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Introdução

O Instituto de Higiene e MedicinaTropical (IHMT) da UNL

possui uma história de ensino e investigação que ultrapas-

sa os cem anos, sendo dos primeiros institutos de vocação

tropical na Europa. O surgimento dos seus Anais permitiu,

para além da publicação de dados de investigação, a inclusão

de relatórios sobre a saúde local, uma vez que cada colónia,

mais tarde denominada Província Ultramarina, ter diversos

centros de saúde e hospitais, com médicos responsáveis a

quem se exigia esse tipo de informação anual.

O objetivo principal deste trabalho de colheita de informa-

ção foi o de se procurar todas as publicações, sobretudo nos

Anais do IHMT, referentes à malária dos Países de Língua

Oficial Portuguesa, sendo o Brasil menos mencionado aqui,

uma vez que possui toda uma bibliografia própria, da qual

citamos como exemplo a Revista da Sociedade Brasileira de

Medicina Tropical e o facto de que o Brasil se tornou inde-

pendente muito antes dos restantes Palop (Angola, Cabo

Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe,

Timor Leste) todos localizados no continente africano ex-

cetoTimor, na Australásia. Em relação a Goa, Damão e Diu,

denominado Estado da India Portuguesa, um número menor

de publicações foi incluído.

O surgimento de um programa de investigação em malária,

no IHMT, coordenado por um dos autores, permitiu a cria-

ção de redes temáticas diversas, com o estabelecimento da

Rede de Investigação e Desenvolvimento na Saúde (RIDES)

com atenção especial à malária, com apoio da Comunidade

de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e que incluiu esta

Plataforma como um dos seus objetivos.

Como se poderá verificar na leitura destes textos históricos,

os programas de controlo da Malária, diversos e em fases

distintas de execução, têm maior ou menor sucesso localiza-

do e até focalizado a determinadas populações, dependendo

de parâmetros vários, como a demografia, ambiente, finan-

ciamentos e apoios externos.

A relevância maior destes documentos é o valor histórico

dos mesmos, quando se refere ao período colonial, mas em

nenhuma circunstância os autores efectuaram uma análise

critica aos conteúdos de cada publicação, uma vez que os

mesmos deveriam ter sido sujeitos a regras de publicação e

aceitação existentes na época.

Os conteúdos variam com o avançar dos tempos, sobretudo

com a independência das colónias (1975) data quase coinci-

dente com o enorme avanço da aplicação de técnicas de bio-

logia molecular às doenças infeciosas, sobretudo na identifi-

cação dos plasmódios causadores da malária e da diversidade

parasitária ou na identificação dos mosquitos vetores.

Muitas das mais recentes publicações incluem nomes de jo-

vens investigadores dos Palop, apoiados seja pelo CMDT/

IHMT seja pela própria RIDES Malária.

As primeiras publicações referem-se a datas de origem dis-

tintas, mais concretamente, as primeiras sobre Moçambique

são de 1910, de CaboVerde e da Guiné – Bissau são de 1947,

de Angola de 1952, deTimor de 1958, de Portugal de 1920,

do Brasil de 1908. Das ex-colónias, na India portuguesa, e de

Macau (integrado na China) de 1952.

Artigos diversos como a "História do Paludismo" (Amado,

1940), a "Contribuição para o Tratamento do Paludismo

Agudo" (Faria, 1945), com um "tratamento baseado em in-

jeções intravenosas de 10 cc. de água bidestilada, esteriliza-

da…", "Modernos Processos de Combate ao Sezonismo"

(Cambournac, 1948) são exemplos de matéria cientifica

geral, de utilização geral. Algumas publicações estão asso-

ciadas a conferências especializadas. Em 1910, a publicação

sobre "Prophylaxia antipalustre" é apresentada por J.O.

Serrão e Azevedo (Azevedo, 1910) em formato descritivo

e baseado em relatório dos Serviços de Saúde, redigido em

1907, sobretudo para a cidade de Lourenço Marques, capital

de Moçambique.

De uma missão Portuguesa a CaboVerde, surgiu uma publi-

cação denominada "Observações sobre sezonismo nas Ilhas

do Sal, BoaVista e S. Nicolau (de Meira

et

al., 1947) referin-

do também aos trabalhos anteriores de Cruz Ferreira, sendo

sobretudo uma publicação sobre Culicídeos. O mesmo se

verifica comAngola, descrito por Colaço em 1952 (Colaço,

1952).

"Observação sobre a incidência do sezonismo na Guiné

Portuguesa", hoje Guiné-Bissau, (Fraga de Azevedo,

et

al.,

1947) dá uma excelente descrição sobre os plasmódios iden-

tificados, com um mapa da respetiva localização.

O "Subsidio para o Conhecimento da Endemia Malárica em

S.Tomé e Príncipe" descreve índices esplénicos e plasmódios

naquelas ilhas (Cambournac, 1955). Sobre Timor, (Fraga de

Azevedo

et

al. 1958) descreve uma missão de estudos sobre a

malária endémica naquela ilha, ilustrada com fotos da época.

Uma publicação de caráter geral, "Anofelineos de Portugal e

Colónias" (Sant´Anna, 1920) apresenta-se como um ensaio

para suporte à resolução do problema do sezonismo, e é re-

digido em Moçambique. Sobre profilaxia da malária ou an-

tipalustre, em Moçambique, José Azevedo (Azevedo, 1910)

inclui esta informação no seu relatório anual. Luis Brás de

Sá (Sá, 1952) refere o combate ao sezonismo na velha cida-

de de Goa, com uma descrição da população e habitações,

e sobretudo, os criadouros encontrados. O Estado da India

Portuguesa foi eventualmente anexado pela India na década

de 60. FernandoTomaz Gonçalves (Gonçalves, 1952), escre-

ve algumas notas sobre o Paludismo na Província de Macau

(cidade de Macau e Ilhas daTaipa e Coloane).

O Brasil possui enorme gama de Revistas da especialidade,

dedicadas à Medicina Tropical e a primeira publicação deste

espólio, (Pinotti

et

al, 1947) refere a malária no Sul do País,

mas em 1908 existe já descrição dos Culicídeos do Brasil

(Peryassú, 1908) apresentado como trabalho do Instituto de

Manguinhos, mais conhecido por Fiocruz.

A maior parte dos artigos são dos médicos do período co-

lonial obrigados a relatórios ou trabalho cientifico de rele-

Nota de Investigação