A comparação dos resultados por nós obtidos com os relatados em publicações
anteriores leva-nos a concluir que nos últimos anos tem ocorrido uma diminuição
dos helmintas intestinais. Este facto, de acordo com os nossos dados, estará
relacionado com uma melhoria das condições socioeconómicas das populações,
uma rede de infra-estruturas de saneamento básico abrangente em parceria com os
projectos desenvolvidos pelos Centros de Saúde, no âmbito da Saúde Escolar.
LOPES, Sérgio (2011) Agentes de saúde comunitária: Formar ou
reformar? – Estudo longintudinal de avaliação do impacto da
formação no desempenho dos agentes da Saúde Comunitária na
região sanitária de Bolama, Guiné-Bissau, Dissertação de Mestrado
em Saúde e Desenvolvimento, IHMT, Lisboa.
Resumo:
A escassez de recursos humanos da saúde é um problema que afecta
especialmente os países em desenvolvimento que recorrem frequentemente a
programas baseados no trabalho de Agentes de Saúde Comunitária (ASC). Os ASC
são pessoas escolhidas dentro das suas comunidades que são treinadas para dar
resposta a pequenas enfermidades. Na Guiné-Bissau, as doenças diarreicas na
infância são um dos principais problemas de saúde, tendo os ASC um papel
fundamental no diagnóstico e tratamento destas doenças nas zonas mais rurais
como a Região Sanitária de Bolama (RSB).
O presente estudo focou-se especificamente numa população de ASC da RSB,
tendo participado 22 dos 28 ASC existentes na Região. Pretendia-se perceber qual
o impacto que a formação realizada sobre doenças diarreicas tinha sobre a
efectividade do diagnóstico e tratamento deste tipo de doenças realizado pelos ASC
em crianças com menos de 5 anos. Para isso, realizou-se um estudo longitudinal
tendo sido efectuadas três avaliações em três momentos distintos – uma avaliação
antes da realização de uma formação sobre doenças diarreicas, uma avaliação um
mês após a formação e uma última avaliação 3 meses após a formação.
Foi aplicada uma grelha de observação da consulta do ASC sempre que havia uma
suspeita de uma criança com diarreia, em que se avaliou quais os
Sinais e
Sintomas,
o
Diagnóstico
e os
Tratamentos
identificados pelo ASC. Uma grelha igual
foi entregue ao médico, que funcionou como padrão de verificação externo. Foi
aplicado ainda um questionário de identificação de características sócio-
demográficas dos ASC em estudo.
Os dados recolhidos foram alvo de tratamento estatístico, tendo sido aplicada a
análise de Variância de Friedman e o teste Q-Cochran para comparação dos
sucessos obtidos pelos ASC na identificação de itens, nos diferentes momentos de
avaliação. Foi ainda aplicado um modelo de regressão logística para averiguar a
possível influência de algumas características sócio-demográficas dos ASC sobre a
efectividade do diagnóstico.