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S7

A n a i s d o I HM T

Planeamento em saúde:

da investigação à decisão política, na Europa, nas Américas e em África

Health planning in Europe,Africa and America: from research to political decision

Este número dos Anais é dedicado ao tema do planeamento em

saúde, que motivou a realização de um Seminário, no IHMT, em

novembro de 2016.

A necessidade de aprofundamento do tema é sentida quer no

ambiente académico, quer no meio político e técnico, sendo

analisadas e comparadas experiências de planeamento da saúde

em diferentes contextos políticos, económicos e sociais. Esta

é uma área que tem seguido percursos diversos em diferentes

continentes e países, em alguns casos influenciados pela publica-

ção de importantes documentos de organizações internacionais,

em especial da Organização Mundial da Saúde.

Em Portugal, “Saúde, um Compromisso”, publicado no final

da década de noventa do século vinte, e os Planos Nacionais de

Saúde 2004/2010 e 2011/2016 constituíram importantes do-

cumentos, mas sem clara fixação prévia ao nível das políticas de

saúde e sem continuidade significativa. Em todos os países lusó-

fonos existem experiências muito relevantes de planeamento no

sector da saúde. Estas serão contrastadas com outras do Brasil,

Canadá, Espanha e Reino Unido.

Nigel Crisp dá-nos uma perspetiva global do tema que pode

englobar um amplo conjunto de diferentes atividades, desde o

planeamento estratégico de longo prazo de um sistema de saúde

ao desenvolvimento, a curto prazo, de um serviço, ou desde o

planeamento de recursos humanos e financeiros ao planeamen-

to de intervenções que correspondam às necessidades das po-

pulações.Tal como demonstram os dois exemplos apresentados

nesse artigo, o planeamento pode ser executado de várias for-

mas.Todas as metodologias têm as suas fraquezas e, na realidade,

a maior parte das mudanças e melhorias na saúde resultam da

ação política, da liderança clínica e de outros empreendedores,

numa aprendizagem baseada na experiência prática e da cuida-

dosa aplicação da ciência.

Alberto Infante traz-nos a experiência de Espanha que tem uma

organização quase federal e, consequentemente, as competên-

cias na saúde são profundamente descentralizadas com meca-

nismos de coordenação relativamente débeis. Não há, portanto,

um único plano de saúde espanhol,mas sim 17 planos regionais,

mas Espanha apresenta sistemas de informação de saúde bem

desenvolvidos e fiáveis. A recente crise económica alterou esta

imagem, com oMinistério das Finanças entrando decisivamente

no planeamento da saúde, guiado unicamente por considerações

de ordem financeira.

O planeamento em saúde na Alemanha é analisado por Jens

Holst num artigo onde nos é explicada a estrutura do sistema da

saúde. Descentralização, subsidiariedade e auto-governo cons-

tituem os princípios fundamentais deste sistema baseado em

seguros sociais obrigatórios. Na Alemanha, o governo define o

quadro legal, mas a direção operativa do sistema e a concretiza-

ção da regulação ficam a cargo de entidades de auto-governo. O

artigo conclui que, se por um lado, estas entidades asseguram

um alto nível de participação e legitimidade, por outro lado é

dificultada a implementação de políticas baseadas na evidência

que estejam de acordo com as prioridades nacionais.

Fernando Cupertino aborda o processo e os instrumentos exis-

tentes para o planeamento em saúde no Brasil no âmbito do

Sistema Único de Saúde. Discorre sobre as competências dos

An Inst Hig MedTrop 2017; 16 (Supl. 1):S7-S8

Jorge Simões

Centro Colaborador da OMS para Políticas e Planeamento da Força deTrabalho

em Saúde, GHTM, IHMT, Universidade Nova de Lisboa, Portugal.

Editorial

Convidado