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A n a i s d o I HM T

desenhados para detetar alterações relacionadas com

a malária, os diagramas de dispersão por eles gerados

podem apresentar alterações decorrentes da infeção

por

Plasmodium

[15]. No entanto, o seu desempenho no

diagnóstico de malária é variável, consoante a espécie

em causa, o nível de parasitémia, a imunidade do doen-

te e o seu contexto clínico [15].

O contador hematológico atualmente em uso nosso la-

boratório é o ADVIA 2120® (Siemens®), no qual fo-

ram realizados os hemogramas da doente apresentada

neste caso clínico. O equipamento ADVIA 2120® (Sie-

mens®) integra, na sua estrutura, um canal de peroxi-

dase, onde circula um reagente que gera peróxido de

hidrogénio. Nas células onde existe peroxidase, o peró-

xido de hidrogénio é decomposto, ocorrendo oxidação

do agente cromogéneo 4-cloro-1-naftol [26]. Forma-se

assim um precipitado escuro, nos grânulos intracelula-

res. A acumulação desse precipitado é abundante nos

eosinófilos e neutrófilos, escassa em monócitos, e au-

sente em linfócitos e basófilos [26]. Além das células

normais, o canal de peroxidase também permite a de-

tação de células de maiores dimensões, negativas para a

peroxidase, que identifica como de

large unstainded cells

(LUC)

[26]

.

Nos doentes com malária, a presença de LUC, corres-

ponde, regra geral, a linfócitos ativados na sequência

da resposta imunológica contra a infeção [15]. O 2º he-

mograma desta doente realizado no SU revelou 8% de

LUC. Foi esta alteração encontrada no hemograma que

motivou a observação do ESP, para contagem diferen-

cial leucocitária. Foram, então, observadas diferentes

formas do ciclo de vida

P. malariae

. Uma vez estabele-

cido o diagnóstico de malária e instituída a terapêutica

adequada, devem ser realizados ESP em série, de

modo a monitorizar a resposta parasitológica à terapêu-

tica e garantir a resolução da infeção [27].

Doentes com malária não-complicada por

P. vivax

,

P.

ovale

ou

P. malariae

, na ausência de outras comorbida-

des, podem ser seguidos em regime ambulatório [17].

A terapêutica preconizada pela OMS consiste em tera-

pêutica combinada com artemisinina (ACT), uma vez

que a curta sem-vida curta exige a associação com ou-

tro antipalúdico [27, 28]. Esta combinação permite um

regime terapêutico de três dias. Contudo, as artemisi-

ninas não se encontram disponíveis em toda a Europa,

enfrentando vários obstáculos à sua implementação na

prática clínica [12]. O mesmo acontece em Portugal,

onde as artemisininas não se encontram imediatamen-

te acessíveis, embora possam ser solicitadas mediante

autorização institucional [12]. Deste modo, continua a

administrar-se outros agentes disponíveis como a asso-

ciação atovaquona-proguanil (prescrita a esta doente)

[27]. Importa referir que a terapêutica anti-malárica

pode alterar o aspeto morfológico das formas parasitá-

rias e eventualmente comprometer a sua identificação

em ESP, quer no momento do diagnóstico inicial (caso

tenha sido instituída terapêutica empírica prévia), quer

durante a monitorização de resposta a terapêutica insti-

tuída após o diagnóstico [27].

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