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A n a i s d o I HM T

combate às tripanossomíases, como o Hospital do Zóbuè,

projectado na década de 1940, e a sede da Missão de Com-

bate às Tripanossomíases (actualmente Instituto Superior

de Ciências de Saúde do Maputo), da década seguinte, lo-

calizada em Lourenço Marques [37].

De todas estas estruturas hospitalares, sobressai um claro

esforço na implementação de cuidados materno-infantis (o

número de 500 unidade previstas da maternidade projectada

pelo GUC confirma-o) e no combate às tripanossomíases,

atestando as insuficiências que essas duas áreas então ainda

verificavam, e a importância que tinham para o desenvol-

vimento da província ancorada na assistência médica que se

desejava, de excelência.

A esmagadora maioria das estruturas apresentadas na expo-

sição encontra-se ainda hoje em funcionamento.

À guisa de conclusão…

A realização do 1º Congresso Nacional de Medicina Tro-

pical, em Lisboa, em 1952, constituiu-se como um mo-

mento marcante para a história da medicina tropical por-

tuguesa, mostrando ao mundo o biopoder da comunidade

médica portuguesa e das suas instituições de ensino, de

investigação e de clínica. A medicina tropical, utilizada

como baluarte do império colonial no contexto europeu

na interface das agendas política e científica, projectaria

um conjunto de acontecimentos futuros que consolida-

ria a área disciplinar, ao mesmo tempo que valorizaria o

seu património com 111 anos de história. Dos mais em-

blemáticos para a construção de uma história disciplinar

e institucional salientam-se o lançamento da 1ª pedra da

construção do novo edifício da instituição, em 1952; o

acolhimento de um congresso internacional de medicina

tropical e malária no ano de inauguração das novas insta-

lações, em 1958, e …a realização do 2º Congresso Nacio-

nal de Medicina Tropical, em 2013.

A realização deste congresso incluiu não só um programa

científico e social como também um espaço expositivo, ca-

paz de mostrar ao mundo que também no domínio da medi-

cina tropical “Portugal não era um país pequeno”. Em 1952,

o Instituto de Medicina Tropical tinha imperativa necessidade

de convencer o Estado português da exiguidade das suas ins-

talações de ensino e investigação, pelo interesse que o treino

especializado em medicina tropical despertava cada vez mais

no espaço ultramarino, no contexto da ideologia do Estado

Novo. Não poderia assim faltar o gesto simbólico que apoiaria

a construção das novas instalações do Instituto: a colocação da

primeira pedra, inserida no programa do Congresso, que seria

inaugurado em 1958.

A essa inauguração se associou a realização do VI Con-

gresso Internacional de Medicina Tropical e Malária,

promovendo assim o alinhamento do Instituto na agenda

científica internacional, à semelhança do que acontece-

ra no passado. Ficava assim consagrada a importância da

medicina tropical portuguesa, tanto no espaço nacional

como internacional, ao mesmo tempo que projectaria o

desenvolvimento da medicina tropical e da cooperação

internacional pelo Instituto de Higiene e Medicina Tro-

pical (criado por Decreto-Lei n.º 372/72 de 2 de Outu-

bro), que em 2013 realizou o 2º Congresso Nacional de

Medicina Tropical, em memória do congresso de 1952,

contemplando também a história da medicina tropical, do

qual este trabalho é exemplo.

Fig. 8 -

O Presidente da República sela a primeira pedra para as novas

instalações do Instituto de Medicina Tropical (Álbum fotográfico da

exposição, Museu IHMT).