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Concelho, e incluíram habitats domésticos, peridomésticos e silváticos. Os

exemplares capturados foram identificados morfologicamente, as fêmeas utilizadas

para detecção molecular de DNA de

Leishmania

e identificação das refeições

sanguíneas. Análises de regressão simples e múltipla foram utilizadas para

avaliação dos factores de risco para a presença das várias espécies flebotomínicas.

Testes não paramétricos foram usados para comparar densidades.

Dos 1262 flebótomos capturados, quatro espécies foram assinaladas com as

seguintes abundâncias relativas:

P. perniciosus

73,69%,

P. ariasi

8,16%,

P. sergenti

6,58% e

Sergentomyia minuta

11,57%. Em 82% das localidades prospectadas foi

detectada pelo menos uma espécie flebotomínica e em 71,4% destas foi capturada

pelo menos uma das espécies comprovadamente vectoras de

L. infantum

.

P.

perniciosus

foi assinalado em todas as 17 freguesias do Concelho.

Os factores de risco identificados foram: temperaturas elevadas e humidades

relativas baixas, locais abrigados e ausência de vento forte, presença de pinheiros

como vegetação dominante, biótopos peridomésticos, particularmente currais de

ovelhas e coelheiras, ou na proximidade de ovelhas, aves de capoeira e ninhos com

andorinhas.

A taxa de infecção flebotomínica por

L. infantum

foi de 4% para

P. ariasi

e de 0,32%

para o total de fêmeas capturadas.

A maioria das fêmeas para as quais se identificou a origem da refeição sanguínea

pertencia a

P. perniciosus

. Esta espécie apresentou um comportamento oportunista,

alimentando-se numa grande variedade de hospedeiros vertebrados.

A elevada abundância e distribuição das espécies vectoras, juntamente com a

seroprevalência de

Leishmania

nos cães do Distrito (5-10%), e a captura de uma

fêmea grávida de

P. ariasi

(infectante), sugerem que o Concelho de Torres Novas é

um foco de leishmaniose no país.

A maior abundância relativa de

P. sergenti

, comparando com prospecções

realizadas noutras áreas da região Centro de Portugal, sugere que este potencial

vector esteja a expandir-se para latitudes mais elevadas, aumentando o risco de

introdução de

L. tropica

no território, por contacto com imigrantes ou viajantes

infectados de áreas endémicas.

A monitorização flebotomínica, e dos hospedeiros vertebrados, deverá ser

continuada no Concelho para que medidas eficazes de controlo possam ser

definidas e implementadas.

CABRAL, Henrique Mendes (2011) Impacto da ecografia de bolso no

diagnóstico e gestão terapêutica em zonas remotas, Dissertação de

Mestrado em Saúde Tropical, IHMT, Lisboa.

Resumo:

Nos países em desenvolvimento, particularmente nas zonas remotas, os

exames médicos imagiológicos são quase inexistentes devido ao elevado custo de

aquisição e manutenção. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera