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FIGUEIREDO, Jacinta Chaves (2008) Contribuição para o estudo da
epidemiologia e morbilidade da Schistosomose Vesical na população
adulta de Angola. Províncias de Luanda, Bengo e Kwanza Sul,
Dissertação de Mestrado em Parasitologia Médica, IHMT, Lisboa.
Resumo:
A schistosomose urinária, causada por
Schistosoma haematobium
, é uma
parasitose endémica em Angola e responsável por lesões graves, por vezes
irreversíveis, sobretudo a nível do aparelho urogenital. Atendendo à frequência e
gravidade da patologia, e a sua ocorrência em idades mais jovens, o presente
estudo teve como objectivos avaliar a prevalência e morbilidade da infecção em
adultos, e os potencias factores de risco da transmissão. Em colaboração com o
Ministério da Saúde de Angola, realizámos um estudo piloto nas províncias de
Luanda, Bengo e Kwanza Sul, entre Novembro de 2007 a Fevereiro de 2008, numa
amostra aleatória de 300 indivíduos com idades entre os 15 e os 75 anos, (média de
idades
X
= 30,6 anos).
A prevalência de
S. haematobium
, determinada pelo método de filtração da urina, foi
de 71,7% (215/300). A infecção foi predominante no sexo feminino (56,3%), nos
indivíduos com idades entre os 15 e 24 anos (32%) e na província de Luanda (33%).
A maioria apresentava uma carga parasitária moderada (média
X
=36,8 ovos/10 ml
de urina), não havendo diferenças significativas entre as três províncias (Kruskal-
Wallis,
P
=0,834).
A disúria foi o sinal clínico mais frequentemente referido pelos indivíduos (91,2%),
seguida pela hipogastralgia e hematúria macroscópica (88,7% e 87,1%)
respectivamente. Estes sintomas estavam significativamente associados à infecção
(χ2,
P
=0.000). Os exames ecográficos e cistoscópicos demonstraram alterações
urológicas nos 29 pacientes (100%) observados.
Nos exames coprológicos (Kato-Katz e Telemann-Lima), a prevalência de helmintas
intestinais foi de 67,3% (76/113), a maioria em co-infecção com
S. haematobium
. Na
transmissão da schistosomose, a água, natural ou armazenada em tanques, era o
principal factor de risco de infecção (OR=2,28 a 1,8).
As deficientes condições de saneamento básico, estão entre os principais factores
responsáveis pela ocorrência simultânea de schistosomose e helmintoses
intestinais. Considerando a prevalência de
S. haematobium
em Angola, a ocorrência
de cancro da bexiga associado à schistosomose vesical, os resultados agora
obtidos e o facto das campanhas de controlo da parasitose terem sido interrompidas
durante longos períodos, concluímos que há necessidade de se estenderem os
estudos sobre schistosomose vesical não só à população infantil/juvenil de outras
regiões, mas também à população adulta em geral.