ajudaram a compreender a evolução do mundo. Um

exemplo dessas peças de informação são os mapas que foram

sendo desenhados em paralelo com os Descobrimentos. Es-

ses registos geográficos e cartográficos ao longo da história

são representações visuais de informação.

No século XVII nasceu uma nova variedade de cartografia

chamada cartografia temática, que permitia a representação

quantitativa de dados (CAIRO, 2008). Sobre o mapa, era pos-

sível colocar informação estatística e relacioná-la com a sua

localização geográfica. Entre um dos exemplos mais conheci-

dos está o mapa da epidemia de cólera no bairro de Soho (Lon-

dres) (figura 1), desenhado pelo médico John Snow em 1854.

Este mapa representa as mortes provocadas pela doença re-

correndo a barras, e a localização dos poços e bombas de água

utilizando círculos.Omédico conseguiu, por este meio, traçar

um padrão de disseminação da doença e parar a epidemia.

Outras peças que nos ajudaram a compreender melhor o

mundo foram as ilustrações científicas. Alberto Cairo (2008)

considera que a ilustração científica nasce antes da enunciação

do método científico. Na Idade Média surgiram tratados sobre

a anatomia humana baseados na observação de Cláudio Gale-

no, cujos ensinamentos, durante o Renascimento, influencia-

ram, emmuitos casos, médicos de todo o mundo, numa altura

em que a dissecação do corpo humano era mais ou menos co-

mum, apesar da proibição da Igreja (CAIRO, 2008).

Nenhuma história sobre a visualização de informação estaria

completa se não se falasse de Leonardo daVinci, polímata que

combinou a sua curiosidade científica com a capacidade artís-

tica, deixando uma herança de representações visuais. Menos

famoso que Leonardo, mas também relevante para a história

da infografia, foi Andrea Vesalius, médico nascido em Bruxe-

las e autor do tratado de anatomia mais influente de todos

os tempos:

De humani corporis fabrica,

(figura 2), obra que foi

ilustrada (pelo menos em parte) pelo artista flamengo Jan Ste-

phen van Calcar e publicado em 1543 (CAIRO, 2008).

Os grandes médicos e cientistas da história tinham todos algo

em comum: foram pensadores visuais e usaram métodos de

visualização de informação, para explicações dirigidas ao pú-

blico, como nas suas notas pessoais durante as suas pesquisas.

1.2 Uso da infografia multimédia na saúde e na ciência

A infografia multimédia permite um envolvimento por par-

te do utilizador/leitor. É uma ferramenta intuitiva, simples

e objetiva e o conteúdo presente tem uma rentabilidade mais

elevada porque é partilhado no ciberespaço.

Se analisarmos como exemplo a infografia multimédia

"VIH: O vírus que apareceu em Kinshasa em 1920 e alastrou

Figura 2

Página de

De humani corpis fabrica